sábado, 31 de março de 2007

o politicamente correcto

Já tínhamos chegado à conclusão de que a democracia não era o sistema perfeito (o programa “Grandes Portugueses” confirmou-o mais uma vez). Mas agora, pelo menos para os mais distraídos, ela brinda-nos com mais um obstáculo – o politicamente correcto. E ele está por todo o lado; na política, mas tambem nas amizades (incluindo as coloridas), no casamento, no bar de todos os dias, num sem fim de situações. Tudo na defesa da imagem e do parecer.

Que raio!!! Já ninguém é capaz de exprimir uma opinião sem rodeios e sem a preocupação besta de ter de agradar ao outro? Fica o aviso: as meias verdades aleijam muito, e as más interpretações são um óptimo rastilho. Habituámo-nos aos rodeios, às falinhas mansas e ao deixa andar. Fazemos meias amizades e arranjamos companhia que nos enche a cinquenta por cento. Procuramos os outros cinquenta num balcão de bar, num canto distraído de uma discoteca, no quiosque de todos os dias ou mesmo num portageiro da auto-estrada. E tudo isto para quê? Por um Outlook com 100 mails diários, por um telemóvel a abarrotar de números ou por um shot com a malta toda?

Vale a pena?...

7 comentários:

Anónimo disse...

Bem… politicamente correcto… Hm… que poderei dizer acerca deste tema, tantas vezes abordado… sinceramente, na minha opinião não passa de uma “certa” hipocrisia disfarçada. Não é óptimo podermos dizer tudo o queremos, quando e onde queremos sem termos de nos preocupar com o que os outros vão pensar ou dizer de nós? Ou se vão gostar menos de nós por dizermos o que pensamos? Acho q ninguém nos poderá recriminar por dizer a verdade, e se o fizerem é porque gostariam de ter a mesma coragem. Acho q a dificuldade de mostrarmos o que somos e muito mais pequena do que termos de estar a falsificar um “novo eu” só para não ter de chatear ou aborrecer alguém, ao menos no final da historia temos certeza que as pessoas que estão ao nosso lado, estão ali por nós, com tudo o que há de bom e de mau, mas claro, esta é só a minha humilde opinião.

Anónimo disse...

Miranda és o MAIOR!
Like soul mates!

Anónimo disse...

É preciso ver uma coisa. Há uma fronteira muito ténue entre a sinceridade (e essa liberdade de comportamento) e a falta de educação. Ser o que realmente somos não tem necessariamente a ver com dizermos tudo o que pensamos sem pensar. Pode-se eventualmente cair no campo da estupidez.
Nem tanto ao mar nem tanto à terra. Temos de saber viver em comunidade.
(Isto é apenas uma pequena nota, porque de resto estou totalmente com Granel, o Sam The Kid do Clube dos Pinguins)

Rui Vieira disse...

O politicamente correcto, como a própria expressão implica, deve ser usado por quem tem responsabilidades colectivas.
Quando falamos no seio do Clube devemos ser frontais e não temer a crítica. Claro, como seres conscientes, devemos estar preparados para defender as nossas convicções e respeitar as dos outros.
Dirijo este comentário para o seio do Clube por julgar ser esse o objectivo do Post.

GRaNel disse...

É um post em jeito de desabafo e dirigido a todos sem excepção. E com isto não quero dizer que todos nos revamos neste esteriótipo e sigamos esta conduta. Mas é sempre bom relembrar...

Anónimo disse...

Por acaso não achei que fosse esse o intuito do post, pareceu-me mais generalizado. Acho que nesse aspecto sempre fomos livres de dizer o que quisemos, no Clube, quem não foi... AZAR!

Marta Araújo disse...

Parece-me um falso moralismo quando se diz que o politicamente correcto "não passa de uma certa hipocrisia disfarçada". Ser politicamente correcto, em certas áreas da vida, e do meu ponto de vista - que vale o que vale -, significa o mesmo que cumprir o protocolo. E temos, inevitavelmente, de o fazer, por exemplo, em certas situações naquela que é a nossa profissão ou em certas ocasiões da "vida social", especialmente em determinadas cerimónias. Parece-me, muito sinceramente, que é inevitável.

Agora ser politicamente correcto nas amizades (sejam elas coloridas ou não), nos sítios que frequentamos quando estamos em lazer ou mesmo com a família, parece-me que não faz qualquer sentido. É que literalmente parece-me que não há necessidade. E respondendo à pergunta do Granel, claro que não vale a pena.

É que, e na minha opinião, ao cumprirmos protocolo nestas situações só podemos estar, e precisamente como dizes, a 50%. E é ao estar a metade neste contexto que se abre caminho ás tais meias verdades, às interpretações erradas e aos mal entendidos.

Afinal, parece-me que é precisamente no nosso núcleo de amigos, e com aqueles que nos conseguem fazer estar o nosso verdadeiro "eu" activo, que podemos dizer qual o partido que temos, se somos ou não racistas e elitistas, de quem simpatizamos ou de quem não gostamos nada, isto sem fazer grande filtragem na informação. Tem é que se passar a informação de uma forma clara. E quem gosta muito bem, quem não gosta tem sempre a porta da saída aberta. Os amigos, a família e os momentos de lazer servem para tirarmos, o mais possível, as máscaras que nos foram incutidas a usar.