quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012


Quem te porá como fruto nas árvores – De Ruy Belo


Difícil este post, difícil por estarmos a falar de algo tão subjectivo, como arte.
Pegando na velha máxima, cada cabeça sua sentença, vou fazer um post através da visão que eu tive desta peça.
Assim sendo, sentado no escuro do teatro, vou narrar o que vejo da peça.
A cortina abre...

Como numa galeria vemos os quadros, esses quadros transmitem sensações, historias, desabafos, vida, ou morte.
E nesta peça vi isso tudo, tal como as pinceladas de um pintor, foi-me mostrado uma narrativa poética de um senhor já no seu final de vida a relembrar tudo o que tinha vivido, a relembrar as suas sensações, as suas historias, os seus desabafos, a sua vida.... e o chegar da morte.

Através de um conjunto de poemas ele fala-nos das coisas que viveu, mas não pensem que estava lá apenas uma única pessoa, não estavam lá 4 actores pois, e tal como disse Constança Carvalho Homem (dramaturgia e assistência de encenação) “Era-me pedido um percurso para quatro actores, dois homens e duas mulheres, preferencialmente organizado em núcleos de sentido, polinizador o bastante para que dele se erguessem outras paisagens”.

Mas neste quadro poético teatral existe nestas quatro personagens que são um só  humildade e a simplicidade de um ser humano, segundo a ASSÉDIO – Associação de Ideias Obscuras “Optámos por uma espécie de despojamento: o vídeo e plano fixo, como uma fotografia dilatada no tempo, os pés descalços e a simplicidade de recursos levados à cena foram o modo como pensamos poder respirar a grandeza de Ruy Belo, usufruir e transmitir os sentimentos imensos das palavras”

Assim com a obra de Ruy Belo que nos é transmitida nesta peça, senti-me pequeno e ficamos a pensar na simplicidade que e a vida pois:“São tão humanas algumas árvores são mais humanas que se fossem humanas e os seus ramos têm coisas de mão”- Ruy Belo

Para terminar a ficha técnica e neles um Pinguim:

Dramaturgia e assistência de encenação- Constança Carvalho Homem
Espaço técnico e figurinos – Sissa Afonso
Desenho de luz – Nuno Meira
Sonoplastia – Francisco Leal
Vídeo – Alberto Plácido
Interpretação – João Cardoso – Raquel Rosmaninhos – Rosa Quiroga – Rui Spranger (pinguim)
Coprodução – ASSÉDIO
 local - Teatro Carlos Alberto

http://tv.up.pt/videos/C6E9yB97

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

"Como água para chocolate"

Na sessão do dia 2 de Fevereiro, a nossa amiga pinguina Olga, levou-nos ao cinema da nossa cave (porque também já a adoptei!). Começou por apresentar o filme, baseado no romance da escritora mexicana Laura Esquível, "como água para chocolate", adaptado para cinema pelo seu próprio marido Alfonso Arau.

O tema inspirava logo, principalmente para quem gosta de chocolate como eu!
Contudo, mais do que o chocolate em si, que aparece uma vez como ingrediente, é a forma como é preparado, em água a ferver.

Como a água para o chocolate é o ponto de ebulição que lembra um momento, um estado de prazer afrodisíaco, o extase.

No género de obra latino-americana que lembra as fantasias, por exemplo de Isabel Allende na Casa dos Espíritos, o contexto histórico das guerras civis entre extremas direita e esquerda, as histórias que rodam à volta de famílias tradicionalistas, conservadoras, campestres, quase isoladas e o papel da mulher na sociedade de então, são ingredientes fundamentais para marinar uma boa história recheada de contradições e paixões.

Descreveria esta obra pelo simbolismo que carrega. A paixão de Tita e Pedro é o fósforo de todo o enredo, que consome cada personagem e no fim se consome a si própria.

Começa com a narradora da história, sobrinha de Tita, na cozinha a cortar uma cebola. Porquê uma cebola? Acho que é por fazer chorar! O mesmo choro das lágrimas de Tita que, ao nascer em cima da mesa da cozinha, se transformou em sal!
Outro ingrediente que parecia fundamental era o destino. A ordem pré-estabelecida e a tradição da filha mais nova não se casar para poder cuidar da mãe até à morte.
Cingida às lides domésticas, é na cozinha que Tita se expressa, reage a este destino. O sentimento e as emoções combinam com os ingredientes mais curiosos como pétalas de rosa, enfeitiçando todos os que saboreavam as iguarias. Transformando a mãe, frigida com o tempo (vítima do mesmo peso de filha mais nova), libertando o padre das amarras de castidade, despertando a paixão de uma das irmãs de Tita por um soldado revolucionário em fuga, montados num cavalo, ela nua agarrada a ele.

Lembro-me de outro símbolo curioso, o da manta que Tita ia costurando à medida de cada contrariedade.

No fim discutiam-se as escolhas de produção e estilos de representação do elenco. A "beleza" da actriz Lumi Cavazos também não foi indiferente fazendo-nos recordar a imagem das mulheres antigas, latinas e de rosto sereno.

Com este filme recordamos também as nossas memórias da cozinha antiga, do lar todo em pedra, espaço de estar, de cozinhar, preparar e comer.

Foi um excelente serão que me despertou para a leitura deste livro! Obrigada Olga por este momento bem passado!




sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

So You Think You Can Dance


Humm. Será que sabes dançar?
Mas será que sabes mesmo dançar?
Mas tens a certeza que sabes dançar?
Pronto, já te viste a dançar? Humm... e ainda dizes tu que sabes dançar?
Ok não sabes dançar, isto é dançar...


Agora que já viste o que é dançar, posso continuar a escrever este Post.
Com um sapateado clubista pinguinzado, a Xanoca fez o favor de nos mostrar o que é dançar, não não foi ela que saltou para cima da mesa e desatou a fazer um ballet moderno, apenas foi mostrando, o que é dançar através de um programa de televisão de seu nome So You Think You Can Dance.

Programa este do qual ela é fã. Mas fica a dúvida, ela é fâ da dança ou do programa? Humm deixo a apresentadora do programa responder a esta pergunta…
Mas custa escrever este post. Pois as imagens valem mais do que as minhas palavras, e que imagens, assim sendo… vejam lá isto e perguntem-se se sabem mesmo dançar.


E mais nada...

Esperem... aqui vai um resumo deste programa que anda a dar na Fox Life.

‘So You Think You Can Dance’ é um fenómeno de entretenimento que deu e trouxe ao mundo da televisão um novo ritmo e um novo beat. Este reality é um concurso que dança individual que elege de entre doze concorrentes aquele que melhor se adapta a todos os estilos de música e, principalmente, de dança, cativando o público com a criatividade que transpõem nos movimentos rítmicos.

Habilidade, presença em palco, confiança, ética, paixão e sorte são os ingredientes essenciais para tornar qualquer um vencedor. No entanto, o ‘So You Think You Can Dance’ não é apenas um concurso, tem uma forte componente ao nível da partilha de histórias e experiências de vida.

Todas as semanas cada concorrente tem de dançar com um parceiro diferente e ao som de diferentes estilos de música (salsa, hip-hop, ballet, jazz, …), de maneira a conseguir mostrar uma maior versatilidade e provar que é o melhor dançarino.

Depois de submetidos a uma avaliação criteriosa feita por um conceituado painel de jurados, os dois pares que os espectadores – americanos – acharam que tiveram as piores prestações são eliminados, a cada semana, até restarem apenas quatro. No final, apenas um par irá ser galardoado como vencedor e receber o grande prémio.





Simplesmente o filme Le Dîner de Cons ( Jantar de idiotas), trazido à cave do clube pela mão da Mónica, é um clássico da comédia, comandada por um grupo de actores que tinham por hábito trabalhar conjuntamente em várias longas-metragens e até algumas peças de teatro.

Comédia negra Inicialmente escrito para o palco, visto grande parte da acção é existir no mesmo espaço, mas... pouco importa para o caso! O que é certo é que a história é engraçadissima,  com diálogos e momentos hilariantes. As personagens estão muito bem concebidas e são dadas vida por um elenco talentoso, nomeadamente pelos actores Thierry Lhermitte e Jacques Villeret, que desempenham os protagonistas. Asseguro que dificilmente teriam melhores "resultados" de casting.

É sem dúvida uma comédia de luxo, que atesta a qualidade da Europa na fabricação de filmes, sejam elas de que género forem. Recomendo-vos que vejam esta versão, pois ha para ai um remake Americano, e Segundo consta não é lá bem a mesma coisa.

Com tanta coisa esqueci-me de contra a história.
Ora bem… é tudo coisa simples, pois, todas as semanas, Pierre organiza com os seus amigos, o que ele chama ´jantar de palermas`. Todos levam, como acompanhante, alguém que achem verdadeiramente imbecil e ridículo.
O jogo consiste em deixar os imbecis falar e exprimir as suas ideias, paixões, para que o grupo que convida se possa deliciar com um jantar de gozo, contudo nada disto acontece, o que surge, são uma serie de acontecimentos surpreendentes que nos deixam sem folego e a pensar… Ok o que sera que vai acontecer mais????

Trailer
http://www.youtube.com/watch?v=fkqKTtcp-WY

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Pinguim Talks!

Na última sessão do ano (a 29 de Dezembro de 2011) fomos brindados com mais uma paixão do André: as TED TALKS.

Não, não são as "Conversas do Ted", nem existe nenhum Ted por trás deste conceito!

As TED Talks são conferências sobre diversas temáticas (TED - Technology, Entertainment and Design) que, como o próprio André adiantou na sessão, têm uma semelhança com o Clube dos Pinguins, uma vez que nelas participam verdadeiros entusiastas que, com paixão, apresentam as suas ideias. Aliás, o mote destas conferências é mesmo "Ideas Worth Spreading" (ideias que vale a pena divulgar).

Este conceito nasceu em 1984, através de Richard Saul Wurman e ao longo das várias edições participaram várias celebridades mundiais como Bill Clinton, Al Gore, Gordon Brown, Bill Gates e vários Prémios Nobel.

O mais difícil para o André foi mesmo escolher, das várias centenas de conferências, aquelas que pudessem mostrar o espírito TED e ao mesmo tempo, que fossem interessantes e variadas. O que resultou num seleção de cinco apresentações tão diferentes umas das outras como apaixonantes! Aconselho a verem/reverem:

Bonnie Bassler: Como comunicam as bactérias
Esta bióloga molecular mostra como se pode integarir na comunicação entre as bactérias, não havendo necessidade de administração de antibióticos. A maneira apaixonada e enérgica como ela expõe a sua ideia é fantástica!


Benjamin Zander: Música e Paixão
Este músico mostra como é possível apreciar música clássica, mesmo não percebendo ou não gostando. De uma maneira cómica e apaixonada, ele consegue surpeender a plateia.


Pranav Mistry: o potencial emocionante da tecnologia SixthSense (Sexto Sentido)
Este indiano desenvolveu uma tecnologia Sexto Sentido de baixo custo e pretende revolucionar o modo como interagimos com o mundo digital e o mundo real. Vejam, que vale a pena! Há coisas fantásticas, não há?


Eric Giler: Eletricidade sem fios
Isto é bem capaz de ser o futuro! Vale a pena ver os vários exemplos da aplicação da eletricidade sem fios e como isso pode mudar a nossa vida daqui a uns anos (se calhar bem menos do que pensamos).


António Damásio: A busca para entender consciência
Para quem assistiu à sessão do Vasco sobre a consciência (The Primacy of Consciousness), pôde fazer o paralelo com esta, que foca as questões biológicas da tomada de consciência e do eu.


Parabéns ao André por mais uma sessão bem interessante e onde deu para aprender mais algumas coisas!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Do you belive? They put a man on the moon...


Será que o homem chegou à lua?

Será que Armstong passeou no astro espelho que nos conduz as marés?

O Hugo tornou a sessão de 8 de Dezembro de 2011 do Clube dos Pinguins um mistério. Antigo? Alguns dizem que sim, outros just don´t care!

Então foi assim…

Numa noite fria, e juro que de lua cheia, o Hugo apresentou-nos a teoria de que a lua não conhecia humanos.

Através de um documentário da Fox TV ficamos a perceber que os interesses da Guerra Fria, quente, quente, durante as décadas de 60 e 70, quase justificariam a vaidade e mentira em alegar uma chegada à lua, os passeios de um americano pelo mar da tranquilidade, como histórinha de embalar russos…

A história ganhou força com os detalhes técnicos que explicaram a quem não percebe nada de cometas e naves espaciais ou física-avançada-para-astronautas-como-eu, que estes e aquelas circunstâncias provam o embuste que a NASA preparou e apresentou ao mundo em 1969. E assim, especialistas e pessoas próximas do projecto posaram para a câmara e negaram a chegada daquela Apollo à lua.

O toda a verdade ficaria a cabo dos MithBusters, cientistas de Hollywood que pretenderam replicar a alegada mentira e não conseguiram. Ficaria provado, assim num episódio apenas, que o Sr. Armstrong enviou beijos à família a 384.405 Km de distância e não de uma área 51 escondida no deserto do Nevada…

Eu continuo sem saber se há marcianos a viver na Lua, se Nixon e o mundo realmente assistiram ao evento espacial da sua vida, mas dúvidas não tenho que depois do que vi…tanto acredito como não acredito. Ambas peças brincam à realização de segredos e ilusões em tela e por isso não sei quem mente…mas não faz mal, porque verdade ou não, as pisadas de Armstrong não impediram que a lua ficasse redondamente cheia de 28 em 28 dias….

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

MAGNA OLEA

Há momentos em que nos sentimos particularmente felizes por fazer parte do Clube dos Pinguins.

E a última sessão foi um desses casos.

Vários eram os ingredientes. A começar pelo facto de ser uma estreia. Era a primeira vez que a Pilar iria apresentar uma sessão. Confesso que estive quase para não ir, pois tinha outros afazeres. Mas uma estreia é sempre uma estreia e há sempre um esforço para não faltar. Até porque começamos a imaginar sobre o que será. Tentamos adivinhar a paixão e o automobilismo não me saía da cabeça. Enganei-me, enganei-me redondamente.

A preparação do ecrã, do projector e do computador não me desviou a atenção da minha ideia pré-concebida. Só a pus em causa quando ela disse que ia gostar de andar à frente das mesas. Aí pensei: vai ser uma espécie de aula. E foi.

Para minha surpresa, íamos assistir a uma sessão sobre azeite. Nostalgicamente recordei a sessão do Pedro e da Fi há uns anos atrás sobre a mesma temática em que provámos azeite com louro, com alho, com coentros, etc. acompanhados por entradas italianas que tão generosamente confeccionaram.

Aqui tínhamos um power-point bem preparado. Pensei que estava a assistir ao complemento da sessão do Pedro e da Fi que foi muito pouco teórica, mais associada a esse fantástico pecado/prazer da gula.
Fiquei contente. Ia aprender sobre azeite.

Apesar de não ter conseguido reter toda a informação, aprendi bastante. Como costumo dizer, o conhecimento é potenciador de prazer e agora já não caio em qualquer promoção ou publicidade a mau azeite no supermercado. Estou armado com as definições de Azeite Extra Virgem, Azeite Virgem, Azeite refinado e Azeite lampante. Extracção a frio ou a quente, grau de acidez, características das garrafas, etc.

Devem agora, os caros leitores que não estiveram presentes, estar a pensar que a sessão deve ter sido muito interessante e que foi uma pena não terem ido. É verdade.

 Mas ainda não acabou.

Havia ainda uma surpresa guardada. Um excelente pão, dois pratinhos vazios e duas garrafas. Uma de azeite e outra com azeite. Sim, porque a segunda era uma garrafa de 33cl da superbock que tinha sido improvisada para colocar uma amostra de azeite produzido em Dezembro de 2011 e que ainda não está engarrafado.
Apesar de gostar de azeite, confesso que foi com algum cepticismo que vi ser despejado em cada um dos pratos, um pouco de azeite de cada uma das garrafas. Percebi que íamos fazer aquilo que dizem que os alentejanos fazem que é molhar o pão no azeite e comer. Coisa que eu nunca tinha feito antes porque sempre achei que não iria gostar. Achando eu que o azeite sabia todo mais ou menos ao mesmo, a não ser que se lhe juntassem umas ervas, ou algo assim, como o Pedro e a Fi fazem.  Que bom que é descobrir que estávamos errados!

Foi das melhores sensações gustativas que tive em toda a minha vida. O azeite não sabe todo ao mesmo e este é absolutamente extraordinário. Sabe a feno fresco, como o Paulo tão bem observou, é ligeiramente picante, é suave. Fiquei maravilhado, viciado.

Quem esteve sabe que não consegui controlar o meu entusiasmo, o meu emaravilhamento. Quis logo comprar o azeite, todos queriam comprar o azeite. Um leilão. Ideia abandonada pela Pilar. Que fazer? “Eu fui o primeiro a dizer que o queria”. Iria utilizar todos os argumentos possíveis, mas a Pilar acabou com o meu sofrimento e generosamente, por ser eu que iria escrever o post, DEU-ME o resto das garrafas de MAGNA OLEA. Azeite Extra Virgem, extraído a frio, com 0,1 graus de acidez máxima e com várias medalhas de ouro em concursos nacionais e internacionais de azeite.

Nunca fiquei tão contente por me ter tão prontamente voluntariado para escrever um post. Nunca tive nem contava ter qualquer espécie de recompensa, mas a Pilar fez-me duplamente feliz naquela sessão do Clube dos Pinguins da semana passada.

Ontem aceitei a sugestão do Hugo e da Olga e cozi a vapor pescada com batata e legumes. Reguei depois com a colheita de 2011 e não resisti a acabar a refeição a limpar o prato com pão.

Este azeite não se pode desperdiçar!




PS – O post só ficará concluído quando eu fizer a prova seguindo as regras oficiais dos provadores e anotando as minhas classificações pessoais, conforme me comprometi com a Pilar. Mas como hoje há Clube e para não haver atrasos nos posts, completo-o depois. Além disso, hoje haverá garrafas de Magna Olea à venda na cave do Pinguim. O Hugo, que é o apresentador da sessão de hoje, encomendou umas garrafas. Eu não vou faltar. E tu, vais?