quinta-feira, 31 de agosto de 2006

VIDEOTECA

Videoteca é mais um espaço no nosso blog para partilhar as músicas que nos tocam. Para aqueles que por vezes pesquisam música na web já devem ter reparado que actualmente é mais fácil encontrar os temas em vídeo com a vantagem de se poder encontrar algumas obras primas da imagem.

Para inaugurar o espaço escolhi o tema "Steady, as she goes" dos Racounters. Este projecto paralelo de Jack White, co-lider dos White Stripes, mostra porque ainda se pode continuar a falar em música indie.

A ideia, claro está, é que todos dêem o seu contributo. Procurem aquela música que tanto gostam, escrevam umas linhas sobre ela e partilhem com todos nós.

nota: Para inserir um novo vídeo, basta ir ao modelo no Blogger do Clube e na secção VIDEOTECA, substituir o url.

Ver Video

Ver Video versão Wacky Races

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Elogio a Fidel Castro, por Reinaldo Arenas

Por estes dias muito se tem publicado acerca de Fidel Castro. Na Courrier desta semana encontrei este artigo, que se destaca não só pela qualidade da escrita, mas pela experiência vivida na primeira pessoa ( Reinaldo Arenas, escreveu "Antes que anoiteça", um fantástico e assustador livro sobre a vida na Cuba castrista).


O escritor cubano Reinaldo Arenas redigiu, pouco antes do seu suícido em Nova Iorque, em 1990, um panegírico interessante ao líder máximo. Nunca publicado na íntegra, parece não ter perdido nada da sua pertinência...

No momento em que quase todos os países comunistas iniciaram um processo democrático, Fidel Castro amarrou-se ao pelourinho da opinião pública pela sua recusa em aceitar qualquer mudança a tudo o que cheire a «perestroika» ou democracia. No que me diz respeito, talvez por espírito de contradição, em vez de criticar o líder máximo, vou enumerar aqui sucintamente as suas virtudes.
Político calculista e astuto, quando tomou o poder em 1959 tinha três alternativas: 1) a democracia, que lhe permitiria vencer eleições, mas gozando de um poder efémero e partilhado com a oposição. 2) A tirania de direita ou clássica, que nunca oferece segurança absoluta nem poder ilimitado. 3) A tirania comunista, que nesse momento, além de o cobrir de glória, parecia assegurar-lhe um poder vitalício. Hábil, Castro optou por esta última solução.
Filósofo profundo, fez compreender aos seus súbditos, que a vida material não tem importância, a tal ponto que, em Cuba os bens materiais são quase inexistentes e a taxa de suicídio, segundo relatórios muito sérios das Nações Unidas, é a mais elevada de toda a América Latina. Intelectual lúcido, compreendeu que a maioria dos artistas são vítimas do seu ego hipertrofiado. Desde 1959 começou a convidar eminentes escritores, ocupando-se deles pessoalmente e mostrando-lhes o que queria que eles vissem. Castro criou prémios literários internacionais e elevou certos intelectuais fiéis, como Gabriel García Márquez, aos píncaros do Prémio Nobel. Brilhantíssimo economista, criou há quase trinta anos a caderneta de racionamento, que lhe permite evitar a inflação no país, dado que o povo praticamente não pode consumir nada. Além disso, através dos generais mais destacados e com a participação de Raúl Castro, dedica-se ao tráfico internacional de drogas, como atestam documentos publicados. Isso proporciona-lhe divisas fortes, que usa para financiar o aparelho de propaganda no exterior e apoiar a subversão armada na América Latina.
Especialista em sexologia, formou magníficos exércitos juvenis de guias-intérpretes de turismo e tradutores, que concedem os seus favores tanto às senhoras como aos cavalheiros convidados. Criador de gado e agricultor ímpar, conseguiu que uma vaca produzisse mais de 100 litros por dia. O pobre animal não sobreviveu e o leite continua racionado em Cuba. Mas a sua memória foi imortalizada pela imprensa da época e Castro mandou reproduzir em muitos exemplares o extraordinário espécie bovino. Em 1970, afirmou que produziria dez milhões de toneladas de açúcar «e nem um quilo a menos»: enganou-se apenas em dois milhões de toneladas.
Aluno aplicado, fiel ao mestre, seguiu com ortodoxia irrepreensível as lições de Estaline: libertou-se, por todos os meios, de adversários políticos ou personagens que pudessem denegrir a sua glória, de Huber Matos a Carlos Franqui (figuras da revolução que depois se opuseram ao regime castrista), passando por Camilo Cienfuegos e Guevara. Criou, em 1961, campos de concentração para dissidentes de todo a espécie e oficializou-os em 1966 sob a denominação elegante de Unidades Militares de Ajuda à Produção. Deslocou a população de aldeias inteiras, onde havia focos de guerrilha castrista, para novas cidades perfeitamente vigiadas. Foi o caso, em particular, de muitos camponeses da província de Las Villas, que tiveram de ir viver para um aglomerado de prefabricados como Pinar del Río, denominado Ciudad Sandino. Além disso, há quase trinta anos, que multiplica as purgas políticas e os processos viciados. Durante estas sessões, o arguido, após ter passado semanas ou meses nas celas da Segurança do Estado, confessa publicamente toda a espécie de crimes, diz-se miserável e traidor contra-revolucionário e, naturalmente, inimigo de Castro. Exemplos: o processo de Marcos Rodríguez (fuzilado em 1964), o do general Arnaldo Ochoa (fuzilado em 1989) ou as confissões do poeta Heberto Padilla, que chegou ao ponto de denunciar os seus amigos mais íntimos e a sua mulher, em 1971.Fiel à política de «bloco monolítico», Castro aprovou a repressão da Primavera de Praga, a invasão do Afeganistão e o massacre de estudantes chineses na praça Tianannem.
Estadista sagaz, Catro sabe perfeitamente que um ditador nunca deve organizar eleições, pois perderá o poder. Daí as fúrias negras, a seu ver justificadas, contra os intelectuais(incluindo seis prémios Nobel) que lhe enviaram uma carta aberta pedindo-lhe, civilizadamente, eleições livres. Castro rejeitou habilmente qualquer consulta popular, contrariamente a outros ditadores menos astutos, que convocaram eleições crendo poder ganhá-las. Lembremos as derrotas pungentes do general Augusto Pinochet ( no Chile) e do comandante Daniel Ortega (na Nicarágua).
Nada pode surpreender-nos na atitude actual de Fidel Castro. Ao longo de mais de 30 anos de poder absoluto, sempre foi fiel a si mesmo, governando com uma habilidade tão maquiavélica que hoje é um dos únicos herdeiros de Estaline a continuar no trono.
As raras pessoas que ainda estão ofuscadas pela imagem «reinvindicativa» e mesmo «heróica» do comandante surpremo não devem alimentar ilusões. O próprio Castro disse, através do seu exército, que não cederia «um milímetro da (sua) ideologia» e declarou que preferia « que a ilha se afundasse no mar a renunciar aos (seus) princípios políticos»...
Evidentemente, cabe ao povo cubano decidir se deseja este mergulho apocalíptico ou se prefere viver em paz na liberdade, como felizmente acontece, hoje, com uma grande parte da humanidade.
Reinaldo Arenas

terça-feira, 22 de agosto de 2006

Ainda Paredes de Coura 2006

Uma grande surpresa do Festival ainda estava guardada na câmara do amigo Meireles.
Felizmente, ele não é invejoso e deixou-me partilhar este video com todos.
Senhoras e Senhores, fiquem com Bauhaus e "She's in Parties"



Ao Meireles, muito, muito obrigado!

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

Paredes de Coura 2006

Como o cartaz foi extenso... e intenso, deixo-vos alguns fragmentos de ...



... acolhimento
... deslumbramento
...estupefacção











... nostalgismo





e pura música, com Yeah Yeah Yeah's a rolar no blog.

sexta-feira, 18 de agosto de 2006

Chamada Geral

avisam-se todas as polícias
fugiu um homem

tem
olhos muito abertos
duas mãos dois pés
caminha persistentemente

atenção
supõem-se que é perigoso

sinais particulares:
baixa-se com frequência
para fazer festas a um gato
apanha folhas caídas
antes que o varredor as leve
gosta de tremoços

atenção
GOSTA DE TREMOÇOS

repete-se
avisam-se todas as polícias
anda um homem à solta
à solta

atenção
tem-se como certo
que é
realmente perigoso

os aeroportos
já estão sob vigilância permanente
tudo está a postos
não poderá passar
por nenhuma fronteira
que seja conhecida

insiste-se
avisam-se todas as polícias
anda um homem em liberdade

atenção
em liberdade

delações muito recentes
permitem afirmar
que fala com frequência

todo o cuidado é pouco

consta também
embora sem referências concretas
que está sempre presente
nos locais os mais suspeitos
apela-se com insistência
para o civismo de todos os cidadãos
para a denúncia rápida e eficaz
há recompensas

atenção
anda pelo país um homem
livre

não se sabe o que fará

exige-se
a quem o vir
que atire imediatamente
é urgente

atenção
atenção
chamam-se todas as polícias
uma informação
da máxima importância
relatórios afirmam
que frequentemente
sorri com extrema virulência

repete-se o apelo
ATIREM A MATAR
NADA DE PERGUNTAS

in, Novos contos do Gin de Mário-Henrique Leiria

100 anos


«Político de formção ultraconservadora, influenciada pela geração integralista que o precedeu, foi catedrático da Faculdade de Direito de Lisboa e, designadamente a partir de 1940, enveredou pela carreira política, exercendo os mais altos cargos sob o regime ditatorial salazarista: comissário nacional da Mocidade Portuguesa, Ministro das colónias, Presidente da Câmara Corporativa. Em 1968, devido a doença súbita de Salazar, ocupou o cargo de ministro da Presidência do Conselho até à revolução de 25 de Abril de 1974. Deixou vasta obra publicada, não só no âmbito do Direito Administrativo e Corporativo, como na investigação histórica. Morreu exilado no Brasil em 1980.»

in www.uc.pt


O Professor Marcelo Caetano faria 100 anos por estes dias e por isso aqui fica uma pequena recordação de um dos homens mais importantes da História Portuguesa.

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Günther Graas

O escritor alemão, prémio Nobel da Literatura, Günther Graas, admitiu esta semana, na vépera do lançamento da sua biografia, que ingressou nas SS do exército alemão na sua juventude, durante alguns meses.
Ao saber disto a comunidade internacional insurgiu-se (vai se lá saber quem ao certo) e sugeriu que o escritor deveria abdicar do prémio Nobel.

É verdade que Graas é considerado um ícon moral, tal como foi referido nos noticiários, e que se pode pensar que defraudou de certa forma as expectativas dos seus leitores em relação à sua pessoa. No entanto, parece-me exagerada esta reacção. Acima de tudo, um prémio como este é atribuido pela obra, pelo contributo artístico do autor. Saramago também se assume como estalinista e ninguém reclamou até hoje. O próprio Papa Bento XVI marchou com a Juventude Hitleriana e não é isso que o impede de espalhar a mensagem de Deus pelos homens.

Comente sucintamente a situação exposta, tendo em conta que já foi retirado um outro prémio ao autor, pelo mesmo motivo. (6 valores)

terça-feira, 15 de agosto de 2006

Meu querido mês de Agosto





Depois de todo o sol, toda a alegria e festa não podia deixar de lançar uma pequena farpa para este magnífico dia 15 de Agosto, também conhecido como o dia do Emigrante!
Numa atitude Euronews aqui fica o meu «no comment».

«E toda a malta gostou, até o padre ajudou: aperta, aperta com elas!»
(José Malhoa, "Baile de Verão")

segunda-feira, 14 de agosto de 2006

Forever Changes


Arthur Lee (Love)
1945 - 2006

sexta-feira, 11 de agosto de 2006

E tu... o que és capaz de fazer em 20 segundos?

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Viagens na minha terra


Ja andava para falar nisto há algum tempo, mas acabei por ir deixando passar. Todavia, dei comigo a ver televisão, na esperança que essa fosse a forma mais fácil de fazer a digestão para poder voltar à praia, e comecei então a ver a Volta a Portugal em Bicicleta.
Já o Tour de France me tinha sugerido esta ideia de que o ciclismo é definitivamente o Desporto Rei, mas agora, que sinto o mesmo calor daqueles homens, reforça-se esse pensamento e não acredito que haja mais sacrificante missão que pedalar horas e horas debaixo de um sol infernal, de um calor demoníaco, subindo montanhas que se tornam grotescas a cada pedalada.

É hora de se ser justo e deixar aqui neste nosso canto uma homenagem merecida a estes homens que, como dizia Camões, «em perigos e guerras esforçados, mais do que promitia a força humana, entre gente remota edificaram, novo reino que tanto sublimaram». Dando corpo a esta homenagem aqui fica a imagem de um homem que deu muito por um desporto extremamente doloroso e que e ainda hoje um símbolo, uma marca - Joaquim Agostinho.

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Tropicália

Habituado à triste melancolia de outros Outonos, sempre ignorei a beleza do Verão. Mas não só. Desprezava o bronze, esse ócio natural, essa moleza e esse afastamento de uma realidade urbana que professava e entendia como única função do homem na terra. Seria um paulista a resmungar com um carioca...

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades! Hoje sou todo Verão! Respiro esse ar quente do descanso, esse cheiro constante e intenso do mar, essa textura da areia que se cola aos pés e que ignoramos sem preocupação. Hoje dispo-me de Nemésio e visto Vinicius. Coloco os calções e dou-me ao sol, entrego o meu corpo a esse ócio natural. Troco o whiskey pelo Porto tónico, troco a poesia pela prosa. Deixo o sal consumir a minha pele, troco o cabaret pela bossa. E o mar, esse mar português que deixa de ser, para mim, um motivo de reflexão triste e passa a ser o símbolo do vazio, do conforto, desse ócio tão natural!
Deixo o corpo vádio e a mente vazia! Assim é o Verão, um grande nada!

sexta-feira, 4 de agosto de 2006

Do trabalho vou fugir, vou para o sol da Caparica!

Bom Dia, Comunidade!

Pois estou de volta mas só ao blog. Isto porque o meu vizinho do lado é um altruista e deixa a sua ligação wireless bem aberta!

Depois de uma breve passagem pela grande capital voltei à chamada California Portuguesa: a Costa da Caparica! O que me tem dado algum trabalho, já que andar a correr em slow motion na praia não é muito confortável, principalmente quando se pisa dejectos de animais, alfarrecas, crianças ou os seus brinquedos, etc. As Pamelas também nao são bem a mesma coisa mas dá para o gasto.

Mas vamos ao que interessa! Cheguei a Lisboa na passada 4ª feira (da outra semana), onde fiquei cerca de 4 dias, muito bem instalado em casa do meu amigo Ricardo, outro grande Mamedense que sucumbiu aos encantos da Cidade Branca já lá vão uns anitos.
Muito bem alujados do Bairro de Sta. Catarina, com o miradouro do Adamastor de um lado e o Bairro Alto do outro, fui matando saudades daquela que é, como vocês bem sabem, a minha cidade de eleição. E que bonita fica no Verão! Muitos turistas a darem uma nova cor durante o dia, as praças a cheirarem a sardinha, uma alegria incrível na rua e, claro, uma luminosidade divina.
À noite quase sempre Bairro Alto e depois sabe-se lá! Durante o dia uma passagem pelo Chiado é sempre obrigatória, pois vocês não imaginam a quantidade de mulheres bonitas que circula nesta zona por metro quadrado. Incrível! Um dia que me resolva dedicar a essa grande arte da insanidade é lá que irei exercer o meu ofício, pedindo em casamento todas as que passam.
Como é óbvio comeu-se muito bem ao longo destes dias. Desde uns medalhões de javali, a um Chernezinho grelhado, passando por uma bela Caldeirada de peixe feita pelo Ricardo. Enfim...

Agora estou na Costa da Caparica, meio afastado do centro (graças a deus), exilado de tudo. Já perdi o vício da televisão e o do computador está a passar.
Agora sim estou de férias, onde o repouso existe, de facto! Há muito sol, muito mar, a brisa que vai correndo (gajas boas)... um paraíso da RDA (republica democratica de almada)!

Espero qe por aí esteja tudo a correr às mil maravilhas!

As minhas sugestões para este Verão são:
«O Som e a Fúria» de William Faulkner
«Demon Days» dos Gorillaz

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

Uma doce musica para crianças

Em período de férias sabe bem num final de tarde juntar os mais pequenitos e contar-lhes uma história para colorir os seus sonhos.
Como não tenho muito jeito para contar histórias trago-vos alguém que o sabe fazer. É em inglês, mas a história é conhecida.
Não vos adianto o autor para não estragar a surpresa.
Divirtam-se e bons sonhos...