domingo, 31 de agosto de 2008

uma carta tardia

não morras já. deixa-nos dizer-te que tens razão, que sempre tiveste! deixa-nos ouvir as palavras que dizes sobre o mundo feio e alarve. fala-nos na esperança e no d.sebastião. fala das pedras e dos sentimentos mortos daqueles que fingem as palavras; daqueles que abusam de si próprios e controlam o instinto e aos quais falta a razão dos deuses e do vinho. espera, não vás já. fala anglais pró franciú perceber que há ainda tanto a fazer e que de resto estás nice, thank you. aninha-te um pouco no colo do porto, espera pela sms ou pelo e-mail, vai-me visitar no blog, porque não há tempo para missivas lentas. deixa que te ouçam dizer que nos aceleram sem sentido, que nos mexem nas vísceras e que estas não têm lei. diz-lhes que lhes falta o amor do beijo do amigo, o calor dos sonhos e o conforto marsupial de quem corre léguas e léguas pelo mundo. oh coração imenso, oh mente celeste! não partas agora que é cedo e a praia é a manhã, o começo, não o fim. nem tiveste tempo de envelhecer. foste eternamente.

para o joaquim castro caldas, poeta do ontem e do hoje para todo amanhã. amigo da cave e do blues. artista de todas as ruas. morreu num domingo e não acreditava em deus.