quinta-feira, 29 de março de 2007

Farpas versão 2.0

Diz Miguel Noras, secretário-geral da associação de municípios com centro histórico, sobre o fim da Direcção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais: “Só um país multimilionário poderia dar-se ao luxo de prescindir de uma instituição com a experiência, inteligência e obra feita da DGEMN”
Não conheço o processo… Mas, com o fim desta entidade, será que vai nascer mais um instituto público para criar mais uns quantos tachinhos e multiplicar a despesa de uma actividade imprescindível a qualquer país civilizado?

O presidente da Fundação de Serralves, Gomes Pinho, confirmou que a Câmara Municipal do Porto vai contribuir para o reforço do fundo de compras de obras de arte do Museu de Arte contemporânea.
Humm… Ainda bem… Mas isto de dar dinheiro às elites não era contra os princípios do xôr presidente?

A Procuradoria Geral da República defendeu que os conselhos executivos devem participar as agressões a professores e funcionários dentro das escolas. Isto no seguimento da vontade de fazer destas agressões crime público com prioridade durante a investigação, pretende-se que os pais sejam multados pelas agressões dos filhos. Outra medida em cima da mesa é a de baixar a inimputabilidade dos alunos para 14 anos. Diz Carlos Chagas da FENEI: “No caso de alunos com uma atitude delinquente, os pais ou encarregados de educação deviam ser penalizados, como co-autores, mediante o pagamento de uma multa” diz ainda “Os pais têm de ser agentes activos, senão as crianças enfrentam um paradoxo: a sociedade ensina-lhes regras de comportamento, depois os pais esquecem-se delas, fazendo o inverso ou simplesmente ignorando-as”.
Parece-me bem… Mas tenho uma dúvida permanente quando as resoluções acentam no jogo da batata quente…

“Não posso dizer que seja um prazer”, foi assim que Maria de Lourdes Rodrigues, ministra da educação, apertou a mão do presidente da câmara de Famalicão durante uma visita oficial.
Parece que a frontalidade destes dois personagens da política chispou…

Porto e Lisboa vão integrar uma rede de 164 cidades onde, no dia 5 de Maio, vão acontecer marchas pela legalização da marijuana. Diz a notícia do Destak de hoje “os manifestantes, que vão ocultar a identidade, com uma máscara, por razões profissionais ou familiares, vão distribuir um manifesto sobre a questão”.
Bom… Já fui um acérrimo defensor da liberalização, hoje em dia apenas mais ou menos… Mas… Como é que se pode pedir a legalização das drogas leves escondendo a cara “por razões profissionais e familiares”?

A comissão para a igualdade entre Homens e Mulheres apresentou, à entidade Reguldora para a Comunicação Social, um protesto contra a exibição do programa “A bela e o mestre”, da TVI, que considera “atentório da dignidade das mulheres e uma violação do direito da igualdade”.
Err… Eu acho que se o programa atenta contra algo é a dignidade dos Homens…

Em todo o mundo há 150 milhões de crianças vítimas do trabalho infantil no sector agrícola, representam 70% do total de crianças exploradas. Em Portugal, um estudo de 2001 de Paula Monteiro, diz que há mais de 23 000 crianças com actividade económica no sector da agricultura e cerca de 5000 estão em situação de trabalho infantil.
30 anos depois algumas coisas continuam mal, o problema é estrutural e cultural, talvez fosse bom pensar nisto…

Maria José Nogueira Pinto demitiu-se do CDS e da Câmara de Lisboa (a propósito o Manuel António Pina tem uma crónica interessante sobre o assunto).
Parece que o assalto ao poder de Paulo Portas já fez uma vítima. Já diz a voz do povo “à mulher de César não basta ser séria tem de parecer”, e a mim parece-me que é e parece-me que parece. Parece-me também que ainda se defendem alguns valores na política nacional…

Para terminar a minha ronda noticiosa, hoje o PNR voltou à carga, promovendo uma manif em Lisboa onde afixou um cartaz que dizia: “Basta de imigração. Nacionalismo é a solução.”
E pronto… Não me quero alongar demais neste discurso já tão comum em mim… Mas aquilo que muita gente pensa sobre a vitória do “Botas”, mas de que pouco se fala, é do radicalizar de algumas posições com chavões destes… Quando o mundo esqueceu o Holocausto Arménio permitiu o Judeu, será que já esquecemos o Nacional Socialismo? É que o Fascismo, a censura e o Tarrafal parece que já não fazem parte da nossa memória colectiva…

3 comentários:

Unknown disse...

Caro Tó,

antes de mais devo-te dizer que há um espaço reservado às farpas à Terça-Feira, hás-de experimentar, até é engraçado. A malta lá também lê o jornal e até temos dois jornalistas em quem bater. Lemos é o jornal todos os dias, para depois não ficarmos espantados com todas as notícias desde os destaques até aos classificados. Mas é natural, começaste a ler o público em vez do JN. Isso aconteceu-me e foi uma fase de adaptação complicada aos 15 anos.

Divido o comentário então em alguns pontos:

1- É melhor não especular sobre o que não conhecemos porque depois dá no ponto seguinte.
2- O Público, quando noticiou os apoios a Serralves falou na comparticipação da Câmara, que estava em estudo. Quando saiu essa notícia, a semana passada, lia-se bem que a Câmara tinha de analisar bem o financiamento a dar e que depois decidiria. E foi o que aconteceu. Nada de novo. O vereador afirmou que tudo indicava que se iria subsidiar a compra de património, mas autonomamente, sem ser neste plano geral.

3-Temos sempre dúvidas meu caro, mas esta medida não deve ter sido tomada à pressão.

4-É fácil, por motivos de discriminação, as pessoas têm de tapar a cara, acho que marijuana é considerado «droga», não sei! Se calhar é por isso!

5-Tou a ficar cansado de comentar a tua leitura do jornal. Está a ficar entediante. Não lês pornografia?

6- Lá está, nas farpas costumamos falar do atraso do país. E não só! Nós também costumamos ler o jornal e pensar sobre as notícias. É uma coincidência louca.

7-Bem, que grande seca, só não comentei o da ministra por não ter mesmo nada a dizer de uma notícia palerma. Mas é curioso que eu também tinha uma fixação por cronistas, depois percebi que dizem tantos disparates e nada de muito novo como eu e desliguei.

8-Foda-se ó Tó! Lê ao menos a merda dos posts que estão para trás!

Em suma, não é querer bater, é só querer alertar que o Clube ainda reúne às 3as e que lá também se conversa, e que o blog foi feito para participar e não para descarregar notícias de jornais.
Um abraço e lá espero por ti na 3ª para andarmos à porrada!

Marta Araújo disse...

Acho que já percebi a ideia do Tó...(eu sou loira e, portanto, estas coisas demoram a perceber :D). Ele quer ficar com a pasta da revista de imprensa só que a periocididade é completamente anarca e o suporte tem de ser digital - já que estamos na era das NTC. Para além disso ele acha que o clube está pouco menos que «demodé» e toxca a apostar verdadeiramente no paradigma da digitalização lol

Anónimo disse...

uff!
Só duas coisas:
- Não sou praticante mas vou à manif, de cara destapada naturalmente.
- Se baixarem a idade da inimputabilidade para 14 anos quer dizer que os miúdos que trabalhem a partir dos 14 anos já não se encontram na designação de trabalho infantil? E os miúdos passam a poder ter sexo a partir dessa idade, sem que seja considerado crime ou pedofilia? E vão poder votar a essa idade?