Eles estão por todo o lado. Desde os tradicionais graffitis aos mais recentes stencils passando pela moda dos tags (assinaturas com letra estilizada).
Nascidos nos anos 80 (os anos 70 com o movimento punk têm já alguns exemplos) fundamentalmente, nos Estados Unidos, pelas mãos de artistas Pop como Basquiat ou Keith Haring, os graffitis têm a critica social impregnada, bem como a revolta para com todas as injustiças e barreiras criadas à franja mais marginalizada da sociedade.
Somos, grosso modo, avessos à sua proliferação. Muito pela anarquia que representam (seja no local escolhido, nas cores ou na constante sobreposição), mas também pela falta de coerência estética, pela profanação de locais sagrados, pela destruição da “coisa pública, etc. Mas devemos ter presente que esta é uma arte clandestina e por isso, revestida de revolta e inconformidade que tem uma necessidade cega de chocar e transgredir.
Outro facto que devemos ter em mente, é que a Arte está em constante evolução e por isso, este fenómeno pode ser um novo caminho a ser traçado. Museus como o de Brooklin já trouxeram os graffitis para dentro de portas (apesar de os puristas criticarem este tipo de exposições por considerarem os graffitis uma Arte de rua).
Parece-me um bom exercício esta discussão. Dêem largas à crítica ou exultem esta nova Arte. Comentem…
Nascidos nos anos 80 (os anos 70 com o movimento punk têm já alguns exemplos) fundamentalmente, nos Estados Unidos, pelas mãos de artistas Pop como Basquiat ou Keith Haring, os graffitis têm a critica social impregnada, bem como a revolta para com todas as injustiças e barreiras criadas à franja mais marginalizada da sociedade.
Somos, grosso modo, avessos à sua proliferação. Muito pela anarquia que representam (seja no local escolhido, nas cores ou na constante sobreposição), mas também pela falta de coerência estética, pela profanação de locais sagrados, pela destruição da “coisa pública, etc. Mas devemos ter presente que esta é uma arte clandestina e por isso, revestida de revolta e inconformidade que tem uma necessidade cega de chocar e transgredir.
Outro facto que devemos ter em mente, é que a Arte está em constante evolução e por isso, este fenómeno pode ser um novo caminho a ser traçado. Museus como o de Brooklin já trouxeram os graffitis para dentro de portas (apesar de os puristas criticarem este tipo de exposições por considerarem os graffitis uma Arte de rua).
Parece-me um bom exercício esta discussão. Dêem largas à crítica ou exultem esta nova Arte. Comentem…
9 comentários:
Cá em Portugal já se vê algumas Juntas de Freguesia ou Câmaras Municipais ou Escolas contratarem os serviços dos grafiters para ordenadamente pintarem alguma parede. Não é muito comum, mas é importante que isso aconteça e assim dão o devido valor a uma Arte, que pode ser muito mais do que estragar monumentos.
Granel estou fascinada com esta tua nova paixão...Parabéns.
Devo confessar que sou um adepto da arte urbana.
No entanto, parece importante deixar bem claro que este estilo deve ser bem vigiado. Lá porque uns senhores andam revoltados com a vida não têm que estragar «a coisa pública», porque como o próprio nome dia é de todos, e como é de todos devemos respeitá-la.
Não se pode confundir arte urbana com vandalismo, tags e graffites com com rabiscos nas paredes. Se formos à base do purismo eles fazem sentido em espaços realmente urbanos. Aqui no Porto não se nota muito mas são excelentes os casos em Lisboa, nos viadutos e nos murais de Alcântara.
Mas o que mais me agrada ainda é o stencil. Um técnica usada para fazer passadeias e que tem tido resultados muito interessantes. Mesmo para publicitar sites e espectáculos mais underground.
Agora o que fico sem entender é se defendes que essa arte não tenha limites, ou qe o próprio artista deva ter consciência do que anda a fazer! Já que está tão preocupado com a consciência social que tal começar por respeitar o património? Ou como diziam os meus professores: «se calhar também andam a pintar as mesas lá em casa». A questão é arte ou vandalismo?
Expo 98, pavilhão do Porto. Uma obra de Ângelo de Sousa pretendia, de alguma forma, ser o retrato do Porto. E o que era? Uma tela dividida ao meio em duas cores, metade branca, metade negra. What-da-fuck! Mas já me tinham contado de um outro quadro do mesmo autor, todo pintado de branco. Geez. E o que é que isto tem a ver com a Pop Art? Nada, mas prefiro mil grafitis, ou mesmo algumas tags, do que um quadro em branco.
É evidente Jorge, que eu gostaria que os graffiters ussassem apenas locais autorizados e que não tornassem o graffiti em vandalismo. Contudo, esses sitios são diminutos e as autoridades não se preocupam em oferecer condições para o seu desenvolvimento, o que leva à clandestinidade e deterioração de espaços que são de todos. Um purista dir-te-ia mesmo, que se não fosse a clandestinidade e a repressão na Arte urbana ela não seria assim. Mais, todos conhecemos minimamente o Bairro em Lx. Este éum local de encontro de culturas, de liberdade, de intelectualidade. É também o local mais "sujo" do país. E é-o porque é ali que grupos de Lisboa ou de fora se encontram e deixam os seus gritos e marcam o seu território. E isto é a Arte no seu estado mais puro...
Sempre que olhamos para um quadro, devemos tentar mergulhar nele e procurar a sua génese. Não se pinta um quadro de uma côr para mostrar a côr. Faz-se com um intuito, com um propósito. Confesso que não conheço esse quadro de Ângelo de Sousa e muito mal a sua obra mas sei o suficiente para afirmar que teve uma fase monocromática. E aqui Fil, digo-te que há quadros monocromáticos absolutamente geniais, deliciosos, oniricos e mais um sem fim de adjectivos.
Yves Klein foi o primeiro a entrar na aventura. Depois de uma época em que usou várias cores, dedicou-se ao seu azul. E conseguiu, passado um ano de experiências, em parceria com um quimico parisiense seu amigo, chegar à "mais perfeita expressão do azul". Para além do facto de acreditar que as cores tinham "vida própria" e por isso passiveis de serem pintadas, Klein quis com esta séria azul fazer a ligação perfeita entre a Terra e o Céu, eliminando a linha do horizonte, que tantas e tantas vezes nos coloca barreiras. E foi com esta metáfora que a Arte quebrou e ultrapassou mais um obstáculo...
Claro que sim. Estava apenas a tentar marcar um ponto - "making a point"... não sei como escrever em português. Genericamente, gostamos mais facilmente do que compreendemos e detestamos mais facilmente o que não conseguimos apreender, por isso escrevi aquilo.
O Ângelo de Sousa, o muro de tijolos da "Anos 80" de Serralves, o jazz (curiosamente não o "free"), o Lobo Antunes, etc. são coisas que terei de aprender a gostar, ou a apreender, eu sei, o "ponto" que quis marcar não é parágrafo, são umas reticências.
;-)
Mas tenho gostos completamente intuitivos: Nunca gostei do Miró e adoro, desde a primeira vez, que vi trabalhos do Tapiès e do Barceló.
desculpem as virgulas
fil
Este post encerra várias questões que num espaço de comentário não me permitirá cobrir todas as reflexões que já fiz sobre o tema.
Desde logo, acho dificil o grafitti enquanto expressão artistica desenvolver-se fora de um contexto marginal. Os grafitters pretendem transmitir mensagens fracturantes que a sociedade raras vezes está preparada para as assumir e isso, no meu ponto de vista, é benéfico.
No entanto, este movimento traz problemas colaterais. Existe a evidente questão da utilização de espaços públicos e a, não tão evidente, associação a grupos com caracteristicas de gangue. Recordo que Rudolph Giulliani promoveu um combate feroz aos grafittis e conseguiu reduzir a criminalidade para indices recorde.
Por opção, não sou a favor de um clima de repressão, mesmo sabendo que a esmagadoria maioria dos grafittis são verdadeiras manchas visuais. Creio que em Portugal, o problema ainda não é de todo preocupante,e que existe outros indicios que permitem combater a criminalidade deste género.
Deixemos então borrar mais umas paredes, e acreditar que o tempo levará a separar o trigo do joio conseguindo que aqueles individuos desprovidos de qualquer talento se envergonhem de exibir tão grotescos rabiscos.
Para mim, e passando a redundância, a Pop Art é Arte e nela incluo os graffitis. Numa sociedade em constante mutação penso que é perfeitamente natural que surgam «novas» formas de expressão e de interpretação dos factos. Sou da opinião que não devemos ficar presos ao conceito de Arte - que muito admiro e digo isto sem qualquer carácter negativo - mais «pesada» e conservadora.
Será porventura, isso sim, mais fácil interpretar, comentar e entender, essa tal Arte mais antiga porque já passou tempo suficiente que permita a sua análise. Em contrapartida, aquela que está a ser desenvolvida e levada a cabo nestes «tempos mais recentes», poderá, por ventura, abranger novos conceitos e formas, e até alguma desordem, como acontece no caso dos grafittis, mas que acaba por ser natural. É uma questão de tempo. Tudo entrará na ordem.
Vivemos num mundo globalizado e ainda massificado, no qual as barreiras físicas mais facilmente se derrubam, e houve, quase de uma forma natural, digo eu, uma necessidade de actualização. A Arte não pode, nem deve, ser encarada como tal, quando levada a cabo por um número extremamente restrito de seres. Os chamados génios. Acho que já não é assim e a mudança poderá passar por aí. Penso que os meus netos terão uma noção daquilo que é a Arte de uma forma diferente daquela que os meus pais têm, daquela que eu tenho e que os meus filhos terão.
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