sexta-feira, 11 de maio de 2007

Eleições em Lisboa

Sem querer entrar em especulação, mas é um assunto incontornável e ao qual é impossível fechar os olhos - afinal de contas em causa está o futuro da autarquia da capital - e independentemente dos nomes que têm vindo a público, sendo certo que vão continuar a surgir mais até declarações oficiais sobre o assunto, li um artigo de opinião que, e sem tocar em nomes, tem, pelo menos na minha opinião, a linha de pensamento certo.

José Pacheco Pereira, na Sábado desta semana, diz o seguinte: "Desde João Soares que Lisboa está financeiramente ingovernável. Os presidentes podem fazer um ou outro arranjo, centrar as atenções numa ponte ou num viaduto ou num grande plano de reconversão da Baixa, que a distracção pode ter sucesso, mas as dívidas e os juros crescem exponencialmente. Sem resolver esta questão, tudo o resto é fazer uns arranjos florais nos jardins. O único exemplo a seguir é o Rui Rio. Apareça alguém a dizer que vai seguir o exemplo do Porto, ouça-se o espernear dos animadores culturais a dizer de que o «contabilista» está a «matar» a cidade, e Lisboa pode vir finalmente a ser governável".

Eu assino por baixo.

11 comentários:

Anónimo disse...

Os fazedores de opinião deveriam ter um disclaimer no final de cada texto - como ainda não li a Sábado não sei se o JPP o tem - e este deveria ter o seguinte: "o autor do texto é amigo de Rui Rio e amigo de Manuela Ferreira Leite, um dos nomes do PSD que se fala para ser cabeça de lista".

Não sei se a amizade tem alguma coisa a ver com o conteúdo do texto mas é importante que ela seja conhecida para se apreciar melhor o que está escrito.

Sobre o conteúdo não tenho muito a dizer porque desconheço a realidade lisboeta. Sei que a dívida de Lisboa é superior a 14-catorze câmaras juntas da Área Metropolitana do Porto. Keys 1<14. Não sei se há Rio que resolva aquilo, e se os houver porque não avançaram antes e deixaram a câmara entregue a Abecassis, Soares, Santanas e Carmonas? [é curioso que JPP esqueça a herança de Abecassis]

Independência já!

Marta Araújo disse...

No post digo que concordo com a linha de pensamento dele, do JPP, no sentido em que a pessoa que ganhar as eleições e assumir a liderança da Câmara Municipal de Lisboa deve ter, na minha opinião, especial cuidado com a questão económica, e dar prioridade à tentativa da sua resolução, em detrimento de outras áreas. É importante que se perceba bem isto. É esencialmente nisto que eu assino por baixo. Que fique bem claro.

Obviamente que é muito diferente gerir a autarquia da capital e o município do Porto. É mesmo muito diferente. Disso não discordo, assim como não desminto que o JPP é amigo do Rio e da Manuela Ferreira Leite, que é do PSD e que está a dizer mal do Joãozinho e, por inerância do PS. Mas também é certo que o JPP tem o direito a dar a sua opinião sobre o assunto e fê-lo, precisamento, no seu habitual espaço de artigo de opinião. Também é certo que os políticos, quando querem, têm uma memória curta.

Muito honestamente não sei se temos o direito de pedir independência aos tais fazedores de opinião quando estes estão conotados com partidos políticos. Penso que é um falso pedido. O JPP nunca escondeu o seu partido. Cabe-nos - neste caso como cidadãos e não como jornalistas (destaco que sempre que dou a minha opinião neste blog é como como cidadã, a título pessoal, e não como jornalista) - tirar o ruído da informação, tal como fizeste Fil.

GRaNel disse...

Vais ter o Spranger à perna não tarda muito... lol

Qunato à Câmara e falando a sério, há duas coisas que me parecem importantes:

1- A CML gasta em salários mais do que a sua dotação orçamental. Não é preciso ser engenheiro para perceber que assim, as dividas e os empréstimos se vêm obrigados a crescer. O que nos leva ao meu segundo pensamento.

2- O grande boom de empregados surge exactamente com João Soares que é portanto co-responsável. Parece-me errado e injusto que tragas agora à baila Fil, o nome de Cruz Abecassis (provavelmente o melhor que já passou em Lisboa) e só por pura desonestidade na discussão não incluas o nome de Jorge Sampaio...

Anónimo disse...

O meu comentário era para esclarecer no caso do JPP e reiterar que, para mim, Lisboa deveria ser independente, assim uma espécie de Andorra, sei lá. Não tenho opinião sobre o assunto - e por isso não sei se é a quantidade de salários que a câmara paga que é o pior ou se é a quantidade em salários que a câmara distribui, não é uma questão de semântica, são por exemplo salários vitalícios a administrdores de empresas municipais...

Não discuto o Rio com a Marta e não vou discutir o Abecassis contigo mas não me venham falar - vocês que gostam de lembrar os resultados eleitorais do Rio - do Presidente Sampaio, o sampas pá! Repito, foi o que sempre ouvi dizer, porque Lx nunca me interessou muito.

Ah, e eu não peço independência aos fazedores de opinião, peço é honestidade. O disclaimer é exactamente um garante de honestidade, sem por em causa a independência.

Rui Spranger disse...

Para não desanimar o Granel aqui estou eu para um brve comentário.

Arranjos Florais:

1 - Corridas (com obras à mistura e passeios cortados para dar prioriadade aos automóveis. Isto já para não falar das inundações que estas ditas obras vão provocar na circunvalação no proximo ano. vai uma aposta?)
2 - Neve na 31 de Janeiro em Maio
3 - Espectáculo Multimédia no dia da Europa (Não viram?)
4 - Jesus Cristo Superstar
5 - Edificio Transparente (A solução continua à vista)
6 - "Por muito que lhe custe não dê nada. Nós damos por si" (vão ao Pingo Doce da Praça da Républica)...

Poderia dar mais exemplos, mas acho que estes já dão uma ideia. Entretanto só mais uma coisa. Quando tomou posse queixou-se de andar a ser perseguido pelo jornal Público e apresentou queixa (sem resultados), agora está com um processo em Tribunal por ter difamado um advogado. Enfim, em Portugal não há mesmo Liberdade de Expressão. (Haverá agora resultados?)

Como já todos perceberam e sabem que não sou amigo do Rui Rio, não deixo no entanto de admitir que o senhor fez algum esforço importante na contenção financeira. Quando não faz esse esforço é que sai sempre tudo ao lado.

Marta Araújo disse...

No fundo Spranger pelos vistos concordas com o ponto-chave deste post, que passa por realçar a importância que deverá ser dada à questão financeira pelo novo líder, seja ele (ou ela lol) quem for,da autarquia lisboeta. No meio disto surgiu o nome do Rio, como podia ter sido mencionado o nome de outro autarca qualquer que se preocupe minimamente com as contas da sua Câmara, em detrimento de outras áreas. Neste caso a escolha foi do JPP.

Podia "discutir" contigo os "arranjos florais" que mencionaste no comentário mas julgo que não vale a pena pelo simples facto de termos visões completamente distintas sobre determinados assuntos. Mas há um, e vais-me desculpar, que não posso deixar de destacar. Em causa está a neve no 31 de Janeiro. Se calhar convém lembrar que em causa está uma inicitiva única a nível internacional e que reuniu os melhores esquiadores nacionais. O evento apresentou uma série de características únicas, contou com a presença de vários media internacionais e agora eu pergunto-te: sabes quanto é que a Câmara do Porto gastou no evento?

Fil não concordo com essa ideia dos disclaimers nos artigos de opinião. Principalmente quando os mesmos são escritos (ou verbalizados) por políticos. Reitero é a necessidade de se filtrar o conteúdo daquilo que se vê e ouve. Sou contra a alienação e a capacidade crítica dos consumidores de informação, seja ela de que tipo for.

Anónimo disse...

Deixa-me dar-te um exemplo: achas mais correcto eu escrever uma crónica sobre a peça do Rui Spranger e pelo meio explicar que sou amigo dele ou será mais provável deixar que as pessoas saibam que sou amigo dele?

De certeza que até o senhor Pacheco concorda comigo, mas, claro, depois não pratica aquilo que defende, o que já é habitual.

As criticas não podem ser só para o outro lado da barricada.

Marta Araújo disse...

Concordo contigo Fil no exemplo que deste. Mas continuo a dizer que acho que não podemos esperar isso nos artigos de opinião que são levados a cabo por políticos. É daquele tipo de coisas que sabemos que eles não nos podem dar. É como esperar limões de uma figueira. E repito, estou a refir-me ao caso específico dos artigos de opinião dos políticos. Mas claro que esta é só a minha opinião ;)

Rui Spranger disse...

(Lá vou eu escrever sem alguns acentos)

É pelo facto de haver visoes distintas que uma "discussao" vale a pena.

Sinceramente nao faco ideia quanto é que a Camara gastou, agora quanto à minha visao sobre a neve na 31 de Janeiro (mesmo tendo em conta que foi uma iniciativa barata) posso concordar que é uma iniciativa única a nível internacional e que reuniu varios "media internacionais" e até os melhores "esquiadores nacionais". Honestamente tal diz-me muito pouco, ou melhor diz-me o mesmo que juntar os melhores cozinheiros nacionais e fazer a maior "tortilla do mundo". Os media também estariam presentes e passaria provaelmente nos faits divers de varios telejornais internacionais.

Anónimo disse...

Desculpa brincar com coisas sérias, mas perdemos esse grande evento que foi as corridas de carros de bombeiros, ou o desfile de carros de bombeiros. Uma animação.

Hugo Valter disse...

Concordo plenamente com o Rui em relação ao Ski e Marta se achas que uma despesa de 50 mil euros só em neve é barata, eu não teria tantas certezas, mas números nunca foi comigo...
Em relação ao post já não há muito mais a dizer. O Filinto já traduziu todas as minhas ideias em relação ao assunto (inclusivé a ideia da independência de Lisboa). Mas muito sinceramente espero que Lisboa tenha melhor sorte que o Porto, ou seja: se for para lá um "merceeiro", que vá um "merceeiro" culto. Ao menos isso...