terça-feira, 3 de abril de 2007

Umas leituras para o caminho

Quem é que não leva leitura para uma viagem? Exactamente, embora a viagem se preveja curta deixarei aqui algumas leituras. Antes de mais, aproveito um texto de uma camarada de trabalho que explica a Judiaria do Olival:
A Judiaria do Olival foi estabelecida 1386 pelo rei D. João I, quando a zona de Miragaia começou a ser pequena para os judeus que aí residiam. O novo espaço abrangia, segundo José Coelho Dias, a Rua de S. Miguel, passando depois pela Igreja da Vitória, Rua da Vitória e Cadeia da Relação. Neste perímetro estaria uma sinagoga construída sob a ordem do próprio rei. O especialista acredita que o edifício religioso terá sido mandado destruir aquando da conversão forçada de todos os judeus de Portugal, em 1496/97, já no reinado de D. Manuel.
No ano de 1492, o estabelecimento em Portugal dos judeus expulsos de Castela pelos reis católicos Fernando e Isabel, mediante o pagamento de um imposto por cabeça, trouxe para a Judiaria do Olival 30 famílias, um total de 120 pessoas. Entre estas distinguiu-se a do famoso rabino Isaac Aboab, conhecido na história como o último Goan (sábio) de Castela. Aos judeus foram atribuídas habitações na Judiaria do Olival. O rabino viria a falecer em 1493, antes da conversão de todos os judeus de Portugal, levados à força da Judiaria do Olival para o «baptismo de pé» que lhes atribuiu outros nomes. De acordo com o especialista em Judaísmo e Religião Judaica o frei-geraldo José Coelho Dias, os judeus “contribuíram e muito para o progresso da cidade”. Conhecidos pela habilidade nos negócios, terão despertado nos comerciantes daquela altura alguma oposição à coroa portuguesa quando esta decidiu a sua expulsão/conversão forçada. Actualmente, no Porto, a comunidade judaica deverá ascender a 70 famílias.

Este texto foi retirado daqui, uma das reportagens que fizemos no Janeiro sobre a descoberta de um espaço religioso dentro de uma casa na Judiaria (o desenvolvimento da "estória" e a importância do Porto para os judeus e vice-versa). No JN, há dois textos interessantes de Germano Silva, sobre os judeus no Porto (embora não esteja assinado o estilo é GS) e de como a cidade do 31 de Janeiro sempre tratou os fidalgos (e os judeus). O relato sobre a nova Sinagoga, na revista da Comunidade Israelita de Lisboa, com referências à Judiaria do Olival. E a reportagem, em inglês, por Ignacio Steinhardt, o histórico correspondente em Israel da Rádio Comercial, que me habituei ouvir desde pequenino.
Para quem quiser, há ainda este post que mostra a anterior Judiaria, próximo do sítio onde nasci e onde "se desenrolou" o Amor de Perdição.
Quem quiser mesmo mais, pode dar uma vista de olhos ao blog da associação Ladina. E ao blog do muito respeitado Nuno Guerreiro.

Fui longo, desculpem. Beijos, abraços, parabéns e até logo.

3 comentários:

Marta Araújo disse...

Pois que está aqui uma bela resenha dos locais onde se pode ter acesso a alguma informação ao local que, e ao que tudo indica, será invadido, hoje de noite, por um simpático grupo de Pinguins :)

Lamentavelmente, e como já tinha dito, não posso ir ao verdadeiro do passeio. Não é que o meu pai faça anos hoje llooll...já agora parabéns aos papás dos dois meninos.

O Fil utilizou no post, e muito bem, informação da prata da cas(um belo texto da Duda**) e já agora...aproveito esta deixa do post para perguntar à Sr.ª Prof.ª Dr.ª Ana Vaz onde está o post da última sessão...:)******

GRaNel disse...

Obrigado Fil pelo esforço. Pelo menos deu para partilhar alguns dos sitios que vocês visitaram ontem. Pena foi que me abriu o apetite e estive estar tipo barman a abrir garrafinhas e servir bolinho aos convidados mas... é a vida.

Grande abraço a todos

Inácio disse...

Com que então "histórico"?

Nem sequer sei a quem agradecer o eufemismo, porque a única assinatura de autor que encontrei, ao chegar hoje, por mero acaso, a este muito bem elaborado blog, foi "Filinto".
Envergonho-me da minha ignorância, mas se não fizer o favor de se apresentar, não saberei quem é.

Agradeço a referência. Mas diga-me: conhece algum remédio para eu me curar deste vício de contar histórias, que, com os anos, é evidente que se vai agravando?

Acredite que eu não ando à procura delas; são as histórias que vêem ter comigo, teimosas, insistentes, quase que se põem de joelhos, implorando que as conte.
Então não vê? Um "acaso", como se houvesse na vida "acasos", trouxe-me hoje ao seu blog, e em poucos minutos encontrei um montão de pontas de novelo, para puxar e aprofundar?

Quando é que eu vou encontrar tempo para fazer tudo isso?

A tradição judaica diz que o máximo que podemos viver é 120 anos, que foi a idade com que Moisés, o das Tábuas da Lei, teve que morrer!

Já que me encontro entre a boa gente do Porto, eu vou fazer-lhes um pedido: eu tinha conhecimento de que o capitão Barros Basto tinha feito, ou mandado fazer, uma placa para servir de memorial aos crimes da Inquisição.

Garantiram-me mesmo que a placa tinha sido colocado no átrio da sinagoga, da Guerra Junqueiro, mas que o capitão tinha sido obrigado a cobri-la com os azulejos, que hoje se encontram lá.

Há anos, vi uma fotografia dessa placa numa publicação turística do ICEP. Pensei que a fotografia tivesse sido feita, antes da placa ser sido escondida.

Eis senão quando torno a ver outra fotografia da mesma placa, e a pessoa que a fotografou garante-me que a encontrou na parede exterior do Mosteiro de S. Bento da Vitória.

Localizei o fotógrafo da versão publicada pelo ICEP, e ele garante-me que a fotografou no átrio de entrada da sinagoga.

Estive muitas vezes, no passado, na sinagoga Mekor Haim, e nunca vi a placa.

Pedi a ambos os fotógrafos o favor de verificarem bem, nos sítios que me indicaram, se a placa ainda lá está. Não obtive até hoje qualquer resposta.

Ora ou a placa está num dos locais indicados, ou foi feita uma cópia.
É uma história que gostaria muito de desvendar.

Não sei se sou capaz de colocar aqui uma fotografia, para que saibam do que se trata. Mas gostaria muito que alguém, no Cidade Invicta, me fizesse o favor de ir a ambos os locais e me disse se esta placa lá está!


Obrigado.

(Não consigo colocar aqui a fotografia da lápide. Se me derem um endereço manda-la-ei a quem me pedir)

Inácio Steinhardt
(apesar de "histórico", já não sou do tempo do Ignácio com "g")

Estou em steinhardts.wordpress.com
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