terça-feira, 3 de abril de 2007

Luzes apagadas e a viagem no tempo leva-nos a 1978, numa sala de cinema perto de nós, para uma cidadezinha da Pensilvânia. Ficamos a conhecer a vida normal de três homens, entre o trabalho, os copos e as mulheres até que o casamento de um deles marca o primeiro ponto de viragem desta história. A Guerra do Vietname passa a ser o cenário da violência mais negra que o ser humano é capaz de despoletar. A morte, um mero fim para o divertimento encontrado no sofrimento do outro. E se a roleta russa não mata o ser, mata com certeza o humano que há naqueles homens normais.

A festa que se quer no regresso a casa não é esperada. O homem que volta já não é o que partiu e não se encontra em nada do que deixou. Um passado que não se repete, um presente vazio de apegos. Resta-lhe os amigos, companheiros de guerra e de viagem aos infernos. De volta ao cenário da guerra, um outro Saigão, sempre tudo diferente, sem reflexos, sem reencontro interior. E uma outra fase que termina, desta vez com um funeral, o fim da guerra, o arrumar das memórias, um leve traço de esperança de algum novo começo, ensombrado por um brinde de gosto a fel ao som das palavras “God bless America”.

Estas impressões ficam muito aquém de tudo o que se sentiu neste filme apresentado pelo António e pela Helena. Porque “O Caçador”, mais do que um filme de guerra, é um filme de transformação, de causas e efeitos da acção impensada do Homem no próprio Homem. Parabéns amigos pela escolha e obrigada pela viagem!

7 comentários:

Anónimo disse...

É o meu filme preferido!
Mais uma paixão partilhada. Um grande retrato da América, e da Humanidade! God bless Micheal Cimino!

Muitos parabéns pela escolha do filme, foi só pena não ter havido conversa depois do filme, mas ele é muito longo e começámos a ver muito tarde. Mas é certamente um filme que merece uma boa discussão. Todas as metáforas, todos os pormenores, o elenco, tudo fabuloso!

Ah! The way trees are!

Anónimo disse...

Ah!
Fuckin' Hei!

Anónimo disse...

ainda me lembro quando o vi pela primeira vez, uma madrugada em que a famelga tinha sucumbido ao sono, espalhada pelos sofás, e eu assistia sossegadito ao filme com medo que acordassem e me proibíssem de continuar a ver.

ali nasceu tb o meu fascínio por um par de actores que ainda hoje me fazem comprar bilhetes ou DVD por muito mau que seja filme.

Na terça não assisti a mais do que ao casamento. E agora li um belo casamento entre sessão e post, entre o filme e uma frase: "E se a roleta russa não mata o ser, mata com certeza o humano que há naqueles homens normais."

GRaNel disse...

É um filme pesado e longo. Mas é tambem pleno de mensagem e carregado de sentimentos. Foi realmente pena não termos a habitual tertulia final mas o adiantar da hora não o permitiu.

Obrigado por trazerem The Deer Hunter até nós António e Helena.

Para ti Aninha, uma salva de palmas pelo post e um puchãozito de orelhas pela hora tardia mas nós sabemos que a tua vida não é só blog.

Marta Araújo disse...

É, sem qualquer margem para dúvidas, um filme carregado de máximas e de lições sobre as quais faz bem perder um bocado de tempo a pensar nelas. Obrigada Helena e António pela escolha!

Quanto ao post...e cumprindo a máxima de que as palavras são de prata mas o silêncio é de ouro, digo apenas que é a tua impressão digital*****

Gemma disse...

Muito bem, gostei imenso de ter visto o filme. Posso dizer que conhecia pouco mais que o nome dele, mas sem duvida que o clube serve exactamente para isso, para nos alargar horizontes. E passei a ter o filme como um bom ponto de referencia.
"we have no great war, our war is our lifes" desde que ouvi esta frase me apercebi o quanto eu estou longe de perceber o que é realmente uma guerra, e o que significa participar nela. E este filme dá-nos uma perspectiva muito própria da que teve lugar no Vietname. Vale pela obra e pelo conteudo.

Basta-me dar os parabéns aos Senhores da Guerra, na forma do António e da Helena pela sessão, e à Ana pelo post

one shot...

GRaNel disse...

Chegaram-me rumores de que não gostas de ser tratada por Aninha. Aqui fica o meu pedido de desculpas público e aproveito para refrasear (esta palavra existe?).

Para ti Ana, uma salva de palmas pelo post... (já que estou a pedir desculpas retiro a parte seguinte. lol