sexta-feira, 31 de março de 2006

Ontem, quinta-feira, o Manuel Cintra esteve novamente no Pinguim.
Para grande surpresa, e apesar da quase nula publicidade, esteve uma sala bem composta e com gente muito interessante, entre as quais dois outros poetas o que provocou que no final houvesse muito mais partilha de poesia.
Apesar da figura polémica que sempre foi, e apesar da sua ausência ontem, não pude deixar de pensar na pessoa a quem se devem estas sessões de poesia e todas as que um pouco se vão fazendo em bares de todo o país e não consigo nunca deixar de lhe estar grato.
Refiro-me, claro, ao Joaquim Castro Caldas, que completou na passada terça-feira 50 anos de existência.
Tive a honra de ter sido convidado para o aniversário dele e de ter tido, de surpresa, a responsabilidade de lêr o poema com que ele presenteou todos os seus amigos, e que mais tarde partilhei com todos os membros do Clube presentes na sessão do Jorge e que conforme prometido partilho agora com todos os Pinguins.




O Amigo

chora no ombro onde pousa
o amigo é um violino
estimado, obstinado
mesmo se dorme ao colo aberto de pau santo
de alfazema paciente e carinho antigo
é o virtuoso ausente
omnipresente como um lince
prenhe do murro seco
no estômago do mundo
o amigo é um chicote de raios de sol
para sacudir o pólen ao corpo indefeso
ao coração inocente e limpo
e ao suor da planície
é um homem à rasca pelo que fez por nós
mas não disse, não disse


Joaquim Castro Caldas

1 comentário:

António Manuel Rodrigues disse...

E eu voltei a falhar...
Mas o post e em especial o poema do Joaquim Castro Caldas marcam presença no blog.
Obrigado Rui pela partilha e obrigado poetas por existirem!