domingo, 26 de março de 2006

Viagens no tempo... ou a crónica de um país de atrasados

Desde os finais de 2005, apesar de apenas ter sido anunciado publicamente agora, que os homossexuais masculinos Portugueses já podem doar sangue. Esta notícia, que li no DN de 25 de Março mas que também passou nos noticiários da estação que tinha uma jornalista de boca grande, apanhou-me de surpresa. Confesso que nunca me passou pela cabeça que tal direito lhes fosse negado. Até porque, a doação de sangue é de um altruísmo assinalável e todos conhecemos a escassez de sangue que existe em Portugal.

O mais ridículo da questão, é que Almeida Gonçalves (presidente o Instituto Português do Sangue há mais de uma década), quando questionado sobre as razões de tal proibição, argumentava ora pela obediência a critérios internacionais (quase em exclusivo Norte-Americanos – Porque é que isto não me espanta?) e, mais quixotesco ainda, pela “tendência” dos homossexuais masculinos para uma maior infidelidade nas relações (Pois…). Pelo menos hoje admite que se tratou de uma estigmatização sem fundamento científico.

Esta proibição, há dez anos que vem sendo contestada. E é contestada porque não existem quaisquer estudos que provem a maior contaminação com HIV nos homossexuais masculinos, quando comparados com os heterossexuais. Aliás, hoje em dia, a principal via de infecção do HIV é hetero.

Acho que isto é mais uma prova de que somos todos iguais mas, …uns mais que outros.

3 comentários:

Rui Vieira disse...

Definitivamente não é facil ser dador de sangue em Portugal. Apesar de certos grupos constituirem grupos de risco, isso não pode eliminar os individuos de exercerem um acto de cidadania altruista.
Há certas normas que de tão generalistas constituem actos de discriminação deploraveis. Em vez de se procurar saber se todos e cada um dos dadores são saudaveis, é mais facil eliminar aqueles que por se sentirem "diminuidos" não afrontam o sistema.

António Manuel Rodrigues disse...

Tudo isto se resume a codigos sociais e como dizes mto bem estigmatização... O facto de hoje ser permitido (deixem-me ver as coisas pelo lado positivo) revela a aceitação destas relações (e casais).

Já agora, fazendo uma ressalva, a "infidelidade", noutras palavras a existencia de mais do que um parceiro sexual, é razão para q não se possa ser dador de sangue, homo ou heterosexual, por motivos de segurança facilmente compreensiveis. Deixem-me recordar-lhes que testes, como de HIV, não são feitos as todas as dadivas de sangue, apenas às iniciais, seria incomportavel e ineficaz, já que o HIV (e outros) não são detectaveis num periodo de tempo relativamente longo...

Deixo uma sugestão, passem um dia pelo Insituto português do sangue para uma dádiva e percebam o funcionamento, se se tornarem dadores melhor ainda...

GRaNel disse...

Faltou-me dizer isto no post, mas uma das principais razões para os homossexuais poderem dar sangue foi a evolução dos testes de despitagem que permitem neste momento obter resultados fidedignos num período não superior a quinze dias.

A segregação continua lá, não havia era maneira de preservar o ridiculo.