sexta-feira, 31 de março de 2006

Ontem, quinta-feira, o Manuel Cintra esteve novamente no Pinguim.
Para grande surpresa, e apesar da quase nula publicidade, esteve uma sala bem composta e com gente muito interessante, entre as quais dois outros poetas o que provocou que no final houvesse muito mais partilha de poesia.
Apesar da figura polémica que sempre foi, e apesar da sua ausência ontem, não pude deixar de pensar na pessoa a quem se devem estas sessões de poesia e todas as que um pouco se vão fazendo em bares de todo o país e não consigo nunca deixar de lhe estar grato.
Refiro-me, claro, ao Joaquim Castro Caldas, que completou na passada terça-feira 50 anos de existência.
Tive a honra de ter sido convidado para o aniversário dele e de ter tido, de surpresa, a responsabilidade de lêr o poema com que ele presenteou todos os seus amigos, e que mais tarde partilhei com todos os membros do Clube presentes na sessão do Jorge e que conforme prometido partilho agora com todos os Pinguins.




O Amigo

chora no ombro onde pousa
o amigo é um violino
estimado, obstinado
mesmo se dorme ao colo aberto de pau santo
de alfazema paciente e carinho antigo
é o virtuoso ausente
omnipresente como um lince
prenhe do murro seco
no estômago do mundo
o amigo é um chicote de raios de sol
para sacudir o pólen ao corpo indefeso
ao coração inocente e limpo
e ao suor da planície
é um homem à rasca pelo que fez por nós
mas não disse, não disse


Joaquim Castro Caldas

Que Grande Cena!!!!

Há já muito que não coloco aqui um post.
Mas hoje não posso deixar apenas um simples comentário. É verdade que o Granel fez um resumo absolutamente fantástico da noite do Jorge, mas há algo mais que não posso deixar passar em claro, e que referi durante as "Farpas".
É extraordinária a semana que antecede a sessão do Jorge e é extraordinário o que aconteceu depois na sessão.
Pela primeira vez, e ao fim, note-se, de 4 meses, não havia ninguém para apresentar a última sessão. Houve quem temesse pelo Clube. O nosso anfitrão, Paulo Pires, anuncia-me, "o Clube dos Pinguins está a morrer!"
-Como???
-"Não esteve quase ninguém na última sessão e agora não há quem apresente a proxima."
Depois recebi alguns telefonemas de pinguinreligionários que manifestavam preocupação.

"Crise" é uma palavra bem portuguesa, e se não fomos nós que a inventámos, foi por mero acidente.
No entanto, a atitude foi bem pouco portuguesa.
Sem exitação e de livre e expontânea vontade, os pinguins iniciaram a sua marcha e já havia 4 sessões possíveis, incrível, não?

Os Pinguins mostraram a sua força!


Com toda a improvisação e falta de tempo, acabámos ainda por cima por assitir a uma das mais genuínas apresentações de sempre e a um excelente resumo da sessão.

E para terminar, não posso deixar de homenagear e agradecer todo este empenho e dizer:

O Clube dos Pinguins faz-me feliz!

quarta-feira, 29 de março de 2006

Voz e Guitarra


“A minha única paixão é a música… mais do que as mulheres. Desde sempre gostei de música… a minha mãe cantava… o meu pai cantava… nasceu comigo.”

Foi desta forma descontraída mas sem dúvida, apaixonada que o Jorge começou a sua sessão. Uma sessão dedicada à música. Uma sessão dedicada à música pura e sem “truques”. Voz e Guitarra era o mote – Voz e Guitarra foram a regra.

A sessão fluiu, com uma mestria impar, pelo passar dos anos do nosso anfitrião. Nomes como Heróis do Mar, Europe ou mesmo Simon e Garfunkel foram as primeiras influências. E eram-no porque acreditavam naquilo em que o Jorge genuinamente também acredita – Um homem com voz e uma guitarra pode fazer tudo. E isto é bem verdade, pode pelo menos deixar estarrecida uma colónia inteira de Pinguins. Também Linda Perry, Neil Young, Nirvana e Ani di Franco, foram referenciados – sempre relevando que acordes simples e músicas simples podem “salvar o mundo”.

Mas foi com Black dos Pearl Jam (o nome vem da fantástica geleia que a avó de Eddie Vedder fazia – as coisas que este rapaz sabe…) que conseguiu o primeiro de vários arrepios nos presentes, qual golo da selecção ou dejá-vu aquando das bolas no poste do Barça horas antes. O desmontar de músicas continuou, muito ao estilo João Simões (pelo menos o cigarro estava lá… o fino só surgiu mais tarde) com temas como, Basket Case dos Green Day, Nothhing else matters (o primeiro tema que aprendeu nas aulas de guitarra – Como se precisasse), Stairways to heaven, Baba O’Reilly, entre outros.

À medida que escrevo sinto-me mais e mais ridículo. É um esforço inglório tentar traduzir em palavras o que se viveu nesta sessão. Há experiências que só fazem sentido quando vivenciadas. E esta é uma delas. Um descarrilar de boa música, brilhantemente interpretada, com um fervor contagiante… no seio de um grupo de amigos.

A sessão passou depois para uma outra fase – músicas Portuguesas. Seria exaustivo e suicídio enunciá-las aqui até porque foram tantas e com tal qualidade, que a omissão de uma delas seria o suficiente para ter de levar com as criticas de um qualquer Pinguim especialmente sensibilizado com esse tema.

Foi bom ver a sala repleta de gente sedenta de paixões e notar que o nosso “Oamock” continua a trazer-nos novos Pinguins.

Para a posteridade fica sem dúvida uma noite de são convívio e um acústico digno dos Deuses. Bem hajam Pinguins e… tu mereces… Bem hajas Jorge.

Já o disse, nunca é demais repetir, que o texto que aqui vos deixo é incapaz de reproduzir o que se passou nas horas em Clube dos Pinguins esteve reunido mas espero que dê uma imagem aos que faltaram e estimule os que virão.

terça-feira, 28 de março de 2006

Iminente declaração de guerra a Portugal

Gosto de malhar no ferro enquanto está quente, como diria um grande filósofo de seu nome Cetautomatix, deve malhar-se em tudo enquanto está quente (ó Valter recorda-me lá de que livro é isto...)!

O Canadá começou a repatriar os portugueses ilegais do seu território... Isto já toda a gente sabe... E porquê? Porque um novo governo de caracter conservador decidiu aplicar a legislação sobre a emigração que o anterior liberal tinha deixado por águas de bacalhau (isto tb dava mto q falar)...

Estive a acompanhar ontem o caso de uma familia nestas condições e vem o primeiro insulto... Algo que já se tem falado na comunicação social... Estas familias estavam a tratar do processo de legalização com conselheiros locais (a maior parte destes conselheiros são de origem portuguesa). Ora estes "conselheiros" deram duas hipoteses de legalização ou por ajuda humanitária ou por asilo... Que estas familias, seja por inocencia ou ignorancia, não compreendam o q isto quer dizer ainda vá... Que os "conselheiros" admitam a legalização dos portugueses no Canadá por serem exilados é insultuoso para qualquer português... Pobrezinhos mas honestos e por enquanto uma democracia (seja lá o q isto for)...

O segundo insulto (menor na minha opinião) vem com a chegada a Portugal: "Governo português não nos ajudou em nada", podia ler-se ontem nos vários jornais...
Eu compreendo a mágoa (e os porquês) destas pessoas, mas não fica bem dizer isto depois de renegar o seu país emigrando e tentar manter-se no Canadá por "asilo"...

O terceiro (e porque isto de malhar no ferro em brasa é uma arte e não se pode bater sempre no mesmo sitio) o Canadá expulsa dezenas de familias do seu território como criminosos (e teoricamente são) depois de os deixar construir uma vida produzindo riqueza para o seu país. O caso que acompanhei era de uma familia (marido, esposa e 2 filhos de 17 e 20 anos), estavam no Canadá há 7 anos, trabalhavam, a rapariga de 17 anos estava a terminar os estudos, tinham casa, carro, toda uma vida como podem calcular... E são obrigados a deixar tudo trazendo uma bagagem de 50 Kg...

O quarto é a iminente declaração de guerra que o Canadá se prepara para anunciar... Ou assim parece segundo o anúncio publicado hoje no JN pela embaixada em Portugal... Afinal não são só os emigrados no Canadá que são criminosos... Portugal é uma fonte de insurras para o mundo, ficamos mesmo ali ao lado do Irão e pertencemos ao eixo do mal...
E o comunicado reza assim:

"ATENÇÃO A TODOS OS CIDADÃOS CANADIANOS RESIDENTES OU TURISTAS EM PORTUGAL
O Governo do Canadá informa os seus cidadãos que se devem inscrever na Embaixada do Canadá a fim de poderem ser contactados em caso de SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA."

Só me apetece berrar a plenos pulmões:
- MAS TÁ TUDO PARVO OU QUÊ?!

Solaris no espaço sideral

A ficção cientifica está de luto...

Stanislau Lem faleceu ontem aos 84 anos. Autor de livros tão conhecidos como "Solaris", era o mais conhecido autor do género de lingua não inglesa, mas para mim é sem duvida um dos marcos maiores da literatura...

Partilho uma das minhas paixões: "O congresso futurológico", livrinho pequeno, o primeiro q li dele e pelo qual me apaixonei...

Já agora visitem http://www.lem.pl/

Os dotes culinários de Berlusconi

Desculpem-me lá a enxurrada que aí vem, mas depois de uma semana calminha aqui no blog, hoje sinto-me uma destilaria de veneno e se não o processo rapidamente a minha saúde mental corre graves riscos...

"O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, cuja reeleição é disputada por uma coligação de centro-esquerda que inclui uma ala radical, afirmou ontem que os comunistas costumavam “cozer bebés”
“Fui acusado muitas vezes de dizer que os comunistas comiam criancinhas”, afirmou, acrescentando que os maoístas chineses não comiam crianças, mas coziam-nas e “transformavam-nas em fertilizante”."
in Correio da Manhã

Ainda bem que Itália é um país de primeiro mundo com gente na classe artística como Nanni Moretti, que estreou na ultima sexta o seu novo filme "Il Caimano" onde não receia expor e criticar os meandros da sociedade (e politica) italianas. Polémico como sempre e ainda bem...

The Night

Esta semana o tema que se ouve no blog é The Night, dos Morphine. Este tema faz parte do ùltimo disco da banda de Mark Sandman que infelizmente morreu na mesma altura (1999).
É difícil dizer por que motivo temos ìdolos. Acho que desde o primeiro momento que ouvi Morphine que me apaixonei e ainda hoje é uma das minhas bandas preferidas. Percebam isso ao ouvir a voz deste senhor, o conforto sombrio da música, toda a sua melancolia, amor, esperança. Escolhi este tema porque para além de ser um dos mais belos de sempre, todos nós temos a nossa Lilah e todos nós queremos essa salvação.

Espero que gostem tanto como eu...

segunda-feira, 27 de março de 2006

Aqui não há inocentes!

Há já muito tempo que não via um filme tão bom como o Crash e devo admitir que dei pulos de alegria quando soube que este tinha ganho o Óscar® de melhor filme. Raros são os filmes que me deixam a pensar e ficam a remoer durante bastante tempo.
Crash é um filme intenso com uma enorme carga dramática, mas sem ser demasiado lamechas ou profundamente intelectual. Podemos dizer que a carga dramática está no ponto. Conta com o apoio de um excelente elenco (Sandra Bullock forever!!) que por sua vez é superado por um fantástico e suberbo Matt Dillon, que, permitam-me a expressão, "Puta que o Pariu!!!" (Não é que o Philip Seymour Hoffman não merecesse o Óscar®, muito pelo contrário! Só que Matt Dillon não lhe fica atrás...)
Crash trata de um tema tão emergente e perigoso como a xenofobia numa cidade sob tensão que é Los Angeles (Não podemos esquecer o caso de Rodney King em 1992).
Com o passar do filme começei a ficar com a sensação de que a xenofobia só existe porque nós a permitimos. Com os nossos medos, as nossas fobias, os estéreotipos e os falsos preconceitos que nos são incutidos deste muito novos. Temos tendencia logo à partir de tirar juizos de valor das pessoas, muitas vezes nem sempre são correctos e se olhamos para uma pessoa e a julgamos uma marginal e essa pessoa está inocente, então o culpado somos nós! Assim seremos nós os xenófobos e a pior xenofobia é a inconsciente (e a inconsequente...)! Sim, é verdade! Todos nós somos xenófobos, conscientes ou não... Estamos sempre a pensar no nosso prórpio umbigo, sentados no nosso sofá, a ver a nossa televisão, na nossa casa que sempre que encontramos alguém que não tenha essa sorte a descriminamos, desprezamos ou, ainda pior, gozamos com a situação dela, sem pensarmos nos sentimentos, nos problemas e na dor que essa pessoa pode estar a sentir. Depois quando essa pessoa se farta e vira-se para nós, leva tudo à frente, culpados e inocentes, nessa altura nós chamos-lhe xenófoba ou doida ou seja lá o que for... Mas quem começou fomos nós! (Volto a lembrar o caso de Rodney King...)
Crash passa-se em Los Angeles, mas podia passar-se em qualquer outro lugar. Os medos e os preconceitos lá latentes estão em qualquer parte do mundo e é bom que, de vez emquando, apareçam filmes assim para nos chamar de volta para a realidade e para, de vez em quando, olharmos para nós próprios e perceber que neste mundo todos somos culpados. Se não é pelo que fazemos, é pelo que não fazemos.

domingo, 26 de março de 2006

Viagens no tempo... ou a crónica de um país de atrasados

Desde os finais de 2005, apesar de apenas ter sido anunciado publicamente agora, que os homossexuais masculinos Portugueses já podem doar sangue. Esta notícia, que li no DN de 25 de Março mas que também passou nos noticiários da estação que tinha uma jornalista de boca grande, apanhou-me de surpresa. Confesso que nunca me passou pela cabeça que tal direito lhes fosse negado. Até porque, a doação de sangue é de um altruísmo assinalável e todos conhecemos a escassez de sangue que existe em Portugal.

O mais ridículo da questão, é que Almeida Gonçalves (presidente o Instituto Português do Sangue há mais de uma década), quando questionado sobre as razões de tal proibição, argumentava ora pela obediência a critérios internacionais (quase em exclusivo Norte-Americanos – Porque é que isto não me espanta?) e, mais quixotesco ainda, pela “tendência” dos homossexuais masculinos para uma maior infidelidade nas relações (Pois…). Pelo menos hoje admite que se tratou de uma estigmatização sem fundamento científico.

Esta proibição, há dez anos que vem sendo contestada. E é contestada porque não existem quaisquer estudos que provem a maior contaminação com HIV nos homossexuais masculinos, quando comparados com os heterossexuais. Aliás, hoje em dia, a principal via de infecção do HIV é hetero.

Acho que isto é mais uma prova de que somos todos iguais mas, …uns mais que outros.

quinta-feira, 23 de março de 2006

Informação/premonição


"Com a Primavera surge uma temperatura amena, uma luminosidade intensa, despertam as plantas, folhas e florzinhas, os insectos, as formigas, as abelhinhas, toda a natureza se alegra.

Neste contexto natural, nos jovens e adolescentes despertam também amizades, amores e paixões que os levam a comportamentos teatrais, hollyoodescos, alguns de pura alegria da juventude mas outros, por excessivos ultrapassam os limites do decoro.

Por tudo isto aconselho todos os alunos atingidos pelo cupido, sofrendo de paixão fulminanteque, por respeito por si próprio, pelo outro, e por todos nós, que evitem ultrapassar a fronteira do pudor e do decoro, mesmo do Regulamento Interno.

Peço a todos os Brads Pitts e Angelinas Jolies que evitem manifestações de amor demasiado cinematográficos, perante as multidões, comportamentos só aceitáveis na paz do Senhor.

Marco de Canaveses, 13 de Fevereiro de 2006"

José Maria Azevedo Teixeira
O presidente do conselho executivo

quarta-feira, 22 de março de 2006

PESCA PARTE I-INSTRUMENTOS E UTENSÍLIOS

21 Março -Equinócio- a noite iguala o dia,até Junho a luminosidade sobrepõem-se à treva,os espíritos estão mais criativos e férteis,as flores anunciam novas cores no horizonte.

Dia Mundial:
-Da Árvore
-Da Poesia
-Do Sono
-354º aniversário do nascimento de Bach(informação do Ricardo Fonseca)

Preliminares:leitura de poemas
1ª leitura-Rui Spranger,"Adeus"-Eugénio de Andrade
2ª leitura-Jorge Carvalho,"Liberdade"-Fernado Pessoa
3ªleitura-Jorge Carvalho,"Abismo"-Fernando Pessoa
4ªleitura-Jorge Carvalho,"Horizonte"-Fernando Pessoa
5ªleitura-Jorge Carvalho,"Guardador de rebanhos"-Alberto Caeiro
6ªleitura-Rui Spranger,"Asa presa"-Ana Rita Calmeiro
7ªleitura-Rui Sranger,Sem título"deixo sempre um segundo de amor na tua mesinha de cabeceira"-Miguel Barbosa
8ªleitura-Rui Spranger,"Adeus português"-Alexandre O'Neill


INTRODUÇÃO:"Balada aos peixes".
Os peixes são melhor tratados com música que com palavras,ao contrário do Padre António Vieira,Miguel Ângelo,o pinguim não o pintor,gosta de musicar os sermões.Embora sem música,pelo menos audível,aqui fica a sintese.
Objectivo:
1-Demonstrar o que representa a pesca para o nosso amigo Miguel Ângelo
2-Despertar nos outros o desejo pela actividade e transmissão de algum conhecimento.
(palavras do próprio)

1º Andamento:
PESCA DESPORTIVA À LINHA
Água doce(rio) Água salgada(mar)
tipo de cana
flexivel rígida
isco
morcão bicha
espécies
pimpão robalo
carpa faneca
safio cavala
dourada
solha
rodovalho

2º Andamento:
HISTÓRIAS DE PESCA

Destaco aquela que me pareceu mais conotada com a dimensão e importância da paixão no Miguel Ângelo.Foi nem mais nem menos que a sua primeira grande pescaria-três amigos ,três canas de pesca,dois ausentam-se por momentos e o espectáculo acontece,pica o primeiro peixe e o Miguel ângelo precipita-se sobre a cana e desastrado como ele se reconhece ensarilha a cana mas captura o primeiro exemplar,ainda não refeito da empreitada o guiso chama de novo e seguidamente as três canas em alvoroço e o peixe a dar.Quando os dois amigos regressam já contava com oito peixes na cesta...
Segue-se um periodo de carência de três longos anos em virtude de estadia em França onde o mar não existe senão como uma lembrança adormecida.
No regresso a Portugal,a sós com o rio e no mítico paredão da primeira grande pescaria havia de capturar uma carpa de dois kg.
Uma história banal não fora a forma apaixonada como o Miguel Ângelo a apresentou,esclarecendo,pelo menos no meu espírito,a virtude da sua paixão.

3ºAndamento:
DESAFIO:EMPATAR O ANZOL

Até parece o título de uma canção!

Não haveria de acabar a sessão sem que nos fosse oferecida a oportunidade de saborear o toque nos instrumentos e utensílios necessários ao bom desempenho do exercicio proposto-a pesca.
Aprendemos um pouco sobre:
-A cana
-O carreto
-O tenso
composto por:
- Linha
- Anzol:
-mosca(à superfície)
-rapala(águas mais profundas)
-O guiso(serve de alarme)
-O very light(destina-se à pesca nocturna à bóia)
Nota:a limpeza do material faz-se com água doce

Quanto ao desafio lançado é de valorizar que nenhum dos intervenientes no exercício se deixou picar pelos anzois ou impressionar com os iscos que realmente não eram bonitos.

4º Andamento:
A ENTREVISTA

Vitor Elyseu-Porquê a paixão e quando?
Miguel Ângelo- Aos nove anos,tardes de pescaria,despertou-me os sentidos a tranquilidade das águas,a proximidade do mar,os silêncios e os murmúrios do mar.
VE-O que pescas essencialmente?
MA-Pouco peixe,procuro outros alvos.
VE-Não pescas sózinho...
MA-Normalmente não.
VE-Corre melhor acompanhado?
MA-Sim,o importante é a sensação despertada à volta do rio.
VE-Vais ensinar o teu filho a pescar?
MA-Sem dúvida.
VE-Porquê?
MA-Para passar a ideia de companheirismo,de família,saudavelmente de forma prática.
VE-A ausência do acto de pescar interfere contigo?
MA-Não a pesca em si mas o fim que procuro na pesca,torna-se uma dependência.
VE-pode considerar-se um vício?
MA-Sim,um grande vício.

NOTA FINAL:
Acredito que a pescaria de ontem à noite no pinguimcafé foi de outro sentido,o Miguel Ângelo reforçou uma convicção que partilho que assenta na oportunidade de se conversar e expôr os assuntos de forma clara e leve como uma brincadeira de crianças,uma abordagem distinta,o que é de louvar.

terça-feira, 21 de março de 2006

Fé de A Naifa é a actual selecção musical.
Os pinguins andam a falhar, ainda não houve novas sugestões...

Esta semana ouvi uma história "curiosa"...
Pensando em escreve-la, aproveitei a sugestão do Vieira para colocar aqui uma nova música e juntei o útil ao agradavel, fazendo o que faço melhor... confundindo-vos...




tenho uma estátua fluorescente da virgem
maria que me dá confiança e brilha à noite.
tenho os joelhos magoados. o calvário dos fiéis
devia ser menos árduo.
tenho trezentos e sessenta e cinco santos numa
caixa calendário daquelas em que cada dia
tem um chocolate.
tenho um lencinho branco onde limpo as
lágrimas enquanto assisto a uma vigília via tv
depois da minha última ceia de hoje.
às vezes quando o vapor é muito, tenho o
salvador no espelho. deito-me de consciência
limpa, não me esqueci das velinhas, nem de
deixar a moedinha na caixa, e o meu "livro de
orações" tem um delicioso cheiro a mofo.
dormirei o sono dos justos e talvez não acorde
quando o galo da minha vizinha cantar três
vezes e o meu senhorio o tentar apedrejar.
sinto-me bem e deus queira que consiga não
me masturbar.
ámen.


Esta música pertence ao ultimo disco de A Naifa
podem ouvir excertos em www.anaifa.com
É uma das minhas paixões, uma nova forma de fado (ou talvez não...)

A história que ouvi esta semana foi a de um senhor natural do Afeganistão, país recentemente democratizado pelo ocidente. Ora este senhor foi denunciado pela familia por um crime hediondo e preso pelas autoridades na posse da arma do crime: uma biblia.
É verdade, este senhor foi acusado (e confessou) de se ter tornado cristão...
Tendo trabalhado com uma organização internacional que há varios anos esteve no Afeganistão, mudou-se depois para a Alemanha e fez-se cristão.
Esta semana regressou à sua terra mãe procurando obter a custódia dos filhos que tinha deixado, espera agora um julgamento que o pode levar à pena de morte.

Agora deixo-vos fazer os parelelos que bem entenderem entre esta história, de um país que por mãos amigas deixou o eixo do mal, e a letra da musica que ouvem...

Sophia

Não é por preguiça, mas para assinalar esta data tinha mesmo de trazer Sophia à nossa companhia.

Hora

Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta --- por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.

Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.

E dormem mil gestos nos meus dedos.
Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.

Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.

E de novo caminho para o mar.

Sophia de Mello Breyner Andresen

P.S. Uma das minhas paixões é a Sopa de Letras. Convido-os a passar lá agora que tem cara lavada.

Nihil Sibi

O poeta é uma fonte:
Nada reserva para a sua sede;
Canta também a dar-se,
E não dorme, nem pára.

Miguel Torga

segunda-feira, 20 de março de 2006

Ainda a marchar...

"Resta acima te de tudo essa capacidade de ternura, essa intimidade perfeita com o silêncio. Resta essa voz intima pedindo perdão por tudo. Perdoai! Eles não têm culpa de ter nascido. Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo, essa mão que tateia antes de ter, esse medo de ferir tocando, essa forte mão de homem cheia de mansidão para com tudo o que existe. Resta essa imobilidade, essa economia de gestos, essa inércia cada vez maior diante do infinito, essa gagueira infantil de quem quer balbuciar o inexprimível, essa irredutível recusa à poesia não vivida. Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento de matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade do tempo, essa lenta decomposição poética em busca de uma vida só, uma só morte, um só Vinicius. Resta esse coração queimando como um círio numa catedral em ruínas, essa tristeza diante do cotidiano ou essa súbita alegria ao ouvir na madrugada passos que se perdem sem memória. Resta essa vontade de chorar perante a beleza, essa cólera cega em face da injustiça e do mal-entendido, essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa piedade de sua inútil poesia e sua força inútil. Resta esse sentimento da infância subitamente desentranhando de pequenos absurdos, essa tola capacidade de rir à toa, esse ridiculo desejo de ser útil e essa coragem de comprometer-se sem necessidade. Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vaguesa de quem sabe que tudo já foi, como será, como virá a ser, e ao mesmo tempo esse desejo de servir, essa contemporaneidade com o amanhã dos que não têm ontem nem hoje. Resta essa faculdade incoercível de sonhar, de transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade de aceitá-la tal como é, essa visão ampla dos acontecimentos e essa impressionate e desnecessária paciência e essa memória anterior de mundos inexistentes e esse heroísmo estático e essa pequenina luz indecifrável, a que às vezes os poetas tomam de esperança. Resta essa obstinação em não fugir do labirinto, na busca desesperada de alguma porta quem sabe inexistente. E essa coragem induzível diante do grande medo e ao mesmo tempo esse terrivel medo de renascer dentro da treva. Resta esse desejo de sentir-se igual a todos, de reflectir-se olhares sem curiosidade e sem história. Resta essa pobreza intrínseca, esse orgulho, essa vaidade de não querer ser príncipe senão do seu reino. Resta essa fidelidade á mulher e ao seu tormento, esse abandono sem remissão à sua voragem insaciável. Resta esse eterno morrer na cruz de seus braços e esse eterno ressuscitar para ser recrucificado. Resta esse diálogo cotidiano com a morte, esse fascínio pelo momento a vir quando emocionada ela virá me abrir a porta, como uma velha amante sem saber que é a minha mais nova namorada."

«O Haver»
Vinicius de Moraes

quinta-feira, 16 de março de 2006

Nós

O que são as paixões? E qual a maior delas todas? Acho que não estaria a mentir se dissesse que a Vida é a maior delas todas, no entender de todos! Acredito ainda que a temos galvanizado em cada sessão que passa, de diferentes formas. Por isso a nossa partilha de paixões vai para além de uma simples troca de ideias. Não é à toa que somos Pinguins!

A sessão da Joana provou isso mesmo, e com uma simplicidade tremenda e assustadora! Fomos confrontados com um animal muito peculiar - O Pinguim! Após uma breve descrição que nos levou a compreender melhor o porquê de certas movimentações, anatomia, etc. a nossa amiga Joana deixou o clube de rastos (positivamente!) ao apresentar o grande documentário La Marche de l'Empereur.

Não é fácil falar de algo tão belo como tudo aquilo que vimos! O documentáriio em si (em francês e ainda bem) , o animal em si, a banda sonora, a realização, etc. Não é fácil porque ali vimos um filme com um sentido metafórico em relação à vida humana tão profundo que torna volátil qualquer coisa que se possa dizer. Mesmo assim não consigo ser breve nas palavras.
Cheguei a pensar durante o documentário por que raio é que nascemos seres racionais. Era tão bom se a nossa vida fosse uma linha recta em que nascemos, vivemos, procriamos e morremos! Era tão bom que nos protegêssemos uns aos outros e nos orientássemos em colaboração com um bem comum. Era tão bom que seguissemos a nossa missão no mundo com rigor e regra e que sempre que chegássemos a casa fossemos compensados com ternura e afecto. Que a morte fosse uma consequência natural da vida e que a encarássemos como tal e não como uma maldição. E que com isto tudo marchássemos em direcção a um amanhã cheio de esperança e de sol. Mas não é assim, ou pelo menos em parte! É uma lição de vida este animal! Foi isso que vi no documentário!
Mas tal como o Homem, o Pinguim também tem as suas trevas. Desde o sacrificio de suportar o Inverno mais tenebroso, a ter de fugir do predador para conseguir chegar a casa e ter a família de braços abertos, para proteger as suas crias dos abutres como Gepeto protege Pinóquio. E aqui nos revemos, encontramos a nossa sociedade evoluida numa tempestade de gelo, nos predadores, nos abutres, no degelo, no sol, na esperança. Tentamos esquecer mas não conseguimos: o trânsito, os telefones, o tabaco, os cafés, os prozac's, tudo aquilo em que nos habituámos a viver e que nos fez esquecer aquilo que realmente interessa - a vida em si!
O mundo muitas vezes insuportável e estúpido em que vivemos, contrasta aqui com algo tão belo e superior.
E há muito mais termos de comparação como a força das fêmeas, as crias... Que engraçado, parece que todas as sessões culminaram nesta, ou melhor, que esta veio fazer um resumo visual das outras sessões.

Mas talvez com a banda sonora se consiga perceber o que se viu ali. Tal como no documentário, a banda sonora é de esperança, de ternura, de melancolia, ansiedade, tristeza e separação... tal como na vida! E assim, este documentário (muito bem relaizado) deixa-nos levar àquilo que é o sentido da vida! E qual é ele então?...

Obrigado á Joana por mais uma excelente sessão que nos faz evoluir mais um bocadinho a todos. Muitos parabéns!

«A dança dos casais abre o baile do Universo»

quarta-feira, 15 de março de 2006

receitas...

Conforme o combinado... finalmente tenho uns minutos para colocar as receitas que eu, a Fi e o Granel apresentamos na sessão sobre o Azeite!!

Começando pela mais simples: Bruschetti!

Tomate em pequenos pedacinhos, temperado com muito alho picado, uma abundante rama de orégãos e regado com um bom azeite (reforço o BOM, pois não é cozido e toda a mistura é contaminada pelo sabor do dito cujo). Serve-se com um pão torrado, de preferência caseiro e do dia anterior.
Instruções de utilização: conforme demonstrado na sessão

Molho Tsatsiki

Este molho tem como base um iogurte grego que encontro geralmente, e só, no Froiz (atenção: não açucarado e sem frutas secas). Alho e pepino picados a gosto. Servido com um fio de azeite. Óptimo para acompanhar carne, batatas fritas ou simplesmente pão.

Carpaccio (o primeiro a desaparecer...)

Carne ou peixe (novilho, vitela, vaca, salmão, etc) fatiada de uma forme muito subtil (para facilitar o processo, gelo um pouco a carne ou o peixe). Distribui-se sobre um prato e tempera-se com sal e pimenta qb. Ataca-se com sumo de limão (geralmente meio por prato), um fio de azeite e complementa-se com um queijo de sabor forte (parmesão, grana padano, queijo da ilha, etc), com salsa picada ou umas folhas de rúcola e, para quem gostar, uns cogumelos frescos picados.
Instruções de utilização: conforme demonstrado na sessão

Por último a Focaccia de alho.

Como repararam as quantidades para mim são um pouco relativas... mas vou tentar!

1Kg de farinha sem fermento (farinha ideal: “farina di grano duro tipo 00”)
2 chávenas de água quente
80 Gramas de fermento de padeiro (à venda em qualquer padaria ou pingo doce)
Sal, orégãos, alho e o SS (digo “Senhor da Sessão”): o Azeite

Preparação
Opção A (só para quem gosta de sujar as mãos e exercitar os músculos)
Numa chávena dissolve-se o fermento e na outra o sal.
Divide-se a farinha em duas porções, com um garfo mistura-se cada uma das chávenas com uma porção de farinha. Á porção com o sal adiciona-se orégãos e uma ½ chávena de azeite.
Fumar um cigarro ou aguardar um pouco...
Juntam-se as duas porções e amassa-se todo o preparado sobre uma superfície polvilhada com farinha. Quando se obtiver uma massa homogénea e que se solta facilmente das mãos colocar num recipiente grande (pois a massa duplica o volume). Com dois golpes marcar um X na massa (ajuda no processo) e cobrir com um pano.
Fumar vários cigarros e aguardar uma hora/duas... ... ... ...
Opção B
Para evitar todo este processo: ir a uma padaria e comprar massa para pão já preparada! (processo mais simples, porém com as suas desvantagens: não existe controlo do stress potenciado pela descarga energética no acto de amassar e não se suja a cozinha)

No entanto, qualquer que tenha sido a forma de obtenção do preparado é necessário amassa-lo de novo. Estender a massa com cerca de 3cm de altura num tabuleiro generosamente untado com o SS. Polvilhar com alho picado, regar com o SS e levar ao forno (180/200º) cerca de meia hora (ou aproximadamente 3 cigarros).
Quando sair do forno é de novo regado com SS (sim de novo)!

Bom apetite!

segunda-feira, 13 de março de 2006

Torre de Babel

Gabriel García Márquez homenageia o seu "Pablito Milanés". Este é o som que estão a ouvir no blog.

Como nota introdutória a um dos seus discos, "Pablo Querido", descreve-nos aquilo que seria a casa de Pablo Milanés, espaço de convivio e criação.

Uma casa sem portas nem janelas por onde circulam culturas e linguas, que se encontra onde a procuremos e a quisermos encontrar.

Nesta "casa" os amigos, cidadãos do mundo, na confusão doméstica, cada um na sua onda, na sua lingua mas todos vivendo para a música, expondo o mito biblico da torre de Babel como válido apenas na fraqueza humana.

Gabriel García Márquez teve o privilégio de conhecer este milagre de Pablo Milanés, Pablo Milanés certamente conheceu outros milagres (incluindo do primeiro), e nós? Que milagres conhecemos? Que milagres podemos fazer?

Chamadas eróticas pagas com terrenos

"Portugal Telecom (PT) leva, hoje, à praça, no Tribunal da Guarda, três terrenos penhorados à Junta de Freguesia do Rochoso para cobrar parte de uma dívida superior a 50 mil euros, mais juros de mora contabilizados desde 1998. Uma conta de telefone avultada que resultou das chamadas eróticas efectuadas por um anterior presidente da Junta, que se demitiu pouco depois de rebentar o escândalo."
Luís Martins, in JN

Pois é...
A importancia desta noticia, publicada no JN de hoje, é relativa mas exemplifica muito do que por cá se passa...
Um presidente de junta democráticamente eleito também precisa de descontrair, nos intervalos das pilhas de papéis a estudar, dos inumeros despachos, das queixas da dona Joaquina e do senhor manel, do saneamento a resolver na rua as águas, da electricidade que ainda falta na aldeia da luz um homem não é de ferro... E de vez em quando lá faz uns telefonemas para umas amigas que o consolam e lhe dão apoio moral...
Pois é...
O resultado, obviamente, é uma população que se divide entre a culpabilização e o coitadinho (ai que só falam mal dele e não se lembram do que fez de bom).
Pois é...
A verdade é que legalmente a Junta de Freguesia tem uma conta de 50 mil euros para pagar... E vai ter que os pagar... Porque foi feita por um responsavel da mesma, democráticamente eleito...
Pois é...
E no fim pagamos todos nós...
Pois é...
Pergunto-me se esta contínua impunidade, não só politica, que por cá se vive não se resolveria com um pouco mais de coragem...
O que falta para que as pessoas (individualmente) sejam responsabilizadas pelos seus actos?
O que falta para que alguém no exercicio da sua profissão, actuando de forma dolosa ou simplesmente irresponsavel, seja condenada nos tribunais a compensar de alguma forma a comunidade ou o país?
Pois é... E assim vamos vivendo por cá...

domingo, 12 de março de 2006

Domingo Sem Deus

Desde que cheguei a S. Mamede, há uns bons 18 anos, que tive de encarar a procissão do Senhor dos Passos!
Ao belo estilo Jesus Cristo Superstar, sempre me pareceu algo despropositado e falso!
Vejo as crianças na frente mascaradas de anjos, e de Jesus, e de Maria e de romanos, e tudo me faz lembrar um desfile de Carnaval! Vejo barracas de farturas e pipocas, brinquedos! Vejo sermões contra o demónio e aleluias! Sinceramente não vejo é nada de positivo!

Não deveria ser esta uma época de esperança, pelo menos até á Páscoa? Nem num mundo muito peculiar como o da Igreja Católica existe uma consistência, uma coerência evoluida! Parece que voltámos á idade média e tudo isto é uma grande romaria. Note-se que do desfile carnavalesco (que é o que aquilo parece) vão as crianças á frente mascaradas, a malta da diocese comprometida com a missão de evangelizar tudo o que vier á mão e atrás uma espécie de Opus Dei paroquiana onde os poderosos da terra aparecem como benfeitores por baixo de um andor violeta! Os verdadeiros anjos da morte!

Eu sou um cristão convicto, mas não consigo compreender esta situação que me fez afastar da Igreja Católica, ou melhor, ajudou a que eu me afastasse!
Como no «Rei, o Sábio e o Bobo» torna-se dificil escolher uma religião e acreditar que ainda existe algo de verdade no meio disto!

Hoje senti-me verdadeiramente vazio na minha crença e passei um Domingo sem Deus! Hoje, mais do que nunca senti um vazio termendo no olhar dos homens da minha terra que todos os dias se queixam da vida mas nenhum deles faz nada para continuar nela de cabeça erguida!

quinta-feira, 9 de março de 2006

Dia Internacional da Mulher


Não pensem que troquei as datas, mas como ontem muita boa gente andava a digerir o repasto das azeitonas e para não desviar a atenção do post da Ana sobre a matéria, achei por bem publicar este magnifico excerto da Virginia Woolf, sobre a luta da mulher pelo seu reconhecimento individual, apenas hoje:

“... Descobri que ... Precisava travar uma batalha com um determinado fantasma. e o fantasma era uma mulher, e quando cheguei a conhecê-la melhor, passei a chamá-la pelo nome da heroína de um famoso poema, "o anjo na casa" ... Ela era intensamente simpática. Maravilhosamente encantadora. Totalmente abnegada. Ela se distinguia nas difíceis tarefas da vida em família. Se havia galinha, ela ficava com o pé, se havia uma corrente de ar, sentava-se bem ali. Em suma, sua constituição era tal, que ela nunca tinha um pensamento ou desejos próprios, preferindo antes apoiar os pensamentos e desejos dos outros. Acima de tudo, ela era, é desnecessário dizer pura ... E quando me punha a escrever, deparava-me com ela logo nas minhas primeiras palavras. a sombra de suas asas espalhava-se sobre a minha página; eu ouvia o farfalhar da sua saia no quarto ... Ela se aproximava furtivamente pelas minhas costas e sussurrava ... Seja simpática; seja delicada; faça elogios; engane; lance mão de todas as artes e ardis do seu sexo. Nunca permita que alguém pense que você tem um pensamento próprio. Sobretudo, seja pura. E agia como se estivesse guiando a minha caneta. Relato agora a única ação que me levou ter um apreço por mim mesma ... Voltei-me para ela e a agarrei pela garganta. Apertei com toda minha força, até matá-la. Minha defesa, caso fosse levada a um tribunal, seria a de que agi em defesa própria. Se eu não a matasse, ela me mataria.” (Virgínia Woolf)


créditos: Pipia , retirado de http://www.olhares.com/luz/foto1203.html

rrrrrr zzzzzz rrrrrr zzzzzz rrrrrr

Acabei de rever o "Shining" de Stanley Kubrick no canal Hollywood (bendito seja) e não resisti a pôr este post, comprometo-me contudo a apresentar num futuro próximo uma sessão sobre isto.

Atrevo-me a deixar no ar uma pergunta... Quem sabe/reconhece/lembra o que o som:
"rrrrrr zzzzzz rrrrrr zzzzzz rrrrrr"
quer dizer?

Desculpa lá Valter... O Stephen King é um excelente escritor, mas só um génio como o Kubrick faria de um livro seu uma obra-prima do cinema!

quarta-feira, 8 de março de 2006

AZEITE!!!

É verdade esta é uma das paixões do Granel, do Pedro e da Fi.
A paixão não é o azeite propriamente dito, mas sim o que este proporciona. (dizem eles)

Esta sessão teve início com uma explicação sobre: a origem da palavra azeite, a origem deste em Portugal, a oliveira e a produção do azeite.
A palavra azeite é de origem árabe (Az + zait) que significa “sumo de azeitona”.

Não tendo eu nenhum conhecimento sobre esta matéria, julgo que o mais “correcto” (em relação à parte teórica) é colocar excertos de frases dos diapositivos apresentados na sessão de ontem. (Deste modo, toda e qualquer falha existente não são da minha responsabilidade!!!)
“A oliveira surge no Paleolítico Superior, provavelmente na região da Ásia Menor.”
“Hoje em dia a produção do azeite está espalhada por todo o mundo, desde que as condições climatéricas lhe sejam favoráveis.”
“O azeite sempre esteve presente nos recantos da vida diária dos Portugueses na candeia do pobre e no candelabro do rico, na mesa frugal do camponês e nos solenes templos dos velhos cultos”
Em relação à oliveira… Esta árvore em muitas “manias”! Tem um porte médio (normalmente não atinge os 6 m de altura). Gosta de sol e clima seco. È uma árvore resistente mas, necessita de cuidados (protecção das pragas, poda bianual e rega em Abril/Maio e em Setembro/Outubro). O seu crescimento é lento e produz ao fim de 5 anos. O seu desenvolvimento pleno é aos 20 anos e dos 35 aos 150 atravessa a maturidade, encontrando-se em plena produção. Após os 150 anos envelhece e o seu rendimento é irregular.
(O que uma pessoa aprende sobre as árvores.)
E se as oliveiras têm “manias” as azeitonas têm muitas mais… em relação ao transporte, à temperatura, etc. É difícil obter-se um azeite de qualidade!
E deixando a teoria de lado… HAVIA COMIDA (deliciosa)!!!

Inicialmente foi-nos sugerido que demolhássemos tostinhas em pratos com diferentes tipos de azeite, num dos pratos o azeite tinha orégãos, outro tinha azeite puro, outro azeite com manjericão e ainda outro prato com azeite, alho picado e louro…
Numa outra mesa tínhamos mozzarella, Bruschetta, Punheta de Bacalhau, Foccacia, Carpaccio, Molho Tsatsiki e azeitonas retalhadas. Também havia muitas tostas e vinho para acompanhar este manjar.
A mistura de cores era fantástica, assim como o sabor…
Huummm!!!
Para quem não foi fiquem com algumas imagens… os olhos também comem, não?


Punheta de Bacalhau
(à moda do Miguel)
Palavras dele.




Bruschetta
(origem Italiana)


Molho Tsatsiki




(origem Grega)
Delicioso para acompanhar com as tostinhas





(Havia muito mais coisas e muitas mais imagens, mas... )

terça-feira, 7 de março de 2006

segunda-feira, 6 de março de 2006

Música no Blog

Quando entraram no Blog, devem ter verificado que a página demorou um pouco (irritantemente bastante) mais a abrir que o habitual. Antes que comecem a amaldiçoar o vosso servidor de internet, eu confesso que a culpa é minha. Mas como já terão verificado é por uma boa causa.

Dado saber que todos vós passam imenso tempo das vossas incursões cibernéticas aqui no Blog, achei por bem tornar a estadia mais aprazivel adicionando-lhe o prazer da audição. A ideia será que todos possam partilhar a vossa paixão musical através do Blog. Para tal bastará enviarem-me a musica em mp3 que eu depois adiciono (IMPORTANTE: a musica não pode exceder 2,5 Mb, ou caso contrario autorizarem que passe apenas um excerto).

Sobre a música que hoje escutamos, os mais atentos devem ter reconhecido o tema do filme 2046, de Wong Kar Wai.

A minha opção sobre esta música não é facil de explicar. Trata-se de um tema de emoções. Tal como no nosso dia-a-dia, vivemos momentos frenéticos, de relaxe ou somente de deriva. Assim é este 2046. Um retrato do quotidiano.
Para mim é também mais do que isso, é relembrar-me tudo de bom que me tem acontecido. Uma música associa-se a situações vividas e por isso esta me é tão grata. Há um outro motivo para a escolha deste tema. Tal como o filme, a música é um poema. E como um dia o Amigo Nuno me lembrou :

Museu do Pão

Hoje, como é meu costume, vim espreitar este nosso espaço de convivio.
Não sei muito bem porquê senti o "cliché" de qualquer comum cronista, apetecia-me (quase obrigação) escrever algo... Sem o Ambrósio por perto para me trazer um Ferrero Rocher decidi apresentar-vos uma sugestão!

Encontrei no meio dos vários papéis que arrumei hoje (pertenço aquela raça de seres esquisos que se recusa a deitar fora um unico papel que seja) um folheto do Museu do Pão.
Já não me lembro como me veio parar às mãos, mas percebo porque o guardei, apesar de nunca ter visitado este espaço espero um dia destes passar por lá.

O Museu do Pão fica em Seia, tem várias salas temáticas e organiza actividades regulares.
As salas temáticas são: Sala do ciclo do pão, Sala do pão politico, social e religioso, Sala da arte do pão e por ultimo uma sala para os mais pequenos o mundo fantástico do ciclo do pão.
Entre as actividades organizam tertulias e passo a citar:

"Tertúlias- No derradeiro sábado de cada mês, o museu convida uma personalidade da cultura portuguesa, que no Bar-Biblioteca conversa com o público. Deste modo se procede a uma aproximação entre personalidades culturais portuguesas e o público, numa frutuosa troca de ideias. Estas tertúlias, por onde têm passado algumas das mais ilustres personalidades culturais portuguesas em muito tem contribuído para a dinamização da região serrana, tendo já alcançado assinalável projecção."

Assim aqui fica a minha sugestão, se passarem por Seia visitem-no, se lerem este post visitem-no em http://www.museudopao.pt, de qualquer forma parece-me interessante que alguém se dê ao trabalho, não só de investigar, mas de apresentar ao publico a nossa História do dia a dia.

Bem hajam as entidades e Camaras Municipais que ainda têm coragem para desenvolver este tipo de iniciativas.

sábado, 4 de março de 2006

Fotos da Esperança

Há algo que me tem deixado a pensar nestes últimos dias... Tenho vindo a visitar o nosso blog regularmente e tenho-me deparado sempre com a mesma fotografia no quadrado da esperança e sempre que olho para a fotografia ponho-me a pensar:
A rapariga nasceu em 1987 e desapareceu em 1994. Tinha então 7 anos e a foto, na melhor das hipóteses, é dessa altura. Ora, estamos em 2006 e já se passaram 12 anos (!!!), o que significa que a rapariga tem 19 anos. Como é que será possível encontrar uma criança que já não é uma criança??? Como posso eu olhar para uma rapariga de 19 anos a pensar que será a menina da foto?? Eu se olhar para uma rapariga de 19 anos, posso reparar em montes de coisas (um homem não é cego, se é que me entendem...)), mas a última coisa que me passará pela cabeça é lembrar-me da menina da foto.
Acho que o projecto é mais para nos deixar um alerta, não cair no esquecimento de que estas coisas acontecem e que o mundo não é um mar de rosas.

quarta-feira, 1 de março de 2006

Garatujas

A partilha de paixões quando é contada na 1ª pessoa tem sempre algo de encantador e foi esse encantamento que a Ana ontem nos passou.

Começamos por saber que a paixão da Ana são as crianças ("de uma forma legal", como o Jorge citou J.P. Simões). Para nos demonstrar a sua paixão, a Ana decidiu apresentar-nos um tema que de tão simples se torna complicado analisar: os desenhos das crianças, ou tecnicamente as Garatujas.

Para as crianças, dizer-lhes que o seu desenho é bonito ou o que significa é algo extremamente vazio. O desenho de uma criança é uma manifestação de estado de espirito (não se espantem em ver recorrentemente o sol a sorrir nos seus desenhos, as crianças são tendencialmente felizes) e através dele podemos descobrir os seus interesses ou prioridades.

Ao analisar uma garatuja é importante termos noção das suas fases de evolução. As garatujas podem ser desordenadas (de riscos dispersos, de vai vem, de leque ou de novelo), controladas (de duplo controlo, escritinhas, mandala ou girino) ou com nome.
É deste modo que a criança atinge a fase ideoplástica, fazendo a figura humana evoluir do girino para homem batata, homem palito ou homem estrada.Gostava de vos falar sobre as caracteristicas desta fase mas sem as imagens que a Ana disponibilizou torna-se de dificil compreensão e algo maçador.

Agora que já sabemos observar uma garatuja, a Ana decidiu apresentar-nos o projecto Poesia ia ia, no qual algumas crianças com toda a liberdade criativa uniram a expressão visual à poesia gerando estes exemplos de Arte:








NOTA: Este post não consegue reflectir a qualidade do tema da Ana, não só por não ser contado na 1ª pessoa, mas também pela limitação visual. Quem pretender ter acesso a mais imagens envie-me um mail que eu depois reencaminho as imagens todas.