terça-feira, 23 de dezembro de 2008
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Segundas com Poesia e muito Spranger
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mão à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
e eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os meus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mão à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
e eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os meus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
terça-feira, 14 de outubro de 2008
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
A metafísica do esquecimento
A morte do Joaquim levou-me a uma conversa com o Spranger sobre a falta das conversas em tertúlia, das discussões, das paixões, etc. Curiosamente nenhum dos dois falou no Clube. Por que será? Por que motivo nos terá passado completamente ao lado uma coisa de que gostamos tanto e que vimos morrer com grande tristeza?
Julgo que a resposta é fácil. Não por eu ser um indivíduo brilhante - porque sou - mas porque é óbvia. O esquecimento do clube é igual a todos os outros esquecimentos. Mudámos. Deixámos de olhá-lo como uma prioridade. Deixámos de querer partilhar, e um dos erros de quem partilha em grupo é demitir-se da partilha.
No meu crer, as comunidades só funcionam se todos remarem para o mesmo lado. De nada interessa a paixão se não houver sacrifício, e o clube é como um amor que queremos preservar - uma estrada que conduzimos juntos, lado a lado.
Julgo que a resposta é fácil. Não por eu ser um indivíduo brilhante - porque sou - mas porque é óbvia. O esquecimento do clube é igual a todos os outros esquecimentos. Mudámos. Deixámos de olhá-lo como uma prioridade. Deixámos de querer partilhar, e um dos erros de quem partilha em grupo é demitir-se da partilha.
No meu crer, as comunidades só funcionam se todos remarem para o mesmo lado. De nada interessa a paixão se não houver sacrifício, e o clube é como um amor que queremos preservar - uma estrada que conduzimos juntos, lado a lado.
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Joaquim Castro Caldas na RUM
"A propósito do falecimento de Joaquim Castro Caldas, no Livros com RUM desta semana repomos uma entrevista recentemente concedida a este programa. Esta conversa-testemunho é, ao mesmo tempo, pungente, lírica e dramática. Joaquim Castro Caldas foi uma das últimas vozes da poesia em que o risco foi companheiro da entrega à vida na sua dimensão mais intensa."Num dia abstracto uma conversa concreta".
Fica aqui a nossa homenagem a um dos últimos trovadores andarilhos da criatividade poética onde a valeta era a porta do Ser.
Para ouvir Quinta-feira entre as 21 e as 22 horas, Domingo, entre as 20 e as 21, ou aqui."
PS - Rádio Universitária do Minho
Fica aqui a nossa homenagem a um dos últimos trovadores andarilhos da criatividade poética onde a valeta era a porta do Ser.
Para ouvir Quinta-feira entre as 21 e as 22 horas, Domingo, entre as 20 e as 21, ou aqui."
PS - Rádio Universitária do Minho
domingo, 31 de agosto de 2008
uma carta tardia
não morras já. deixa-nos dizer-te que tens razão, que sempre tiveste! deixa-nos ouvir as palavras que dizes sobre o mundo feio e alarve. fala-nos na esperança e no d.sebastião. fala das pedras e dos sentimentos mortos daqueles que fingem as palavras; daqueles que abusam de si próprios e controlam o instinto e aos quais falta a razão dos deuses e do vinho. espera, não vás já. fala anglais pró franciú perceber que há ainda tanto a fazer e que de resto estás nice, thank you. aninha-te um pouco no colo do porto, espera pela sms ou pelo e-mail, vai-me visitar no blog, porque não há tempo para missivas lentas. deixa que te ouçam dizer que nos aceleram sem sentido, que nos mexem nas vísceras e que estas não têm lei. diz-lhes que lhes falta o amor do beijo do amigo, o calor dos sonhos e o conforto marsupial de quem corre léguas e léguas pelo mundo. oh coração imenso, oh mente celeste! não partas agora que é cedo e a praia é a manhã, o começo, não o fim. nem tiveste tempo de envelhecer. foste eternamente.
para o joaquim castro caldas, poeta do ontem e do hoje para todo amanhã. amigo da cave e do blues. artista de todas as ruas. morreu num domingo e não acreditava em deus.
para o joaquim castro caldas, poeta do ontem e do hoje para todo amanhã. amigo da cave e do blues. artista de todas as ruas. morreu num domingo e não acreditava em deus.
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Em posto de escuta
Para já o ano não está mau no que a novidades musicais diz respeito. É, sem dúvida, na diversidade que está a tendência do ano.
Desde os mais clássicos, como Nick Cave, até aos mais novinhos e estreantes The Dodos. Nneka fica como o disco do verão e Tricky como um regressado bem vindo.
Para que este blog não caia no esquecimento - já que não tem havido golpes publicitários - deixo-vos com um tema daquele que para mim é, para já, o albúm do ano.
The Dodos - Fools
(Visiter, 2008)
terça-feira, 10 de junho de 2008
segunda-feira, 9 de junho de 2008
FITEI 2008
Terminou mais uma edição do FITEI 2008, e eu continuo a fazer convites atrasados...
Mas este não é um convite a ver... É um convite a falar do que viram... Porque quem não viu, visse...
Deixo-vos os L'Avalot Teatre que trouxeram o "Dinomaquia 2", podem ver fotos aqui.
Se não foi do melhor que vi dentro do género, a verdade é que foi muito bom, mas sou suspeito, porque gosto deste tipo de espectáculo, teatro de rua, performativo e interventivo com o público.
Porque sou admirador do conceito de arte pública, porque é a forma mais directa de as manifestações artísticas cumprirem a sua função comunicativa. Sendo capaz de encher as ruas de uma cidade, dar-lhe vida e convidar a ver mais...
Dinomaquia 2 é um espectáculo que comporta alguma agressividade, "ma non troppo", apenas a suficiente para ver algumas centenas de pessoas a correr pela avenida dos aliados fugindo dos esqueletos jurássicos, movimentado, divertido e visualmente atrativo...
Podem saber mais em http://www.fitei.com/
ou em http://www.fitei.blogspot.com/
Mas este não é um convite a ver... É um convite a falar do que viram... Porque quem não viu, visse...
Deixo-vos os L'Avalot Teatre que trouxeram o "Dinomaquia 2", podem ver fotos aqui.
Se não foi do melhor que vi dentro do género, a verdade é que foi muito bom, mas sou suspeito, porque gosto deste tipo de espectáculo, teatro de rua, performativo e interventivo com o público.
Porque sou admirador do conceito de arte pública, porque é a forma mais directa de as manifestações artísticas cumprirem a sua função comunicativa. Sendo capaz de encher as ruas de uma cidade, dar-lhe vida e convidar a ver mais...
Dinomaquia 2 é um espectáculo que comporta alguma agressividade, "ma non troppo", apenas a suficiente para ver algumas centenas de pessoas a correr pela avenida dos aliados fugindo dos esqueletos jurássicos, movimentado, divertido e visualmente atrativo...
Podem saber mais em http://www.fitei.com/
ou em http://www.fitei.blogspot.com/
terça-feira, 3 de junho de 2008
The Armed Man by Karl Jenkins
Na passada sexta feira o Coro de S. Tarcísio encerrou as comemorações dos 50 anos de actividade com um concerto memorável... Ou melhor uma missa...
Para quem não foi à igreja da Santíssima Trindade aqui fica um aperitivo do original.
Para quem não foi à igreja da Santíssima Trindade aqui fica um aperitivo do original.
Cinemateca no Porto
Está a decorrer um abaixo-assinado para que seja criado um polo da Cinemateca de Lisboa no Porto.
Creio que é de todo o interesse que os apaixonados da 7º Arte subscrevam a petição em http://www.petitiononline.com/Circuito/petition.html .
Assinem e façam circular!
Creio que é de todo o interesse que os apaixonados da 7º Arte subscrevam a petição em http://www.petitiononline.com/Circuito/petition.html .
Assinem e façam circular!
domingo, 1 de junho de 2008
"Solta a morte Miséria!..."
Miséria do Teatro de Marionetas do Porto
Espectáculo baseado num conto popular.Miséria, um pobre ferreiro, engana a Morte e é assim condenado à eternidade.“Falou então a Morte do alto da nogueira e fez com o velhinho um contrato: poupar-lhe a vida enquanto o mundo fosse mundo.O velhinho consentiu e a Morte desceu. Por isso, enquanto o mundo for mundo a Miséria existirá sobre a Terra.”
(conto popular)
(conto popular)
“O que há de espantoso neste espectáculo é o jogo entre o que pertence às marionetas e o que pertence ao actor em carne e osso, ao mesmo tempo manipulador e intérprete...
A perfeição das coisas, diria Cesário Verde. Não há muito a dizer de um espectáculo como este. Obra-prima do teatro de marionetas, obra-prima do teatro, simplesmente.”
(Carlos Porto, Jornal de Letras)
Vem atrasado, pelo menos já não serve de convite a ver... Mas porque é uma paixão, um grande espectáculo e acima de tudo uma grande história de dois contadores natos, João Paulo Seara Cardoso e Álvaro Magalhães...
Quem não quiser perder mais pode procurar a programação do TMP e ver as proximas...
segunda-feira, 26 de maio de 2008
Sócio da selecção ?
Com tanta publicidade e como apreciador de futebol e da selecção nacional pensei em fazer-me sócio desta, ainda por cima de borla, mas claro que continuo a ser um crente em relação a estas coisas e gastei o meu tempo a ir ao site da publicidade e lá percebi que não me ia fazer sócio da selecção mas sim abrir uma conta no BES.
Decidi não o fazer mas no Euro quando estiver a torcer pela equipa nacional, prometo que vou gritar: Allez, Espirito Santo Allez!
Decidi não o fazer mas no Euro quando estiver a torcer pela equipa nacional, prometo que vou gritar: Allez, Espirito Santo Allez!
quinta-feira, 24 de abril de 2008
A minha revolução
You say you'll change the constitution
Well, you know
We all want to change your head
You tell me it's the institution
Well, you know
You better free you mind instead
But if you go carrying pictures of chairman Mao
You ain't going to make it with anyone anyhow
sábado, 5 de abril de 2008
Estes bretões são loucos
Os E.U.A. habituou-nos a notícias absolutamente ridículas em relação a actos praticados pela sua administração ou pelos seus cidadãos, como por exemplo o condenado à morte que se tentou suicidar e foi reanimado para poder ser executado de acordo com a lei ou então o cidadão que requeriu o divórcio porque se tinha casado com uma mulher de 20 anos que pesava 50kg e não esperava que ela fosse pesar 100kg aos 40.
Todos sabemos que os E.U.A foram colonizados pelos ingleses e estes agora estão empenhados a que ninguém se esqueça disso. Depois das cameras de vigilância, introduziram o audio nestas para gravar as conversas e para poderem comunicar com os cidadãos mal educados: "You are saying nasty words" ou "You cannot piss in the corner".
Mas isto não basta para zelar pela ordem pública, há que ir mais longe e lá veio mais uma barbaridade, a questão 22.
Todos sabemos que os E.U.A foram colonizados pelos ingleses e estes agora estão empenhados a que ninguém se esqueça disso. Depois das cameras de vigilância, introduziram o audio nestas para gravar as conversas e para poderem comunicar com os cidadãos mal educados: "You are saying nasty words" ou "You cannot piss in the corner".
Mas isto não basta para zelar pela ordem pública, há que ir mais longe e lá veio mais uma barbaridade, a questão 22.
segunda-feira, 31 de março de 2008
O que é Nacional é bom...
Isto é que é ter orgulho na terra onde se vive...e o que é Nacional é mesmo bom...
domingo, 30 de março de 2008
Póquer
Rui Spranger, ao ler esta noticia lembrei-me de ti... e dos apaixonados pelas noitadas de Póquer...
sexta-feira, 28 de março de 2008
quinta-feira, 27 de março de 2008
ANIVERSÁRIO PRIMAVERA
Os passarinhos a nascer, as flores a iluminarem-nos com as suas cores brilhantes, e no sábado dia 29 de Março, pelas 23h00 na cave mais conhecida do Porto, Pinguim Café, uma festa de aniversário da menina reporteira, Marta Araújo.
O tema da festa é a Primavera (nada de Flower Power, não haja enganos não queremos misturas com pseudo hippies (excepto o Vitor)).
Nesta noite tão especial haverá a "actuação" de duas presenças muito animadas:
-O Sr. Jorge com a sua inseparável guitarra;
-e o suspeito do costume é o DJ de serviço.
Todos os Pinguins e afins estão convidados a aparecer, pois será uma grande animação durante toda a noite e a menina Marta agradece.
(eu estarei lá para chatear o Jorge...obviamente).
quarta-feira, 26 de março de 2008
Férias na Galiza
Aproveitando uns dias de folga, houve que dar asas a uma das minhas paixões, também partilhada por outros membros do Clube e pela Lisa - Viajar !
De início tinhamos previsto ir para os Picos da Europa, mas dadas as previsões climatéricas, optámos por uma volta pela Galiza.
Na quarta-feira de manhã dirigimo-nos a Vila Nova de Cerveira, onde subimos ao “veado”, para mostrar à Lisa uma das minhas paisagens preferidas e um dos meus locais de eleição do meu Portugal. Apesar do vento cortante, lá fizemos uma pequena caminhada.
Atravessámos depois a ponte e dirigimo-nos a A Guarda, vila piscatória que tanto me agrada e de onde tenho algumas memórias engraçadas. Depois, foi seguir pela costa até Baiona, onde acabámos por almoçar, comendo uma belissíma parrilhada de peixe e marisco. Havia que fazer a Lisa provar as Navajas, um dos mariscos que eu mais aprecio e que passou também a ser um dos preferidos dela. Uma pequena caminhada depois de almoço para fazer a digestão e reabastecer-nos de tabaco para as férias.
Aproveitando o Sol, a costa continuou a ser o trajecto (com algumas paragens) até Vigo, cidade que apenas atravessámos, apanhando em seguida a auto-estrada até Pontevedra. Aqui, desviámos novamente para a costa, pois eu queria conhecer Sanxenxo e o Grove, mas a vila que mais nos encantou foi Cambados. Por aqui fomos parando algumas vezes e por fim, chegámos a Padron, onde pensávamos comer uns pimentinhos, mas apesar de serem as festa da cidade, de haver imenso movimento e barulho, não havia pimentos por estarmos fora da época (aqui perguntei-me de onde veem os pimentos do Pingo Doce, que eu tanto tenho cozinhado). Acabámos por beber uma cerveja e um chá (a Lisa é que conduzia) e dirigimo-nos directamente para Santiago, onde tinhamos o Krzysztof (um Couchsurfer) à nossa espera para nos dar alojamento por dois dias. O Krzysztof é polaco e é estudante de Medicina e encontra-se em Erasmus em Santiago e, apesar de estar a receber a primeira visita da mãe, aceitou em hospedar-nos. Também ele um viajante (já percorreu a américa latina toda), é membro há já alguns anos do Hospitality Club e inscreveu-se no Couchsurfing dois dias antes da nossa chegada e tivemos a honra de sermos os primeiros “guests” dele através do CS.
Além de toda a simpatia, de um quarto só para nós, ainda jantámos juntos a sopa que tinham preparado e café e chá. Propusemos imediatamente acompanharem-nos no dia seguinte a Fisterra, proposta que aceitaram, e no dia seguinte de manhã, partimos os 4 para Noya, vila onde apanhámos a estrada da costa até ao Cabo. A viagem prosseguiu em ritmo lento, com muitas paragens naquelas fantásticas praias e passeios pelos seus areais e piqueniques à beira mar. Ao fim de algumas horas lá chegámos ao Cabo Fisterra que estava repleto de turistas e alguns peregrinos, que cumprindo a tradição, queimavam as camisas utilizadas no Caminho de Santiago. Depois de uma hora passada a contemplar o mar, regressámos da forma mais directa possível a Santiago (cento e tal kms por estradas secundárias) e, apesar do cansaço eu e a Lisa ainda fomos dar uma volta pela cidade tentando aproveitar a pouca luz que ainda havia. Como seria de esperar esta estava entupida com turistas e tornava-se difícil circular em algumas das ruas, mas lá entrámos na Catedral e demos a nossa volta acabando a comer umas tapas no único tasco só ocupado por populares, estando nós ali no meio a estragar a paisagem humana natural.
Regressámos a casa para dormir uma sesta nocturna e, já tarde, saímos com o Krzysztof para beber umas cervejas. Fomos naturalmente ao “Avante” o “bar-manifesto de esquerda independentista galega” onde bebemos uma cerveja e a seguir fomos a um bar punk, levados pelo Krzysztof, onde depois de uma quantidade razoável de “cañas” compradas ao litro e dividídas entre nós, acabámos a jogar matraquilhos com um grupo de galegos que nos deram umas valente coça naqueles matrecos estranhos em que os jogadores têm as pernas abertas e estão divididos num 4x4x3 muito estranho para quem está habituado às mesas portuguesas. Mas fomos simpáticos e não nos queixámos do estado do relvado.
Como já era mais que tarde, fomos para casa onde terminámos a noite a beber vodka polaco com sumo de maçã e às 06h achámos que o melhor seria ir dormir.
Acordámos por volta do meio-dia convenientemente ressacados, mas apesar disso, juntámos as trouxas, despedimo-nos e fomos para a Coruña.
Graças a um CS que não nos pôde alojar, mas que nos deu uma indicação preciosa de um hostal, lá acabámos por arranjar um alojamento por 24€ (sem casa de banho), o que não nos pareceu nada mau. Depois de marcado o quarto, fomos logo dar uma volta. Eu queria mostrar à Lisa o Rosalia de Castro, teatro onde representei há uns anos e um dos mais bonitos por onde passei. Por sorte, quando estávamos à porta vimos gente a correr diringindo-se à bilheteira e olhando para os cartazes, apercebemo-nos que estava um espectáculo a começar naquele momento e mesmo sem saber exactamente de que se tratava, comprámos bilhetes e fomos vêr.
Depois fomos comer umas tapas (jantar) e telefonei ao Gonzalo, amigo que foi erasmus aqui no Porto quando eu, o Vieira e o Raul estivémos à frente do Pinguim.
Depois da janta, onde fomos absolutamente roubádos nos preços, fomos descansar para o Hostal e mais tarde encontrámo-nos com o Gonzalo que foi um verdadeiro guia nocturno e lá tivemos mais uma noite a acabar às 06h da manhã.
Ainda não sabíamos se iríamos ficar naquela magnifica cidade ou se seguiríamos viagem, dado que se anunciava chuva, neve, vento e muito frio para o dia seguinte em todo o norte espanhol, galego e basco.
O dia amanheceu muito tarde, ressacado, mas não muito chuvoso e até com alguns momentos com um belo sol. Decidimos então seguir viagem em direcção a Lugo, cidade rodeada por uma impressionante muralha romana.
As informações afinal estavam correctas e tivemos momentos em que estivemos quase a parar o carro dada a intensidade da chuva e do vento, mas acabámos por chegar a Lugo.
Aqui encontrámo-nos com a Cris, outra erasmus do tempo do Gonzalo e amiga deste e minha, e fomos comer mais umas tapas e abrigar-nos da chuva que começava calmamente a transformar-se em neve.
Mais uma vez e, apesar de termos encontrado o carro coberto de gelo, decidimos rumar a Ourense e atravessámos um forte nevão na viagem que foi desaparecendo à medida que avançávamos em direcção a sul.
Chegámos a Ourense já de noite e depois de estacionado o carro não muito longe do centro, demos umas voltas à procura de um hostel e acabámos por encontrar um bem simpático pela módica quantia de 27€ com casa de banho privativa, aquecimento, televisão e bons metros quadrados.
Ourense é realmente muito bonita também e depois de um grande passeio no centro histórico, fomos jantar (tapas) e a seguir directos para o hostel onde vimos o The Matrix em galego e começámos a vêr um filme egipcio chamado “Taxi” que estáva a ser muito interessante, mas o cansaço venceu-nos e acabámos por adormecer.
Acordámos cedo no Domingo, arrumámos as trouxas e dirigimo-nos a Chaves, onde parámos para darmos uma volta por essa bela cidade portuguesa que eu desconhecia e comemos naturalmente um dos famosos pasteis, que realmente são muito melhores lá.
Seguimos em direcção a Braga pela estrada nacional que ladea o Gerês e, escusado será dizer que foi mais um trajecto fantástico, como todos os que fizemos. Em Braga, apanhámos a auto-estrada pois já só pensávamos em chagar ao lar doce lar e descansar... até à próxima viagem!
De início tinhamos previsto ir para os Picos da Europa, mas dadas as previsões climatéricas, optámos por uma volta pela Galiza.
Na quarta-feira de manhã dirigimo-nos a Vila Nova de Cerveira, onde subimos ao “veado”, para mostrar à Lisa uma das minhas paisagens preferidas e um dos meus locais de eleição do meu Portugal. Apesar do vento cortante, lá fizemos uma pequena caminhada.
Atravessámos depois a ponte e dirigimo-nos a A Guarda, vila piscatória que tanto me agrada e de onde tenho algumas memórias engraçadas. Depois, foi seguir pela costa até Baiona, onde acabámos por almoçar, comendo uma belissíma parrilhada de peixe e marisco. Havia que fazer a Lisa provar as Navajas, um dos mariscos que eu mais aprecio e que passou também a ser um dos preferidos dela. Uma pequena caminhada depois de almoço para fazer a digestão e reabastecer-nos de tabaco para as férias.
Aproveitando o Sol, a costa continuou a ser o trajecto (com algumas paragens) até Vigo, cidade que apenas atravessámos, apanhando em seguida a auto-estrada até Pontevedra. Aqui, desviámos novamente para a costa, pois eu queria conhecer Sanxenxo e o Grove, mas a vila que mais nos encantou foi Cambados. Por aqui fomos parando algumas vezes e por fim, chegámos a Padron, onde pensávamos comer uns pimentinhos, mas apesar de serem as festa da cidade, de haver imenso movimento e barulho, não havia pimentos por estarmos fora da época (aqui perguntei-me de onde veem os pimentos do Pingo Doce, que eu tanto tenho cozinhado). Acabámos por beber uma cerveja e um chá (a Lisa é que conduzia) e dirigimo-nos directamente para Santiago, onde tinhamos o Krzysztof (um Couchsurfer) à nossa espera para nos dar alojamento por dois dias. O Krzysztof é polaco e é estudante de Medicina e encontra-se em Erasmus em Santiago e, apesar de estar a receber a primeira visita da mãe, aceitou em hospedar-nos. Também ele um viajante (já percorreu a américa latina toda), é membro há já alguns anos do Hospitality Club e inscreveu-se no Couchsurfing dois dias antes da nossa chegada e tivemos a honra de sermos os primeiros “guests” dele através do CS.
Além de toda a simpatia, de um quarto só para nós, ainda jantámos juntos a sopa que tinham preparado e café e chá. Propusemos imediatamente acompanharem-nos no dia seguinte a Fisterra, proposta que aceitaram, e no dia seguinte de manhã, partimos os 4 para Noya, vila onde apanhámos a estrada da costa até ao Cabo. A viagem prosseguiu em ritmo lento, com muitas paragens naquelas fantásticas praias e passeios pelos seus areais e piqueniques à beira mar. Ao fim de algumas horas lá chegámos ao Cabo Fisterra que estava repleto de turistas e alguns peregrinos, que cumprindo a tradição, queimavam as camisas utilizadas no Caminho de Santiago. Depois de uma hora passada a contemplar o mar, regressámos da forma mais directa possível a Santiago (cento e tal kms por estradas secundárias) e, apesar do cansaço eu e a Lisa ainda fomos dar uma volta pela cidade tentando aproveitar a pouca luz que ainda havia. Como seria de esperar esta estava entupida com turistas e tornava-se difícil circular em algumas das ruas, mas lá entrámos na Catedral e demos a nossa volta acabando a comer umas tapas no único tasco só ocupado por populares, estando nós ali no meio a estragar a paisagem humana natural.
Regressámos a casa para dormir uma sesta nocturna e, já tarde, saímos com o Krzysztof para beber umas cervejas. Fomos naturalmente ao “Avante” o “bar-manifesto de esquerda independentista galega” onde bebemos uma cerveja e a seguir fomos a um bar punk, levados pelo Krzysztof, onde depois de uma quantidade razoável de “cañas” compradas ao litro e dividídas entre nós, acabámos a jogar matraquilhos com um grupo de galegos que nos deram umas valente coça naqueles matrecos estranhos em que os jogadores têm as pernas abertas e estão divididos num 4x4x3 muito estranho para quem está habituado às mesas portuguesas. Mas fomos simpáticos e não nos queixámos do estado do relvado.
Como já era mais que tarde, fomos para casa onde terminámos a noite a beber vodka polaco com sumo de maçã e às 06h achámos que o melhor seria ir dormir.
Acordámos por volta do meio-dia convenientemente ressacados, mas apesar disso, juntámos as trouxas, despedimo-nos e fomos para a Coruña.
Graças a um CS que não nos pôde alojar, mas que nos deu uma indicação preciosa de um hostal, lá acabámos por arranjar um alojamento por 24€ (sem casa de banho), o que não nos pareceu nada mau. Depois de marcado o quarto, fomos logo dar uma volta. Eu queria mostrar à Lisa o Rosalia de Castro, teatro onde representei há uns anos e um dos mais bonitos por onde passei. Por sorte, quando estávamos à porta vimos gente a correr diringindo-se à bilheteira e olhando para os cartazes, apercebemo-nos que estava um espectáculo a começar naquele momento e mesmo sem saber exactamente de que se tratava, comprámos bilhetes e fomos vêr.
Depois fomos comer umas tapas (jantar) e telefonei ao Gonzalo, amigo que foi erasmus aqui no Porto quando eu, o Vieira e o Raul estivémos à frente do Pinguim.
Depois da janta, onde fomos absolutamente roubádos nos preços, fomos descansar para o Hostal e mais tarde encontrámo-nos com o Gonzalo que foi um verdadeiro guia nocturno e lá tivemos mais uma noite a acabar às 06h da manhã.
Ainda não sabíamos se iríamos ficar naquela magnifica cidade ou se seguiríamos viagem, dado que se anunciava chuva, neve, vento e muito frio para o dia seguinte em todo o norte espanhol, galego e basco.
O dia amanheceu muito tarde, ressacado, mas não muito chuvoso e até com alguns momentos com um belo sol. Decidimos então seguir viagem em direcção a Lugo, cidade rodeada por uma impressionante muralha romana.
As informações afinal estavam correctas e tivemos momentos em que estivemos quase a parar o carro dada a intensidade da chuva e do vento, mas acabámos por chegar a Lugo.
Aqui encontrámo-nos com a Cris, outra erasmus do tempo do Gonzalo e amiga deste e minha, e fomos comer mais umas tapas e abrigar-nos da chuva que começava calmamente a transformar-se em neve.
Mais uma vez e, apesar de termos encontrado o carro coberto de gelo, decidimos rumar a Ourense e atravessámos um forte nevão na viagem que foi desaparecendo à medida que avançávamos em direcção a sul.
Chegámos a Ourense já de noite e depois de estacionado o carro não muito longe do centro, demos umas voltas à procura de um hostel e acabámos por encontrar um bem simpático pela módica quantia de 27€ com casa de banho privativa, aquecimento, televisão e bons metros quadrados.
Ourense é realmente muito bonita também e depois de um grande passeio no centro histórico, fomos jantar (tapas) e a seguir directos para o hostel onde vimos o The Matrix em galego e começámos a vêr um filme egipcio chamado “Taxi” que estáva a ser muito interessante, mas o cansaço venceu-nos e acabámos por adormecer.
Acordámos cedo no Domingo, arrumámos as trouxas e dirigimo-nos a Chaves, onde parámos para darmos uma volta por essa bela cidade portuguesa que eu desconhecia e comemos naturalmente um dos famosos pasteis, que realmente são muito melhores lá.
Seguimos em direcção a Braga pela estrada nacional que ladea o Gerês e, escusado será dizer que foi mais um trajecto fantástico, como todos os que fizemos. Em Braga, apanhámos a auto-estrada pois já só pensávamos em chagar ao lar doce lar e descansar... até à próxima viagem!
domingo, 23 de março de 2008
sábado, 22 de março de 2008
sexta-feira, 21 de março de 2008
Canção Primaveril
Anda no ar a excitação
de seios súbito exibidos
à torva luz de um alçapão,
por onde os corpos rolarão,
mordidos!
Ou é um deus, ou foi a Morte
quem nos vestiu este torpor;
e a Primavera é um chicote,
abrindo as veias e o decote
ao meu amor!
Esqueço que os dedos têm ossos:
é só sangue esta carícia;
apenas nervos os percoços...
Mas nos teus olhos, nos meus olhos,
a luz da morte brilha.
David Mourão Ferreira
quarta-feira, 19 de março de 2008
segunda-feira, 17 de março de 2008
Saint Patrick's day
domingo, 16 de março de 2008
A definição do fado - um fado ao Domingo
O João Ferreira-Rosa escreveu este fado aos 21 anos, se não estou em erro. Este meu companheiro de fados e blues em Pintéus escreve aqui aquela que é para mim a melhor definição do fado. Com música de Alfredo Duarte (Marceneiro) a letra de Triste Sorte (Fado Cravo*) é arrepiante e dura. Verdadeira para quem a sabe.
João Ferreira-Rosa - Triste Sorte
*um dos muitos fados tradicionais (estrutura)
João Ferreira-Rosa - Triste Sorte
*um dos muitos fados tradicionais (estrutura)
sábado, 15 de março de 2008
Mais uma lei em nome da saúde pública
Nunca fui um grande fã de piercings e de tatuagens mas fazer-se uma lei para os proibir a menores de 18 anos, excepto quando são nos "locais tradicionais" - as orelhas (são benevolentes e até não fazem distinção de sexo para quem queira colocar um brinco), parece-me um exagero. Só me leva a colocar uma questão: "Que filho de deputado pôs uma argola no nariz como os bois?"
Terá sido o filho do deputado que é autor do projecto lei ou de um amigo deste que não quer dar nas vistas?
Mas cuidado senhores deputados, quando o adolescente fizer 18 anos, em vez de colocar a inofensiva argola na sobrancelha, pode aparecer-lhe em casa absolutamente esburacado e provávelmente, não será só na cara! :P
Terá sido o filho do deputado que é autor do projecto lei ou de um amigo deste que não quer dar nas vistas?
Mas cuidado senhores deputados, quando o adolescente fizer 18 anos, em vez de colocar a inofensiva argola na sobrancelha, pode aparecer-lhe em casa absolutamente esburacado e provávelmente, não será só na cara! :P
Ai, ui, a cultura! II
Usar qualquer forma cultural para se evidenciar é, no mínimo, nojento.
A desvalorização da arte para dar lugar ao showing up é uma prática antiga dos pretensiosos. Mas não se enganem, nós estamos a ver!
É com o valor das palavras que lutamos pelas palavras todas as quintas! A cantiga é uma arma!
A desvalorização da arte para dar lugar ao showing up é uma prática antiga dos pretensiosos. Mas não se enganem, nós estamos a ver!
É com o valor das palavras que lutamos pelas palavras todas as quintas! A cantiga é uma arma!
sexta-feira, 14 de março de 2008
quinta-feira, 13 de março de 2008
Passado e presente
Fazíamos quilómetros a pé. Éramos magros e belos e sensíveis. Enfrascávamos álcool à medida das nossas ilusões, professávamos uma religião de amor à Arte, às artes todas, mesmo à de viver, mesmo à de dizer. Como todos os religiosos, tínhamos sessões do culto diariamente. Sozinhos e em grupo interagíamos com o ente superior. Havia cerimoniais também: os concertos – como os do Luís Armaestrondo, as exposições – sobretudo na Casa de Serralves – e os filmes do Lumiére e da Sala Bebé. O locais de culto iam variando, dependendo dos dias e dos missais. Um deles era especial. À segunda-feira, depois de emborcados os cafés e os finos, íamos resolutos a pé desde a Boavista a Belmonte (parando por vezes ali no Jardim das Virtudes para revigorar forças e ânimos – o nome do espaço diz tudo). Não havia hora marcada, ou se havia era ignorada, mas era rara a semana em que o grupo de confessos não descia à cave do Pinguim. Não me lembro hoje dos nomes dos evangelistas da poesia que ali celebravam o ritual de dizer poesia. Era-se poesia. Todas as semanas, naquela cave, respirava-se o divino porque se respirava a vida. Reitero que me esqueci do nome dos evangelistas que ali professavam, mas lembro-me que o Papa era Joaquim Castro Caldas. Vénia.
Hoje, o Rui Spranger e o Paulo decidiram celebrar os vinte anos de poesia na cave do Pinguim. Convidando o Joaquim. Obrigado.
Mais: a memória de Carlos Araújo Alves; a descoberta de poesias; "a maioria sentava-se no chão ou nos degraus da escadaria de acesso"; "um dos mais intensos animadores verbais das nossas noites";
Hoje, o Rui Spranger e o Paulo decidiram celebrar os vinte anos de poesia na cave do Pinguim. Convidando o Joaquim. Obrigado.
Mais: a memória de Carlos Araújo Alves; a descoberta de poesias; "a maioria sentava-se no chão ou nos degraus da escadaria de acesso"; "um dos mais intensos animadores verbais das nossas noites";
quarta-feira, 12 de março de 2008
O PS analizou profundamente a sua governação
"Quando se fazem balanços é, certamente, para realçar aquilo que se fez bem. E, foram tantas as coisas que fizemos bem, que não temos de perder tempo com o que fizermos mal".
Muito bem senhor Vitalino Canas.
A expressão: "Fez a festa, atirou os foguetes e apanhou as canas" aplica-se aqui muito bem!
Muito bem senhor Vitalino Canas.
A expressão: "Fez a festa, atirou os foguetes e apanhou as canas" aplica-se aqui muito bem!
terça-feira, 11 de março de 2008
O Saque
Aproveitando a deixa do Rui, deixo aqui também as minhas impressões sobre uma peça do Teatro Nacional de S.João que voltou a estar em cena, desta vez no TECA.
De Joe Orton e com a encenação de Ricardo Pais, O Saque é uma peça banal no seu todo. Com umas breves passagens cómicas, não passa de uma sitcom britânica de fim de noite que não acrescenta nada.
O tema está gasto e o cinísmo é fraco. A encenação é amadora e pouco digna do Teatro Nacional. Salvam-na alguns actores, mas mesmo assim, já se sabe que com uma boa frase (as tais breves passagens cómicas) ninguém se compromete.
Os bilhetes são caros para uma reposição.
De Joe Orton e com a encenação de Ricardo Pais, O Saque é uma peça banal no seu todo. Com umas breves passagens cómicas, não passa de uma sitcom britânica de fim de noite que não acrescenta nada.
O tema está gasto e o cinísmo é fraco. A encenação é amadora e pouco digna do Teatro Nacional. Salvam-na alguns actores, mas mesmo assim, já se sabe que com uma boa frase (as tais breves passagens cómicas) ninguém se compromete.
Os bilhetes são caros para uma reposição.
segunda-feira, 10 de março de 2008
The three dirty little pigs
Fui ontem rever "Os Tres Porquinhos" do Teatro de Marionetas do Porto.
Em cena no Café-Concerto da ESMAE, "Os Tres Porquinhos" é um espectáculo de café-teatro verdadeiramente hard-core. Falado em ingles e com uma linguagem mais que apimentada, cheio de humor, mas também com uma critica social extremamente mordaz é um espectáculo no minímo ousado. Apesar de todo o humor nao é um espectáculo que agrade a gregos e troianos. É estranho na forma e no conceito. A mim agradou-me muito e diverti-me bastante (senao nao o teria revisto), por isso, aqui fica a sugestao.
Em cena até ao próximo fim-de-semana.
Em cena no Café-Concerto da ESMAE, "Os Tres Porquinhos" é um espectáculo de café-teatro verdadeiramente hard-core. Falado em ingles e com uma linguagem mais que apimentada, cheio de humor, mas também com uma critica social extremamente mordaz é um espectáculo no minímo ousado. Apesar de todo o humor nao é um espectáculo que agrade a gregos e troianos. É estranho na forma e no conceito. A mim agradou-me muito e diverti-me bastante (senao nao o teria revisto), por isso, aqui fica a sugestao.
Em cena até ao próximo fim-de-semana.
domingo, 9 de março de 2008
sábado, 8 de março de 2008
Piquenique???
O S. Pedro deve ser misógeno!
Amanhã, que previamos fazer um piquenique poético dedicado à mulher para comemorar a data de hoje (Dia da Mulher), o S. Pedro brinda-nos com este tempo.
Como ainda não choveu e, como talvez tão nobre Santo escute esta prece, vamos esperar para vêr antes de desmarcar seja o que fôr.
Se chover hoje, o piquenique não se realizará amanhã. Se não chover hoje e amanhã, lá nos encontraremos às 15h no Parque de S. Roque.
Amanhã, que previamos fazer um piquenique poético dedicado à mulher para comemorar a data de hoje (Dia da Mulher), o S. Pedro brinda-nos com este tempo.
Como ainda não choveu e, como talvez tão nobre Santo escute esta prece, vamos esperar para vêr antes de desmarcar seja o que fôr.
Se chover hoje, o piquenique não se realizará amanhã. Se não chover hoje e amanhã, lá nos encontraremos às 15h no Parque de S. Roque.
REGRESSO À RÁDIO
É bom poder dizer que eu e o Rui Vieira vamos amanhã voltar à rádio.
O meu programa é o " SEM RUMO" - aos domingos das 18h00 às 19h00 - uma viagem pela música.
O programa do Vieira é o " 3 à Mistura " aos domingos das 19h00 às 21h00.
Podem ouvir os dois programas em directo, para isso é só ir ao site e clicar no rádio que está no ecrã do lado direito:
http://informedia.com.pt/
É um gosto tornar esta paixão realidade e poder partilhá-la com todos os Pinguins.
O meu programa é o " SEM RUMO" - aos domingos das 18h00 às 19h00 - uma viagem pela música.
O programa do Vieira é o " 3 à Mistura " aos domingos das 19h00 às 21h00.
Podem ouvir os dois programas em directo, para isso é só ir ao site e clicar no rádio que está no ecrã do lado direito:
http://informedia.com.pt/
É um gosto tornar esta paixão realidade e poder partilhá-la com todos os Pinguins.
sexta-feira, 7 de março de 2008
Assobiando a melodia mais bonita
Desço a Rua do Almada ao início da tarde. Logo no cimo da rua, dois homens parados fazem o obituário das suas relações. A idade, ou talvez a cidade, separou-os.
- O António disseram-me que parece que tinha morrido, mas não tenho a certeza. Já não o vejo há muito tempo!
- Pois eu também não - dizia o outro mais tímido.
- O Manel é que já se foi. Atiraram-no duma ponte ou o caralho!
- Pois parece que sim - respondeu o outro no mesmo tom intimidado.
Continuei o deslize à procura dessa nova baixa, esse novo centro de malta jovem e cool que se deixou seduzir pelo comércio - pelo alternativo, claro está - mantendo um espírito altamente conservador enquanto se diz libertária e liberal.
Sobem dois neo-hippies do lado esquerdo. Olham para mim com um ar cúmplice como se eu pertencesse à sua cena. Não digo o contrário, mas a cena é deles. No outro mundo, que não o da ilusão, os lojistas ficam sentados atrás do balcão com o rosto sofrido e completamente sós - contraste chocante com as cores das saias das jovens designers e os Aviator do despenteado fashion que perfuma a rua ao som dos Velvet Underground, ao sabor do fino que fez acompanhar a petinga frita.
Cá mais em cima, a chegar a Carlos Alberto, a cidade rebenta de movimentos simples e belos. Saem dos restaurantes e dos snack-bar's para os escritórios, acendem um cigarro e dão uma gargalhada, falam baixinho para o chefe não ouvir. É tudo ali. O mundo acontece ali mesmo.
Mais ao lado os alfarrabistas clean das montras pessoanas, meia dúzia de cuspidelas, os saltos altos num compasso certo pela calçada e o sol de inverno a encher de calor o corpo da cidade fria e escura.
Volto a subir o Almada. Atravesso a praça. A cidade é bela.
Entro calmamente em Serralves. O cheiro da tranquilidade e da burguesia aconchega-me na cadeira onde leio sem pressa o jornal, no dia do seu aniversário.
Ao meu lado, dois amigos discutem a relação amorosa com um elemento em comum. Falam abertamente, sem medos. Sorrio pela afirmação. Tento compreender o esquema:
- A namora com B que foi companheiro de C no passado. A parece estar interessado em romper o compromisso com B e passar a relacionar-se com C.
A conversa é, de resto, extremamente interessante. Falam de como é difícil a relação a dois, no sentido de alguma obrigatoriedade e partilha de espaço. Acompanha-os o som chato mas sofisticado de uns Saint Germain e a previsão de um sushi ao jantar. Mas desligo.
Volto ao jornal e dele saio para entrar na minha cabeça que só vê a cidade entrelaçar-se numa dança desconcertante.
O Porto é descontinuo e impaciente. Anseia por novidades e quando as tem banaliza-as. Não se sabe equilibrar. Ama-se e despreza-se com facilidade. Se vou para a baixa é porque não gosto dos burguesinhos da Foz. Se vou para a Foz é porque a baixa é suja e só dá freaks e velhos.
Esquecem a cidade como um todo. Um misto de cheiros e sabores e sons. Uma aguarela escura onde os olhos deslizam desde a torre bicuda e desconfortável até à suavidade azul do mar.
À noite, a Ribeira chora-se sozinha. Abandonaram-na. Freaks e betos preferem a esplanada piolhosa dos Leões e o som sofisticado das colunas de um plano b.
A futilidade é a mesma mas não é uniforme. Se o fosse, a cidade abraçava-se e a oferta encontrava-se com a procura num bailado de urbanidade que dá vida às ruas e transforma as cidades.
Andem às voltas, sem pressa. Ela está à vossa espera. Toda. É de todos e é bela.
publicado primeiro aqui.
- O António disseram-me que parece que tinha morrido, mas não tenho a certeza. Já não o vejo há muito tempo!
- Pois eu também não - dizia o outro mais tímido.
- O Manel é que já se foi. Atiraram-no duma ponte ou o caralho!
- Pois parece que sim - respondeu o outro no mesmo tom intimidado.
Continuei o deslize à procura dessa nova baixa, esse novo centro de malta jovem e cool que se deixou seduzir pelo comércio - pelo alternativo, claro está - mantendo um espírito altamente conservador enquanto se diz libertária e liberal.
Sobem dois neo-hippies do lado esquerdo. Olham para mim com um ar cúmplice como se eu pertencesse à sua cena. Não digo o contrário, mas a cena é deles. No outro mundo, que não o da ilusão, os lojistas ficam sentados atrás do balcão com o rosto sofrido e completamente sós - contraste chocante com as cores das saias das jovens designers e os Aviator do despenteado fashion que perfuma a rua ao som dos Velvet Underground, ao sabor do fino que fez acompanhar a petinga frita.
Cá mais em cima, a chegar a Carlos Alberto, a cidade rebenta de movimentos simples e belos. Saem dos restaurantes e dos snack-bar's para os escritórios, acendem um cigarro e dão uma gargalhada, falam baixinho para o chefe não ouvir. É tudo ali. O mundo acontece ali mesmo.
Mais ao lado os alfarrabistas clean das montras pessoanas, meia dúzia de cuspidelas, os saltos altos num compasso certo pela calçada e o sol de inverno a encher de calor o corpo da cidade fria e escura.
Volto a subir o Almada. Atravesso a praça. A cidade é bela.
Entro calmamente em Serralves. O cheiro da tranquilidade e da burguesia aconchega-me na cadeira onde leio sem pressa o jornal, no dia do seu aniversário.
Ao meu lado, dois amigos discutem a relação amorosa com um elemento em comum. Falam abertamente, sem medos. Sorrio pela afirmação. Tento compreender o esquema:
- A namora com B que foi companheiro de C no passado. A parece estar interessado em romper o compromisso com B e passar a relacionar-se com C.
A conversa é, de resto, extremamente interessante. Falam de como é difícil a relação a dois, no sentido de alguma obrigatoriedade e partilha de espaço. Acompanha-os o som chato mas sofisticado de uns Saint Germain e a previsão de um sushi ao jantar. Mas desligo.
Volto ao jornal e dele saio para entrar na minha cabeça que só vê a cidade entrelaçar-se numa dança desconcertante.
O Porto é descontinuo e impaciente. Anseia por novidades e quando as tem banaliza-as. Não se sabe equilibrar. Ama-se e despreza-se com facilidade. Se vou para a baixa é porque não gosto dos burguesinhos da Foz. Se vou para a Foz é porque a baixa é suja e só dá freaks e velhos.
Esquecem a cidade como um todo. Um misto de cheiros e sabores e sons. Uma aguarela escura onde os olhos deslizam desde a torre bicuda e desconfortável até à suavidade azul do mar.
À noite, a Ribeira chora-se sozinha. Abandonaram-na. Freaks e betos preferem a esplanada piolhosa dos Leões e o som sofisticado das colunas de um plano b.
A futilidade é a mesma mas não é uniforme. Se o fosse, a cidade abraçava-se e a oferta encontrava-se com a procura num bailado de urbanidade que dá vida às ruas e transforma as cidades.
Andem às voltas, sem pressa. Ela está à vossa espera. Toda. É de todos e é bela.
publicado primeiro aqui.
quinta-feira, 6 de março de 2008
A noite dos peixes
segunda-feira, 3 de março de 2008
Mentira Grosseira 2
Como se percebeu no anterior Mentira Grosseira, o Jorge indirectamente queixava-se por eu nao dizer mal do Rui Rio há muito tempo. Assim decidi fazer-lhe a vontade.
Com os piqueniques poéticos vamos percorrer os parques e jardins da cidade e dos arredores. Ontem estivemos no Parque de S. Roque onde está sediada a divisao municipal dos parques e jardins. Além dos sanitários estarem fechados, nao imaginam a situacao de esgoto em que se encontra o lago. Mas isto nao é a mentira grosseira, nem a critica directa ao Rui Rio que provavelmente nao sabe disto e terá coisas bem mais importantes para tratar.
É natural que quem está no poder sofra bastantes criticas e muitas infundadas, fruto da ignorancia.
Mas algumas destas critícas veem de cidadaos que se sentem afectados directamente com alguma coisa no seu dia-a-dia. As outras sao criticas políticas e muitas delas com manipulacao de informacao.
Mas a Mentira Grosseira tem a haver com o Horto das Virtudes, o meu jardim preferido, que se encontra fechado há anos. Fechado! Pura e simplesmente fechado!
Mas a versao camarária nao é essa, é :"está encerrado para obras".
Obras? Mas que obras? Onde estao os trolhas? Onde está o painel indicativo do valor que está ali a ser gasto na requalificacao ou manutencao do Jardim???
Sabemos que aconteceram algumas derrocadas no passado e estará encerrado por motivos de seguranca. Esta versao eu compreendo, mas nao aceito que se mantenha neste estado eternamente. Eu sinto falta daquele jardim onde festejei dois aniversários da minha filha, onde fiz ensaios de teatro, onde me sentava a ler e a apanhar sol, onde passeava com amigos, onde disfrutava daquela vista fantástica do Douro.
Mas a critica nao vai só para Rui Rio, vai naturalmente também para a oposicao que se esqueceu igualmente do Horto das Virtudes, o meu jardim preferido!
Para acabar, resta-me o desabafo final: JÁ ESTOU FARTO DO "ENCERRADO PARA OBRAS"!
Com os piqueniques poéticos vamos percorrer os parques e jardins da cidade e dos arredores. Ontem estivemos no Parque de S. Roque onde está sediada a divisao municipal dos parques e jardins. Além dos sanitários estarem fechados, nao imaginam a situacao de esgoto em que se encontra o lago. Mas isto nao é a mentira grosseira, nem a critica directa ao Rui Rio que provavelmente nao sabe disto e terá coisas bem mais importantes para tratar.
É natural que quem está no poder sofra bastantes criticas e muitas infundadas, fruto da ignorancia.
Mas algumas destas critícas veem de cidadaos que se sentem afectados directamente com alguma coisa no seu dia-a-dia. As outras sao criticas políticas e muitas delas com manipulacao de informacao.
Mas a Mentira Grosseira tem a haver com o Horto das Virtudes, o meu jardim preferido, que se encontra fechado há anos. Fechado! Pura e simplesmente fechado!
Mas a versao camarária nao é essa, é :"está encerrado para obras".
Obras? Mas que obras? Onde estao os trolhas? Onde está o painel indicativo do valor que está ali a ser gasto na requalificacao ou manutencao do Jardim???
Sabemos que aconteceram algumas derrocadas no passado e estará encerrado por motivos de seguranca. Esta versao eu compreendo, mas nao aceito que se mantenha neste estado eternamente. Eu sinto falta daquele jardim onde festejei dois aniversários da minha filha, onde fiz ensaios de teatro, onde me sentava a ler e a apanhar sol, onde passeava com amigos, onde disfrutava daquela vista fantástica do Douro.
Mas a critica nao vai só para Rui Rio, vai naturalmente também para a oposicao que se esqueceu igualmente do Horto das Virtudes, o meu jardim preferido!
Para acabar, resta-me o desabafo final: JÁ ESTOU FARTO DO "ENCERRADO PARA OBRAS"!
domingo, 2 de março de 2008
Porque hoje é Domingo...
Porque hoje é Domingo e o Sr. dos Fados anda em viagem "para fazer cenas", resolvi colocar um video que é uma homenagem a uma poetisa argentina Alfonsina Storni. Alfonsina marcou a poesia de um modo intenso, e toda a sua vida foi um poema. Um dia resolveu entregar-se de vez ao mar, nasceu assim esta bela canção, na voz de " La Negra", Mercedes Sosa. A voz desta mulher emociona-nos e toca-nos profundamente, palavras para quê... Alfonsina y el Mar.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
A Lua
Quanto mais nua
mais bela
é a lua
Jorge Sousa Braga
Poesia Há Vinte - Hoje à noite no Pinguim Café
mais bela
é a lua
Jorge Sousa Braga
Poesia Há Vinte - Hoje à noite no Pinguim Café
POESIA no Café Progresso
Nesta sexta-feira, dia 29 de Fevereiro, vou estar no Café Progresso, pelas 22h00, com o José Carlos Tinoco para mais uma noite de Poesia, organizada pela livraria POETRIA.
O Tema vai ser a “Arquitectura”.
Apareçam estão todos convidados.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Piqueniques Poéticos
Como o trabalho nao me chega, porque gosto de cultivar as minhas paixoes, porque gosto de sol e de bom tempo, porque gosto de convívio, porque... , lembrei-me de organizar pic-nics poéticos aos domingos.
Todas as semanas anunciarei aqui o Jardim do Porto ou dos arredores onde se realizará o pic-nic, que será naturalmente cancelado se chover ao sábado ou ao domingo. Aqui ficamos absolutamente dependentes da natureza.
Se alguém nao tiver percebido bem o conceito, este é simples, além da comida e da bebida, levam-se livros. Como os jardins sao públicos, todos sao bem-vindos.
O ponto de encontro para o próximo domingo será às 15h no Parque de S. Roque.
Da minha parte e, por razoes obvias, irei levar a poesia de Roberto Juarroz.
Todas as semanas anunciarei aqui o Jardim do Porto ou dos arredores onde se realizará o pic-nic, que será naturalmente cancelado se chover ao sábado ou ao domingo. Aqui ficamos absolutamente dependentes da natureza.
Se alguém nao tiver percebido bem o conceito, este é simples, além da comida e da bebida, levam-se livros. Como os jardins sao públicos, todos sao bem-vindos.
O ponto de encontro para o próximo domingo será às 15h no Parque de S. Roque.
Da minha parte e, por razoes obvias, irei levar a poesia de Roberto Juarroz.
Uma mentira grosseira
Lembro-me muito bem de ter ido ao cinema ao Foco, ao Nun'Alvares, à Casa das Artes, ao Charlot, ao Pedro Cem, ao Lumiére, ao Trindade, ao Terço, ao Passos Manuel, ao Coliseu, ao Batalha, à Sala Bebé, ao S. João,ao Águia d'Ouro, ao Carlos Alberto, ao Rivoli e ao Stop (nunca fui ao Júlio Dinis, ao Estúdio 111, ao Olimpia nem ao Sá da Bandeira). Lembro-me das Noites Duplas do Coliseu (dois filmes ao preço de um todas as quintas-feiras) , das sessões do Cine-clube no Carlos Alberto e das sessões especiais organizadas no Instituto Francês do Porto com a presença dos realizadores. Via-se cinema europeu e americano para todos os gostos e tinha-se a oportunidade de rever filmes mais antigos. Havia o video, havia os intervalos, havia chocolates caríssimos e não havia pipocas, mas ia-se ao cinema. A seguir ao intervalo, tentava-se comer o chocolate fazendo o esforço impossível de não se fazer barulho para não incomodar os outros espectadores e, quando não se gostava do filme, saíamos discretamente.
E tínhamos o Fantasporto, um festival alternativo com sessões que se prolongavam até de madrugada.
Felizmente ainda temos o Fantasporto, mais comercial, menos alternativo, mas continua a ser o Fantasporto. Ainda não perdemos tudo e fico feliz por isso.
Mas o que me leva a escrever este post é uma dúvida. Quando na tenda que instalaram na Praça D. João I para colocar a passadeira vermelha e nos programas do festival se lê "Cidade do Cinema" estão a querer dizer que o Fantasporto é uma cidade, ou que o Porto é a cidade do cinema?
A interpretação mais obvia é a segunda e, assistimos aqui a uma falta de pudor politíco incrível e a uma mentira grosseira.
Ou estaria a tenda para ser montada em Gaia?
Blair e Bush criaram a "mentira de destruição massiva", será que aqui se quer criar a "mentira de destruição cultural"? Sim, porque defender-se publicamente que temos o que não temos é uma boa forma de se tentar enganar as massas e tentar apagar a memória.
Eu não deixo que apaguem a minha!
E tínhamos o Fantasporto, um festival alternativo com sessões que se prolongavam até de madrugada.
Felizmente ainda temos o Fantasporto, mais comercial, menos alternativo, mas continua a ser o Fantasporto. Ainda não perdemos tudo e fico feliz por isso.
Mas o que me leva a escrever este post é uma dúvida. Quando na tenda que instalaram na Praça D. João I para colocar a passadeira vermelha e nos programas do festival se lê "Cidade do Cinema" estão a querer dizer que o Fantasporto é uma cidade, ou que o Porto é a cidade do cinema?
A interpretação mais obvia é a segunda e, assistimos aqui a uma falta de pudor politíco incrível e a uma mentira grosseira.
Ou estaria a tenda para ser montada em Gaia?
Blair e Bush criaram a "mentira de destruição massiva", será que aqui se quer criar a "mentira de destruição cultural"? Sim, porque defender-se publicamente que temos o que não temos é uma boa forma de se tentar enganar as massas e tentar apagar a memória.
Eu não deixo que apaguem a minha!
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
Requiem pelo Clube dos Pinguins
Assim me despeço do Clube dos Pinguins que morre de velhice, sozinho no leito.
É triste a morte por desprezo e indiferença da vida.
Este blog deixa de fazer, portanto, qualquer tipo de sentido.
Até um dia.
domingo, 24 de fevereiro de 2008
Vá passear - um fado ao Domingo
Amália - Havemos de ir a Viana
(na guitarra o grande Fontes Rocha)
Localizar a dor para a manter bem por perto e mesmo assim o fado não ter lugar.
A saudade, a esperança. As coisas pequenas e as grandes coisas. As coisas - todas elas - de vermelho e verde e azul. O sol e a chuva. Deus ou a ausência dele. O amor sem pátria. Nós.
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Domingo às 14h
A minha filha está cá e como faz anos na proxima segunda-feira, decidi antecipar os festejos para domingo. Vamos fazer um pic-nic às 14h (espécie de almoco/lanche) no Parque de S.Roque. Aproveito para convidar todos os pinguins a aparecerem (com respectivos companheiros/as e filhos/as).
Além de passarmos uma tarde agradável, podiamos aproveitar para termos a tal reuniao eternamente adiada.
Que vos parece?
Além de passarmos uma tarde agradável, podiamos aproveitar para termos a tal reuniao eternamente adiada.
Que vos parece?
domingo, 17 de fevereiro de 2008
Um fado ao Domingo
Camané - Complicadíssima Teia
Quem põe certezas na vida
Facilmente se embaraça
Na vil comédia do amor;
Não vale a pena ter alma
Porque o melhor é andarmos
Mentindo seja a quem for
Gosto de saber que vives,
Mas não perdi a cabeça
Nem corro atrás do desejo;
Quem se agarra muito ao sonho
Vê o reverso da vida
Nos movimentos dum beijo.
Ando queimado por dentro
De sentir continuamente
Uma coisa que me rala;
Nem no meu olhar o digo
Que estes segredos da gente
Não devem nunca ter fala.
Talvez não saibas que o amor,
Apesar das suas leis,
Desnorteia os corações;
- Complicadíssima teia
Onde se perde o bom senso
E as mais sagradas razões.
António Botto/Fado José António de sextilhas
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
A matéria dos Sonhos
Somos pequenos e gostamos da fantasia. Carregamos com ela a nossa vida inteira num género de complexo Peter Pan. Alimentamos os sonhos com a magia que nos trouxe a televisão: os filmes, os desenhos animados, a publicidade, as cantigas. Deslumbramo-nos nas salas de cinema e arranjamos ídolos que ficarão para sempre na nossa memória a cantar bonitas canções de paz e amor.
Não pensem que este meu colorido é falso! É o colorido dos sonhos e de quem os quer concretizar. Voar na bicicleta, entrar na casa de chocolate, construir castelos e lutar contra os dragões. E por trás, alguém canta docemente o tema principal.
Mais tarde vêm os amores e desamores da juventude e as canções mantêm-se lamechinhas como deve ser, senão tudo perdia a piada.
Depois crescemos e um dia entramos numa sala para ver um rapazinho cantar do fundo do coração a banda sonora dos sonhos - nossos e dele.
Ontem essa magia andou algures nos nossos olhos enquanto viamos o Rufus Wainwright a cantar a July Garland na cave fumarenta do Pinguim. O Granel levou o DVD e eu fui falando do cantor e das cantigas. A paixão é conjunta e acho que valeu a pena o improviso.
Rufus sings July at the London Palladium
Não pensem que este meu colorido é falso! É o colorido dos sonhos e de quem os quer concretizar. Voar na bicicleta, entrar na casa de chocolate, construir castelos e lutar contra os dragões. E por trás, alguém canta docemente o tema principal.
Mais tarde vêm os amores e desamores da juventude e as canções mantêm-se lamechinhas como deve ser, senão tudo perdia a piada.
Depois crescemos e um dia entramos numa sala para ver um rapazinho cantar do fundo do coração a banda sonora dos sonhos - nossos e dele.
Ontem essa magia andou algures nos nossos olhos enquanto viamos o Rufus Wainwright a cantar a July Garland na cave fumarenta do Pinguim. O Granel levou o DVD e eu fui falando do cantor e das cantigas. A paixão é conjunta e acho que valeu a pena o improviso.
Rufus sings July at the London Palladium
domingo, 10 de fevereiro de 2008
Um fado ao Domingo
Gosto demasiado do meu país para que consiga estar muito tempo sem falar sobre ele. E também gosto demasiado deste blog para o deixar morrer.
Por estes motivos decidi iniciar uma nova rubrica aqui no Clube dos Pinguins todos os Domingos que se chamará Um Fado ao Domingo.
Desta rubrica constará sempre um fado, escolhido por mim, e uma foto ou um texto relacionado com as portuguesidades.
Mesmo que ninguém ligue, dar-me-á um gozo enorme em fazê-lo!
Começo então com o grande Paredes, que é para não estranharem. Depois à medida que os Domingos forem passando vamos evoluindo por outros fados.
Carlos Paredes nasceu em Coimbra a 16 de Fevereiro de 1925. Neto e filho de Artur e Gonçalo Paredes, respectivamente, aprendeu a tocar guitarra portuguesa aos 5 anos.
Por estes motivos decidi iniciar uma nova rubrica aqui no Clube dos Pinguins todos os Domingos que se chamará Um Fado ao Domingo.
Desta rubrica constará sempre um fado, escolhido por mim, e uma foto ou um texto relacionado com as portuguesidades.
Mesmo que ninguém ligue, dar-me-á um gozo enorme em fazê-lo!
Começo então com o grande Paredes, que é para não estranharem. Depois à medida que os Domingos forem passando vamos evoluindo por outros fados.
Carlos Paredes nasceu em Coimbra a 16 de Fevereiro de 1925. Neto e filho de Artur e Gonçalo Paredes, respectivamente, aprendeu a tocar guitarra portuguesa aos 5 anos.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
Kung Hey Fat Choy
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008
Tristeza não tem fim, Felicidade sim!
domingo, 3 de fevereiro de 2008
ddd
E a sessão tomou efectivamente, ou quase*, a forma desejada.
Maya instalado e era tempo de falar em 3d. Desde os tempos do paint no velhinho Windows 3.1 que desenhar com o rato tem sido um desafio. Fazíamo-lo para passar o tempo. Para juntar cores. Para algo mais específico. Ou simplesmente porque já estávamos fartos do solitário. Actualmente, os programas são outros e as potencialidades infinitas. Um filme “real” sem humanos está aí ao virar da esquina. Pelo menos, o Águia assim o vaticina. Eu alinho com os cépticos. Gosto da pele com cheiro e da lágrima com sal. A realidade é algo de insubstituível. Mas há quem acredite e trabalhe todos os dias para provar o contrário. Há quem se dedique de alma e coração a criar um curso de água, durante horas, dias, semanas até. Criar um humano também é possível. Leva mais tempo, mais render’s e mais memória. Mas é possível. Um filme inteiro sem sair do estúdio e sem um único actor. Diz quem trabalha em 3d que é mais económico. Felizmente, nós sabemos que o que os faz mover é a paixão…
*sorry Águia
Maya instalado e era tempo de falar em 3d. Desde os tempos do paint no velhinho Windows 3.1 que desenhar com o rato tem sido um desafio. Fazíamo-lo para passar o tempo. Para juntar cores. Para algo mais específico. Ou simplesmente porque já estávamos fartos do solitário. Actualmente, os programas são outros e as potencialidades infinitas. Um filme “real” sem humanos está aí ao virar da esquina. Pelo menos, o Águia assim o vaticina. Eu alinho com os cépticos. Gosto da pele com cheiro e da lágrima com sal. A realidade é algo de insubstituível. Mas há quem acredite e trabalhe todos os dias para provar o contrário. Há quem se dedique de alma e coração a criar um curso de água, durante horas, dias, semanas até. Criar um humano também é possível. Leva mais tempo, mais render’s e mais memória. Mas é possível. Um filme inteiro sem sair do estúdio e sem um único actor. Diz quem trabalha em 3d que é mais económico. Felizmente, nós sabemos que o que os faz mover é a paixão…
*sorry Águia
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Top 5
Para que isto não se torne numa cadeia do género "envia a 10 pessoas nos próximos 10 minutos senão caem-te 10 elefantes em cima" aceito o desafio do Vieira e coloco aqui o meu top 5 do momento (amanhã pode dar-me para outras músicas).
Banda+album+procurem onde quiserem
1. The Clash - London Calling
2. Têtes Raides - Le Bout Du Toit
3. Eriti Kurva Muusika Ansambel - Haua Plaadi Lood 1991-1999
4. Pixies - Surfer Rosa
5. Serge Gainsbourg - La Balade de Melodie Nelson
Filinto, coloca o teu Top 5 ou caem-te 10 elefantes em cima.
Banda+album+procurem onde quiserem
1. The Clash - London Calling
2. Têtes Raides - Le Bout Du Toit
3. Eriti Kurva Muusika Ansambel - Haua Plaadi Lood 1991-1999
4. Pixies - Surfer Rosa
5. Serge Gainsbourg - La Balade de Melodie Nelson
Filinto, coloca o teu Top 5 ou caem-te 10 elefantes em cima.
FRASE DO ANO
Recebi isto por e-mail intitulado de FRASE DO ANO ( e o ano está só no inicio)...
"Que bom seria se um deputado tivesse febre aftosa, peste suína ou gripe das aves. Aí seríamos obrigados a sacrificar todo o rebanho!"
"Que bom seria se um deputado tivesse febre aftosa, peste suína ou gripe das aves. Aí seríamos obrigados a sacrificar todo o rebanho!"
Voltamos mais tarde, pedimos desculpas...
Por motivos de ordem técnica, a sessão do Clube da semana anterior não ganhou forma...
Assim sendo, amanhã, e se tudo correr bem, ela terá a forma desejada.
E desculpem :)
Assim sendo, amanhã, e se tudo correr bem, ela terá a forma desejada.
E desculpem :)
sábado, 26 de janeiro de 2008
Top 5
O repto foi feito pelo Jorge aqui, e ainda que não seja fácil, também deixarei o meu Top 5.
Antes de nomear as minhas escolhas, e tal como o Jorge, convém talvez explicar que ao longo do tempo e consoante o estado de espírito as escolhas poderão ser outras. Assim , tentei definir como critério 5 albuns que apesar de já os ter escutado dezenas de vezes continuo sempre a ouvi-los com especial deleite:
The Sound - "From the Lion's heart" - sense of purpose
The Cure - "Staring at the Sea - the singles" - close to me
Nine horses - "Snow Borne Sorrow" - wonderful world
Antes de nomear as minhas escolhas, e tal como o Jorge, convém talvez explicar que ao longo do tempo e consoante o estado de espírito as escolhas poderão ser outras. Assim , tentei definir como critério 5 albuns que apesar de já os ter escutado dezenas de vezes continuo sempre a ouvi-los com especial deleite:
Banda+Album+video no youtube
The Sound - "From the Lion's heart" - sense of purpose
The Cure - "Staring at the Sea - the singles" - close to me
Nine horses - "Snow Borne Sorrow" - wonderful world
Rodrigo Leão - "Cinema" - Rosa
e para que o desafio não pare por aqui, lanço o desafio ao Rui Spranger no seu blog
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Que bela é a vida no campo
Não sei onde nasceu este preconceito de que no campo é que se está bem. Sempre ouvi o mesmo discurso:
Ah e não-sei-quê temos a nossa agricultura biológica, as verduras fazem realmente bem, não têm químicos e são mesmo saborosas. Ah e tal e os nabos são duros, as cenouras cor-de-cenoura e não cor-de-laranja e os grelos verdinhos. Mas vocês não percebem o que é viver, de facto, com animais, nunca beberam leite das tetas da vaca, sem pasteurização, nunca ajudaram a estrumar, nunca ajudaram na matança do porco.
Para ser sincero, não, não percebo um caraças disso. Das vacas gosto do focinho, para fotografar; da matança do porco, que já assisti; estrume é aquilo que calco nos jardins; nunca beberia leite de uma vaca... e quanto ao resto compreendo mas dispenso. Dispenso de tal forma que se houvesse mais gente tinha dispensado escrever este post. E se não tivesse já vontade em dispensar fazê-lo ficaria porque o senhor da sessão, que é de Aguada de Baixo, freguesia de poucos mas honrados, gente de fibra e de cumprimento fácil, o Granel, tinha-me deixado sem vontade: "Ui... és tu que fazes o post? Tás F***". Estaria se ele fosse de Ah e tal e não-sei-quantos!, coisa que sabemos que não é.
Foi-nos apresentada a sessão quando olhávamos para a Serra do Pilar, um dos extremos do centro histórico do Porto, cidade desde sempre, com alguns toques campestres -- como aquela laranjeira ali nos vizinhos do lado.
Foi tão difícil escrever o post que demorou uma semana. Os parágrafos anteriores estão aqui desde quarta-feira de madrugada, não consegui adiantar mais nada. Ainda agora não sei o que escrever. Trocamos umas ideias sobre a noite no campo. Imaginamos estrelas cadentes. Ouvimos histórias de gente que compreende o ciclo da vida, que compreende que está no topo da cadeia alimentar. Falamos sobre o campo e a cidade, sobre um tempo que foi e outro que está. De como o tempo passa no campo. De como ele foge na cidade. Falamos de tanta coisa, enfim, falamos de como se conversa calmamente no campo, assim calmamente.
Mesmo que o Granel não tivesse levado as chouriças caseiras ou lembrado os morangos, mesmo se não tivessemos varanda com vista para a laranjeira, mesmo que não recordassem as experiências no campo, mesmo que não tivessemos mais nada, tivemos a conversa -- ou melhor, estivemos na conversa. Calmamente, como no campo. E por isso foi tão difícil de (d)escrever.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
A música das cores e formas...
Antes de iniciar o post da sessão queria pedir desculpas pelo dia tardio em que ele está a ser postado.
Bem, com fumo ou sem fumo, ninguém cala as nossas paixões ( Vasco)... É este o inicio deste post, visto que esta sessão do Clube foi marcada pela nova lei nazizoide que em todos os aspectos transforma a nossa vida boémia.
Mas vamos ao que importa a sessão...
E mais uma vez o Rui trouxe uma paixão musical, e que paixão... sim senhor... Aos ritmos de Eriti kurva muusika ansambel, lá se foi falando de como este som inspirou o nosso amigo e camarada Pinguim para dar som a uma peça.
E meus amigos, o som que ouvimos na terça-feira transmite cores, sabores, sentimentos e faz-nos voar pelos mares e oceanos da imaginação.
Deixa o nosso corpo colado a cadeira enquanto as nossas mentes vagueiam esfomeados em busca do alimento da alma, o alimento da criatividade.
Assim sendo para aqueles que habitaram a sala das arrumações ( sim nada de cave esta semana), fechem os olhos e tentem reviver o som da última terça, e para aqueles que não estiveram lá, sofram.. pois o que se ouviu nessa noite, foi a magia de uma música que nos abraça e nos deixa vivos, vendo cores e formas na vastidão de nossos olhos fechados.
Muito, mas muito, mas mesmo muito obrigado Spranger.
Bem, com fumo ou sem fumo, ninguém cala as nossas paixões ( Vasco)... É este o inicio deste post, visto que esta sessão do Clube foi marcada pela nova lei nazizoide que em todos os aspectos transforma a nossa vida boémia.
Mas vamos ao que importa a sessão...
E mais uma vez o Rui trouxe uma paixão musical, e que paixão... sim senhor... Aos ritmos de Eriti kurva muusika ansambel, lá se foi falando de como este som inspirou o nosso amigo e camarada Pinguim para dar som a uma peça.
E meus amigos, o som que ouvimos na terça-feira transmite cores, sabores, sentimentos e faz-nos voar pelos mares e oceanos da imaginação.
Deixa o nosso corpo colado a cadeira enquanto as nossas mentes vagueiam esfomeados em busca do alimento da alma, o alimento da criatividade.
Assim sendo para aqueles que habitaram a sala das arrumações ( sim nada de cave esta semana), fechem os olhos e tentem reviver o som da última terça, e para aqueles que não estiveram lá, sofram.. pois o que se ouviu nessa noite, foi a magia de uma música que nos abraça e nos deixa vivos, vendo cores e formas na vastidão de nossos olhos fechados.
Muito, mas muito, mas mesmo muito obrigado Spranger.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
Como é que se faz isto não parecer demasiado oficial?
Ora bem... se calhar escrevendo num estilo oral, não definitivo, assim a fugir para o desculpem lá qualquer coisinha:
Caros Pinguins,
a malta tem de se encontrar para discutir em que moldes deve funcionar o clube. Com a nova lei do tabaco, a sala de fumo do Pinguim coincide com a nossa sala e isso significa alterações, sejam elas quais forem. Para que as decisões que terão de ser tomadas daqui para a frente sejam o mais abrangentes possível, urge marcar um encontro para conhecer sensibilidades, ideias, soluções, opiniões e já agora para dizer mal do Sócras e do Bush.
Acho que não ficou mal...
O ideal seriam que colocassem as vossas propostas de dia e hora nos comentários, para que estivessem o máximo de pinguins presentes no encontro.
Caros Pinguins,
a malta tem de se encontrar para discutir em que moldes deve funcionar o clube. Com a nova lei do tabaco, a sala de fumo do Pinguim coincide com a nossa sala e isso significa alterações, sejam elas quais forem. Para que as decisões que terão de ser tomadas daqui para a frente sejam o mais abrangentes possível, urge marcar um encontro para conhecer sensibilidades, ideias, soluções, opiniões e já agora para dizer mal do Sócras e do Bush.
Acho que não ficou mal...
O ideal seriam que colocassem as vossas propostas de dia e hora nos comentários, para que estivessem o máximo de pinguins presentes no encontro.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
Um alter-ego em Alta-fidelidade
Nunca me foi tão difícil escrever o post de uma sessão como a ultima que o Jorge nos trouxe.
E digo isso porque nunca me senti tão próximo da esfera pessoal do apresentador como nesta sessão. Alta-Fidelidade é um filme que retrata um alter-ego do Jorge. Não posso afirmar que o Jorge se definiu neste filme, mas estou certo que muito de si se encontra em Rob Gordon.
Haverá naturalmente diferenças, e algumas que o próprio Jorge bem lamentará, mas a melomania é uma característica mútua. Quem de nós nunca se surpreendeu com a capacidade do Jorge em citar musicas e o seu autor? E será mera coincidência a elaboração de TOP-5 que o Jorge faz no teaser da sessão e depois repete e incita no seu blog? Ambos vivem em torno da sua paixão pela música.
Não quero continuar a fazer uma análise pormenorizada das suas semelhanças (por um lado, porque não estou habilitado a tal, por outro porque não me parece correcto). E dito isto, porque não abordar a personagem de Rob?
Este fã incondicional de música, que tem o cuidado de nos alertar para os malefícios da Pop music ainda no preâmbulo do filme, seduz todos os que o rodeiam com uma graça que ele próprio tem dificuldade em compreender. E é esta dificuldade de compreensão (que muitos chamarão maturidade tardia) que somos convidados a decifrar em Alta-Fidelidade. Através de um Top-5, como não podia deixar de ser, Rob apresenta-nos as suas paixões (carnais). As marcas que elas lhe deixaram, as marcas que ele deixou, os mitos que ele criou, as expectativas que ele defraudou, todas estas relações nos são esmiuçadas em contactos que ele provoca com as suas anteriores companheiras. Em simultâneo, a sua ultima relação que inicialmente nem tem direito a constar do Top-5, vai crescendo de importância e subindo lugares na tabela à medida que Rob ganha consciência das suas limitações.
Claro que este processo não é fácil, porque Rob não é uma pessoa fácil. Que dizer de alguém que organiza a sua discografia por ordem biográfica? Que sabe exactamente o momento em que adquiriu cada um dos seus milhares de discos? Tanta meticulosidade não pode augurar nada de bom.
Mas se calhar até pode… afinal de contas, Rob retira todos os seus discos das estantes e um por um eles retornam á sua posição original, como ideias que se organizam numa ordem perfeitamente lógica. Também as suas relações sofrem o mesmo efeito e no final Rob sabe quem deve ocupar o lugar cimeiro da tabela.
Rob amadureceu, Rob arriscou, Rob assumiu, enfim Rob sabe agora quem é!
Termino assim este post que já há muito devia ter sido publicado, e que espero me possam desculpar, mas não era fácil falar do Jorge, perdão, do Rob.
E digo isso porque nunca me senti tão próximo da esfera pessoal do apresentador como nesta sessão. Alta-Fidelidade é um filme que retrata um alter-ego do Jorge. Não posso afirmar que o Jorge se definiu neste filme, mas estou certo que muito de si se encontra em Rob Gordon.
Haverá naturalmente diferenças, e algumas que o próprio Jorge bem lamentará, mas a melomania é uma característica mútua. Quem de nós nunca se surpreendeu com a capacidade do Jorge em citar musicas e o seu autor? E será mera coincidência a elaboração de TOP-5 que o Jorge faz no teaser da sessão e depois repete e incita no seu blog? Ambos vivem em torno da sua paixão pela música.
Não quero continuar a fazer uma análise pormenorizada das suas semelhanças (por um lado, porque não estou habilitado a tal, por outro porque não me parece correcto). E dito isto, porque não abordar a personagem de Rob?
Este fã incondicional de música, que tem o cuidado de nos alertar para os malefícios da Pop music ainda no preâmbulo do filme, seduz todos os que o rodeiam com uma graça que ele próprio tem dificuldade em compreender. E é esta dificuldade de compreensão (que muitos chamarão maturidade tardia) que somos convidados a decifrar em Alta-Fidelidade. Através de um Top-5, como não podia deixar de ser, Rob apresenta-nos as suas paixões (carnais). As marcas que elas lhe deixaram, as marcas que ele deixou, os mitos que ele criou, as expectativas que ele defraudou, todas estas relações nos são esmiuçadas em contactos que ele provoca com as suas anteriores companheiras. Em simultâneo, a sua ultima relação que inicialmente nem tem direito a constar do Top-5, vai crescendo de importância e subindo lugares na tabela à medida que Rob ganha consciência das suas limitações.
Claro que este processo não é fácil, porque Rob não é uma pessoa fácil. Que dizer de alguém que organiza a sua discografia por ordem biográfica? Que sabe exactamente o momento em que adquiriu cada um dos seus milhares de discos? Tanta meticulosidade não pode augurar nada de bom.
Mas se calhar até pode… afinal de contas, Rob retira todos os seus discos das estantes e um por um eles retornam á sua posição original, como ideias que se organizam numa ordem perfeitamente lógica. Também as suas relações sofrem o mesmo efeito e no final Rob sabe quem deve ocupar o lugar cimeiro da tabela.
Rob amadureceu, Rob arriscou, Rob assumiu, enfim Rob sabe agora quem é!
Termino assim este post que já há muito devia ter sido publicado, e que espero me possam desculpar, mas não era fácil falar do Jorge, perdão, do Rob.
quarta-feira, 2 de janeiro de 2008
Feliz 2008!
Esvaziam-se os cinzeiros, o fumo dissipa-se e fica visível um mundo novo.
2008 começa sem um dos factores culturais mais importantes na História de um país mediterrânico como Portugal.
Nos livros, desde a minha adolescência que lia o prazer de enrolar um cigarro ou fumar um cachimbo das personagens. Nas fotografias Coltrane, Parker e muitos outros mostravam que o Jazz não vivia sem o fumo dos seus cigarros. No cinema, a rebeldia de James Dean ou a estética Boggardiana seriam vazias sem o pequeno cilindro de tabaco aceso no meio dos dedos. Sartre, Kafka, Freud, Faulkner ou Hemingway perfumaram as páginas dos seus livros com o tabaco mais suave para que a leitura corresse como uma nuvem.
A noite foi criada pelos boémios para os boémios. Nas mitologias grega e romana não consta que Diónisos ou Baco fossem dois coninhas preocupados com o fumo passivo. A sua importância na história da sociedade ocidental reflecte-se na Filosofia. O ócio e o fausto das nuvens de fumo nos speakeasy's de Chicago toldam uma memória e uma forma de vida que nunca hão-de morrer.
Mas é o puritanismo mesquinho e hipócrita que o homem vem alimentando desde sempre que está a matar uma cultura, uma liberdade individual, um prazer. E quem mata o prazer não merece um minuto de felicidade.
O fumo desaparece dos espaços públicos e as notícias mostram os protestos contra o Ministro da Saúde, uma fábrica que fecha em Santo Tirso sem aviso prévio aos trabalhadores, os acidentes de viação continuam e há pessoas mortas a tiro na passagem de ano.
Nem tudo o fumo levou! Feliz Ano Novo!
2008 começa sem um dos factores culturais mais importantes na História de um país mediterrânico como Portugal.
Nos livros, desde a minha adolescência que lia o prazer de enrolar um cigarro ou fumar um cachimbo das personagens. Nas fotografias Coltrane, Parker e muitos outros mostravam que o Jazz não vivia sem o fumo dos seus cigarros. No cinema, a rebeldia de James Dean ou a estética Boggardiana seriam vazias sem o pequeno cilindro de tabaco aceso no meio dos dedos. Sartre, Kafka, Freud, Faulkner ou Hemingway perfumaram as páginas dos seus livros com o tabaco mais suave para que a leitura corresse como uma nuvem.
A noite foi criada pelos boémios para os boémios. Nas mitologias grega e romana não consta que Diónisos ou Baco fossem dois coninhas preocupados com o fumo passivo. A sua importância na história da sociedade ocidental reflecte-se na Filosofia. O ócio e o fausto das nuvens de fumo nos speakeasy's de Chicago toldam uma memória e uma forma de vida que nunca hão-de morrer.
Mas é o puritanismo mesquinho e hipócrita que o homem vem alimentando desde sempre que está a matar uma cultura, uma liberdade individual, um prazer. E quem mata o prazer não merece um minuto de felicidade.
O fumo desaparece dos espaços públicos e as notícias mostram os protestos contra o Ministro da Saúde, uma fábrica que fecha em Santo Tirso sem aviso prévio aos trabalhadores, os acidentes de viação continuam e há pessoas mortas a tiro na passagem de ano.
Nem tudo o fumo levou! Feliz Ano Novo!
terça-feira, 1 de janeiro de 2008
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