sexta-feira, 21 de julho de 2006

Macbeth

Não é de forma alguma, uma adaptação da Noite de Reis de Shakespeare, tal como o filme de John Madlen na Paixão de Shakespeare. Mas foi, é uma excelente forma de exteriorizar uma predisposição de sentir a vida, à boa maneira Shakespeariana.
Não é por acaso que Valter ama este extraordinário escritor, de facto, Hugo Valter respira teatro e toda a sua essência se completa quando transpira emoções de romantismo, enredo e tragédia tão características nas obras deste gigante intemporal…
O despertar desta memorável paixão começou com uma rotineira viagem ao cinema ver o filme Romeu e Julieta de Lurman. De seguida procurou no vídeo clube o filme Otelo de Neud Pavlovic, que desencadeou em Valter, uma exaustiva busca de identidade em todas as obras deste autor. Se eu quantificasse esta paixão, diria que Hugo conhece de cor os trechos mais íntimos da sua amada.
De entre as suas obras predilectas, a Noite de Reis, Hamelt, Romeu e Julieta, Macbeth, é com Otelo que mais se identifica. Diz Hugo – Obra escrita além fronteiras, começa em Veneza e acaba em campanha. Revejo-me no personagem de Iago pela sua personalidade manipuladora e persuasiva, maquiavélico e principal impulsionador da história.
Nesta sessão fomos galanteados com uma pseudo encenação de Macbeth, uma história de intriga, poder e traição, onde Hugo com uma leitura repleta de força, garra, amor e paixão, conseguia exteriorizar toda a energia dos personagens, que ia atribuindo a cada um dos presentes.
Rui Vieira intitulado de Macbeth, honroso general do rei da Escócia Duncan que cai na desgraça da traição e acaba por cometer o crime odioso do assassínio de Duncan, isto é, Eu. Lady Macbeth, Helena, torna-se na principal personagem da história, personificado a intriga incentivando a morte do Rei “…Vem cá, para que possa verter a minha coragem nos teus ouvidos…” Cena V, a impaciência “…se podemos ser reis já, porquê esperar!...”, a sede pelo poder “…quando Duncan estiver a dormir… neutralizarei com vinho…seus dois camareiros…vós e eu com o indefeso Duncan…”
Shakespeare utiliza frequentemente o nº 3 na construção das suas cenas, as 3 bruxas, personificando o diabo, representadas por, Hugo, Helena e Ana, as 3 premunições “…Salve, Macbeth, salve que um dia serás rei…” e as 3 aparições “…Macbeth nunca será vencido até que a floresta de Birnam marche…”, “…Acautela-te com Macduff…”. È através destas personagens que vai contextualizando a acção e adiantando a desenvoltura da história criando desta forma, a sensação de impotência nos leitores, que Hugo tanto gosta.
Como na maior parte das peças se Shakespeare, esta não foge à regra, todas as tragédias têm um final feliz. Macbeth fica banhado em eternas insónias e decapitado por Macduff, um dos senhores da Escócia e braço direito de Duncan “… reentra Mucduff com a cabeça de Macbeth…” Cena VII. Lady Macbeth enlouquece e vive com as mãos manchadas do sangue de Duncan “…fora maldita manha…”Acto V, cena I e suicida-se “… a rainha meu senhor esta morta…” Cena V.
Por ultimo, e em jeito de pinguim discutimos o moral da história que se resume na frase “ tudo o que se ganha também se perde”, a vida é um rodopio de altos e baixos, por isso devemos medir bem, se os meios justificam os fins.
Obrigado ao meu amigo Hugo Valter pela magnífica apresentação e a todos os personagens por vierem intensamente esta memorável paixão.

Miguel Angelo

PS- Este post está assinado com o meu nome porque me foi impossivel utilizar o login dos pinguins, já agora peço desculpa pela demora em publica-lo o que é culpa minha...

4 comentários:

Unknown disse...

Muitos parabéns aos dois.
Sem palavras por ter perdido uma sessão que certamente iria adorar.

Hugo Valter disse...

Eu já sabia que o Miguel Angelo estava a preparar um testamento, mas não estava à espera de uma investigação profunda pela obra de Shakespear e pelas minhas paixões. E apesar de algumas falhas (pequenas lacunas) dou os meus sinceros parabéns ao Miguel Angelo pelo fabuloso post com que me brindou e pela maneira como surrateiramente me ia sacando as informações pessoais que necessitava para escrever o mesmo.
(P.S.- Ao contrário do que diz o post eu não me identifico com o Iago, eu identifico o Iago com o mundo que me rodeia e no qual vivemos, o que faz com que todos nós sejamos metade Iago, metade Otelo... Não confundir!)

GRaNel disse...

Também eu não pude estar presente na sessão. Resta-me pedir desculpa ao Valter e um enviar um muito obrigado, tanto ao Valter pela sessão, quer ao Miguel pelo brilhante resumo que me levantou a ponta do véu.

António Manuel Rodrigues disse...

Ser ou não ser, eis a questão...

Eu quero ser! E os Pinguins também são, mais uma sessão diferente, os meus parabéns ao Valter e ao Miguel Angelo pela coragem.

De Iago e Otelo todos temos um pouco...