sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Que tal referendar a regimento da Assembleia da República?

O deputado do PPM Pignatelli Queiroz recordou quinta-feira o regicídio, sim o de há 99 anos, numa alusão emocionada em plena Assembleia da República:
«Hoje, neste salão magno da democracia, como português, como monárquico, como PPM independente, manifesto o meu profundo pesar e o meu repúdio pelo bárbaro acontecimento», declarou, recebendo palmas de deputados do PSD e do CDS-PP. link

Não sei, mas penso que se calhar deveríamos era refendar o regimento da Assembleia da República, para decidir com que assuntos os senhores deputados se devem preocupar ou divertir. Uma coisa é certa: eu faria campanha para que decidissem sobre coisas importantes como a Interrupção Voluntária da Gravidez e deixassem outras conversas mais recreativas - históricas - para os seus clubes privados.

7 comentários:

Rui Vieira disse...

Esta é das melhores farpas que já vi por aqui. Curta e acutilante.

Gostaria de concordar directamente com o Filinto, mas a Assembleia da Republica também deve ter um sentido moralizador. E repudiar um regicidio, pelo simbolismo do acontecimento, é moralizar sobre o direito à vida. É alertar que, apesar de não se concordar com algo ou alguém, existem vias pacificas para resolver as diferenças.
Queira-se ou não, o Sr. deputado Pignatelli Queiroz tem assento na Assembleia da Republica e é monárquico, como tal parece-me natural que suscite o repudio pelo acto que a história da Republica teima em desvalorizar.

FPM disse...

Eu valorizo o dia, que foi o da tomada do poder pelo último rei que reinou em Portugal, Manuel II. Não foi o último de entre os não eleitos, mas foi o último entre os eleitos pelo sangue. O senhor Pignatelli Queiroz foi eleito num incompreensível delírio de Santana Lopes de fazer regressar a AD, a par com um dos fadistas Câmara Pereira, e independentemente do seu valor é lesto nas argoladas (a deste link é inesquecível). E apesar de o defender, admito que nem sempre existem vias pacíficas para resolver alguns as diferenças. E admito que o senhor deputado Queiroz não se tenha referido a quantos anarquistas ou liberais (ou libertários) terão sido mortos desde meados dos anos 1850, e sobretudo desde o 31 de Janeiro, por contestarem o regime, o que desarma o seu e o teu argumento numa república e sobretudo numa democracia.

Unknown disse...

Os anarquistas são um bocadinho parvos. Se calhar um tirito ou outro não fez mal nenhum!
Vejamos que o sr. Pignatelli Queiroz, embora monárquico faz-se usar de um direito que lhe assiste. E que eu saiba ser deputado num parlamento não faz das pessoas republicanas ou manárquicas. Uma coisa é a forma do Estado outra é o sistema político vigente!
Concordo com o Vieira, sim senhor tudo bem. Mas também concordo com o Filinto (excepto em relação aos anarquistas) que não deve ser um temazinho! É importante aliemntar a democracia e a tolerância. É este o sentido que tiro das palavras de uns e outros.

Rui Vieira disse...

É perfeitamente natural que cada individuo valorize os acontecimentos sobre o prisma mais de acordo com os seus principios. É por isso compreensivel que recordes 1 de Fevereiro de 1908 como a ascenção do ultimo representante de um sistema que consideras injusto.
Mas também, e pelo mesmo motivo, deveria ser natural que o Sr. Pignatelli Queiroz recorde essa data como o assassinato do Rei D. Carlos e do seu filho Luis Filipe.
Querer atribuir ao Sr. deputado, e a mim por extensão na defesa, regozijo pelos anarquistas mortos(e já agora Jorge, os anarquistas de então não seriam tão radicais como os de agora) já me parece algo forçado. Pignatelli Queiroz tem um historial de vida em democracia e respeito pela pluralidade de opiniões que lhe permite ocupar o lugar de deputado sem qualquer mácula democrática e humanitária. Oxalá muitas outras eminências da nossa vida politica se pudessem orgulhar do mesmo.
Ainda em relação ao teu comentário, gostaria de acrescentar que seria conveniente o uso de um "estupidómetro" na Assembleia da Republica. Seria a melhor forma de limpar aberrações politicas como o Câmara Pereira.

Anónimo disse...

rui,
antes de mais deixa-me agradecer por teres respondido ao jorge sobre os anarquistas (mesmo ideologicamente eram diferentes), mas sobretudo deixa-me garantir que nunca pretendi escrever "regozijo" - porque tenho a certeza que não o é e nem argumentativamente daria isso a entender. E concordo completamente quando escreves que é natural que o deputado em causa tenha o direito (diria até o dever face às suas convicções) de exprimir a sua opinião. Contudo, o post pretendia contrapor a utilização da Assembleia da República para falar de um assunto que, pela distância e relevância histórica, pertence a outros foruns, por um lado, e a desresponsabilização, por outro, dos membros da mesma assembleia (que gozaram o senhor Queiroz pelo que se percebe no link) na decisão sobre a IVG. Tudo isto, acentuando a farpa do jorge na terça-feira passada.
Numa palavra: poderia ter escrito a mesma coisa e com o mesmo despreendimento se um deputado do Bloco de Esquerda lembrasse o aniversário de Rosa Luxemburgo ;-)

Unknown disse...

Morte aos anarquistas, Tzaristas e parvos! Pátria ou Morte!

Anónimo disse...

lol. Oh jorge, se não te conhecesse dirias que era um comunista - com essas frases, do cubano "patria o muerte" ao bolchevique "morte aos anarquistas".