domingo, 7 de maio de 2006

O ministério da Penalização Social

Ouvi anteontem (julgo eu) no noticiário da TV algo que me incomodou. Ainda por cima por se estar a tornar regra um comportamento estranho neste nosso pequeno país.

O nosso querido e amado primeiro ministro, consciente da falta de massa produtiva, procura o aumento da natalidade em Portugal. É comum no mundo ocidental, evoluído e industrial vivermos problemas de evelhecimento de população e segurança social em crise, vários paises estão a adoptar medidas para combater esta situação.

Ora o Excelentissimo Primeiro Ministro José Socrates lançou um plano que visa penalizar os casais sem filhos, ligeiramente diz ele... Acreditando que na expressão "penalizar ligeiramente" a leveza da segunda palavra alivie o peso da primeira...

Já Milan Kundera nos falou da "Insustentável leveza do ser" e Nitsche do "Eterno Retorno"...

A semana passada recebi uma carta da segurança social (sic) que me esclarecia do valor que tenho a pagar mensalmente, ora diz a mesma, que por incumprmento dos prazos legais (que me parece falha dos seus serviços) não tenho beneficios no pagamento, ou seja, tenho que pagar pela regra... Sendo a regra o desconto sobre 1,5 SMN...

Traduzindo... A regra na tributação da segurança social são quase 200 euros mensais... Sim, leram bem, não me enganei... Num país onde o salário mínimo nacional não chega a 400 euros... E nem todos os recibos verdes são médicos e advogados... Grande parte são na verdade jovens em primeiro emprego explorados segundo esquemas legais que chegam ao fim do mês com trocos que não permitem a sobrevivência de ninguém... Muito menos de familias... E ainda menos destas com cachopos para criar...

Confesso que me sinto confuso... Com as politicas da nossa segurança social... Com as opções de um suposto governo socialista... E com o discurso dos funcionários públicos que se aproxima de ameaças de agiotas...

Este texto é escrito a quente... Nota-se... Mas já se passaram alguns dias da minha revolta... Se fosse na altura estaria pejado de palavras menos delicadas e quiçá insultuosas... Hoje, só me apetece emigrar, abandonar esta desgraça a quem a quiser aturar... E deixar a massa produtiva para os governantes que se queixam da falta de mão de obra e (irritantemente) dos ataques da comunicação social (que afinal nada faz e de pouco fala)...

Se até há alguns meses o meu receio se resumia a voltar a ver os policias, de bastão na mão, aparecerem na rua, hoje confesso que temo pelo desaparecimento da palavra républica nesta nossa pátria que, para já, ainda é a Républica Portuguesa...

1 comentário:

Rui Vieira disse...

Hoje trouxeste um tema que já há muito me indigna. A alienação do Estado face aos "recibos verdes".
Com este esquema o Estado garante que as empresas tenham as suas contabilidades organizadas e assim conseguirem ir cobrando os seus impostos e por outro lado permitirem uma menor taxa de desemprego.
Mas com este mesmo esquema subverte-se o principio de solidariedade. As empresas ( e Estado, recordemos o exemplo ainda que indirecto da Camara Mun. de Lisboa)usam e abusam deste expediente deixando os jovens dependentes da sua aceitação para conseguirem alguns trocos.
E o Estado, que deveria ver isto, ainda trata os contribuintes de recibos verdes como magnatas, num País onde é conhecido o salario medio e a desproporçao entre quem mais e menos ganha, aplicando-lhe "taxas sociais" insustentaveis.
E como já me alonguei nem vou questionar a aplicação e o retorno que teremos das nossas contribuições.