domingo, 21 de maio de 2006

Há palavras que deviam ser tabu

"Todo o cidadão que receba em sua casa um estrangeiro deve declarar às autoridades a data da sua chegada e a data da sua partida".

Era mais ou menos assim que começava a chamada "Lei Debré", que felizmente não chegou a ser aprovada, fruto de muitas manifestações em França.

A contestação foi muito grande por vários motivos, mas o principal foi o de lembrar os tempos do governo de Vichy (a ocupação Nazi) onde existia o princípio da delacção.

Em Portugal, tivemos durante 40 anos o mesmo princípio, mas já ninguém se lembra... ou pelo menos assim parece.

A primeira vez que andei de metro fiquei chocado.
Um grande cartaz dizia algo no género " O Metro também é seu. Se assistir a um acto de vandalismo DENUNCIE".
Recentemente, andei de autocarro, e ainda sobre o tema do vandalismo, havia uns prospectos com o mesmo objectivo, mas já não pediam para DENUNCIAR, mas sim para INFORMAR.

Creio estar aqui toda a diferença!

4 comentários:

GRaNel disse...

Tens toda a razão. Uma palavra mal escolhida faz toda a diferença e ninguém é policia de ninguem.

Mas passando à parte da questão semântica devo-te dizer que concordo com a participação dos cidadãos na conservação de bens públicos. Afinal de contas, somos nós que os pagamos eportanto, devemos zelar por eles.

Rui Spranger disse...

Concordo absolutamente.

António Manuel Rodrigues disse...

Concordo, concordo e concordo...
Mas (tenho sempre um mas...)deixem-me lembrar que controlo social não é sinónimo de delacção...

Rui Vieira disse...

Actualmente as empresas preocupam-se em ter nos seus quadros responsaveis pela comunicação institucional. Se utilizam a palavra "denúncia" eu sou obrigado a assumir que essa é a posição oficial da empresa.
Recentemente um quadro responsavel pela comunicação de um Centro Comercial de Lisboa foi demitido por ter aludido que o espaço comercial melhoraria com o afastamento de individuos de cor negra. E não sou hipócrita em achar que a Administração não partilhava dessa ideia, somente consideraria que um responsavel pela comunicação deveria ter maior zelo na utilização da sua ferramenta de trabalho, a língua portuguesa.