quinta-feira, 27 de abril de 2006

A casa portuense do seculo XIX


A ultima sessão foi sobre arquitectura por um arquitecto...

O Pedro brindou-nos com uma maquete (sua) de uma casa tipica da cidade do Porto construida no seculo XIX.
A sessão dividiu-se em 4 pontos:
  1. introdução
  2. os lotes e direitos de propriedade
  3. a construção
  4. antropologia dos edificios

Começando por desafiar os presentes a pensar no que gostam da arquitectura e dos espaços, passamos à sua gestão... Com o seculo XIX começam os primeiros problemas de aglomerados urbanos, havia que gerir o menor espaço disponivel para o maior numero de pessoas a habitar nas cidades, e chegamos à construção em altura (a enormidade de 3, 4 e até mesmo 5 pisos, imaginem...).

Para isto começaram a utilizar-se lotes para construir prédios, ora muitos destes lotes, apesar de compridos, eram estreitos. O exemplo da maquete que o Pedro nos trouxe seria de algo entre os 3 e os 4 metros. Por informação do Spranger, a casa mais estreita da Europa fica no Porto, entre as igrejas das Carmelitas e do Carmo... Sim, eu também nunca tinha reparado que elas não estavam coladas...

Quanto aos pormenores de contrução... Faltam-me os desenhos... Mas vou tentar resumir as preciosidades que ficamos a conhecer:

A casa começa por ter duas paredes de apoio, normalmente partilhadas com os edificios vizinhos, o conceito de "a minha parede no meu terreno" é pouco comum na cidade do Porto desta época. Estas paredes são em granito e têm pelo menos 60 cm de espessura, o exemplo máximo que o Pedro nos deu foi de 1 metro e 20 cm...

Os pisos são acentes em paus rolados apoiados nas paredes mestras, em cima dos quais está o soalho em madeira.

As paredes eram em tabique, ou seja: uma estrutura em madeira, coberta por um ripado coberto por sua vez com cal.

Ao centro do edificio está o vão de escadas, que divide cada piso em duas "salas", uma para a frente do edificio, outra para as traseiras, estes espaços podiam ser subdivididos. Por cima das escadas era comum haver clarabóias. Nas traseiras podia haver pequenos quintais, mas por vezes o fundo do prédio (como é o caso do nosso exemplo) juntava-se com o fundo de outro, não havendo janelas ou aberturas para o exterior.

O telhado era composto por asnas, uma estrutura de madeira onde "pousa" a telha.

Por fim, a fachada, como várias destas estruturas já descritas, chegava ao prédio já feita, ou seja, vários destes elementos de construção estavam padronizados, nas suas formas e tamanhos. Era também em pedra, coberta de piche e rematado com cal.

Entre as vantagens desta contrução estão o isolamento de humidade e termico.

Quanto à antropologia... Se casos havia em que o edificio era ocupado por uma familia com o seu negócio no rés do chão, este espaço no rés do chão, normalmente com uma porta independente, era muitas vezes alugado ou usado como armazém, e o prédio podia ser ocupado por várias familias, na nossa maquete "caberiam" até 6...

Espero ter transmitido um pouco do que envolve a aparente simplicidade destas construções... E que alguém corrija as prováveis barbaridades que aqui escrevi... Isto de escrever de cor sem ter recolhido informações só pode dar um monte de asneiras,...

5 comentários:

Rui Vieira disse...

Não estive presente, mas o Pedro deve ser um excelente pedagogo.
Conseguir que o Tó se lembrasse de tudo isto sem recorrer a auxiliares de memória é a melhor prova de quando algo é transmitido com Paixão.
Parabéns ao Pedro pela escolha do tema... e quanto a ti, Tó, a qualidade usual.

GRaNel disse...

E aqui está mais um resumo de sessão que prova a qualidade do nosso Clube, modéstia à parte. Um resumo brilhante de uma sessão brilhante.

Quanto à sessão, devo dizer que gostei especialmente da informalidade da mesma e da participação da "plateia". E aprender sobre um dos marcos da arquitectura portuense é sempre interessante. Obrigado Pedro por partilhares esta paixão connosco.

Unknown disse...

Sempre a aprender com a paixão dos outros e a torná-la nossa também!
Excelente sessão, parabéns Pedro! Quanto ao Tó não fez mais que a obrigação! eheheh!

ana_magalhaes disse...

Pimo... fantástico! A tua memória deve ser das poucas qualidades que possuis! (Tou a brincar, mas surpreendeste-me muito... onde foste pesquisar esta informação toda?)
Obrigado Pedro...foi uma sessão muito gira em que pudemos participar muito activamente. É sempre bom aprender coisas novas (especialmente quando a informação nos é transmitida com tanto entusiasmo)!

António Manuel Rodrigues disse...

Não... A memória não é uma qualidade minha... Infelizmente... Mas de facto o Pedro deve ser um excelente pedagogo porque consegui lembrar-me disto... Apesar de se ter falado muito mais na sessão... Obrigado ao nosso arquitecto!

PS - Apesar de a memória ser uma falha, as minhas qualidades são imensas...