segunda-feira, 19 de novembro de 2007

"Poderão os quilómetros separar-nos dos nossos amigos?

A primeira vez que a vi, confesso, fiquei intimidada. Com opinião pensada e desenvolvida sobre quase tudo, usava a sua voz como arma de arremesso das palavras, deixando sobre a mesa sólidas construções argumentativas. A sua doçura só conheci mais tarde. Não foi "amor à primeira vista", foi um combinar mágico de conversas e confissões, de provas de confiança e entrega, que lhe concederam um lugar de honra dentro do meu coração e da minha vida. Hoje chamo-lhe, com toda a alegria e gratidão, minha tão especial e querida Amiga!

O que mais me marcou nesta terça-feira foi a coragem com que desceu as escadas, mergulhou na nossa cave, colocou o banco (como sempre faz nas sessões que apresenta) e, lentamente, deixou cair a capa onde recolhe as emoções. De mãos estendidas, transbordantes de amizade, anunciou-nos o seu adeus.

Houve quem recusasse compreender e aceitar e houve quem aceitasse mesmo sem compreender, houve quem deixasse o sentimento à solta na voz e houve quem calasse as palavras quase impensáveis... tantas formas como pessoas de combater a iminência de um lugar vazio.

Num turbilhão de sentimentos, eis então a criação de um momento mágico. Juntamos memórias, risos e irritações e, sem saber quando nem como, ali estavamos nós, mais do que um grupo de pessoas, mais do que membros de um clube ... Amigos, contrabandeando o que nos inundava a alma através dos olhares e das palavras.

Tudo porque é tão dificil deixar partir uma amiga como tu, Marta! O que és hoje, serás sempre, e, enquanto não voltas, mantemos o teu lugar vivo com as recordações que te fazem sempre presente!

"Voa, livre e feliz, (...),
através da eternidade e encontrarmo-nos-emos
de vez em quando, sempre que quisermos,
no meio da única festa que nunca poderá terminar."
Richard Bach, Não há longe nem distância

Sem comentários: