Desde miúdos que nos interrogamos sobre o conceito de normalidade. O que é, então, ser normal?
Na adolescência, por exemplo, achamos que tudo o que fazemos na nossa intimidade é fora do normal, que só nós é que coisa e tal e que os outros não
saem por aí
soltando pipa. O adolescente acha sempre que só em sua casa é que se passam certas coisas que o podem
envergonhar perante os outros.
Quando crescemos percebemos que é tudo normal, que os outros são tão normais como nós. Percebemos que somos todos humanos e que todos temos os mesmos meios que os outros para viver como humanos (dentro da nossa sociedade ocidentalizada, claro). Em todos os casais, por exemplo, existe um Rui e uma
Vani, existem as mesmas discussões, os mesmos problemas, praticamente as mesmas intimidades.
Esse grande povo que é o Brasileiro ensina-nos isso de várias formas, com a sua descontracção, principalmente. O Filinto mostrou-nos isso na última sessão com a série brasileira
Os Normais.
Centrada num casal normal, a série cómica segue apenas um tema por episódio mantendo toda a estrutura normal. A vida deste casal é perfeitamente normal. Vivem numa casa normal. Têm problemas normais no relacionamento. Vivem numa cidade normal, com uma praia normal, com amigos e ideias normais que procuram as mesmas coisas e se debatem com os mesmo dilemas normais de todos os normais.
Criada pela Rede Globo em 2001, a série esteve em exibição até 2003 todas as sextas-feiras. Houve uma altura em que estiveram á quarta-feira, mas foi pouco tempo. Trouxeram até uma t-
shirt a dizer «Fui à Quarta e regressei vivo!». Os textos são de Alexandre Machado e de Fernanda
Young sendo que é a esta senhora que se deve o mérito do livro.
Na minha opinião de normal todos os temas abordados na série e a forma como são abordados poderiam ser temas de stand-
up e talvez seja por isso que o Filinto trouxe esta paixão - já é normal ele trazer paixões para nos fazer rir.