quinta-feira, 4 de julho de 2024

Tira-Teimas Shakesperiano: O amor é o veneno e a cura

   Há cerca de uma hora e meia ainda se vivia o dia 3 de julho, onde a noite se estendeu para, uma vez mais, fazer da cave a casa de quem nela encontra abrigo. 

A Francisca trouxe a ideia, o Tiago usurpou-a e os dois materializaram-na num dueto a vozes que se pediam desafinadas. Havia, então, que desafiar a memória e recuperar uma estória em que a expectativa do amor feérico, não se tenha concretizado ao nosso desejado traço.

Tendo sido o desafio proposto, dois pacotes de lenços de papel da Renova patrocinaram-nos a tela para cada um dos relatos anónimos. Enquanto cada um  de nós descrevia, mais ou menos animado, sob um lenço de papel, o Tiago preparava o ambiente com músicas pseudo-românticas e instalava-se o confessionário possível. 

Após terminarmos, os papéis foram misturados e retirados um a um. De microfone e lanterna em riste, cada um leu um dos relatos anónimos e, no final de cada leitura, houve espaço para conselhos, exploração de hipóteses, confabulações e comentários, mais ou menos polêmicos. (Seria o Pedro cigano, e por isso estava prometido?/ Terão os homens um risco biológico perto de mulheres que nem um vírus?). Afinal, somos todos igualmente portadores de um ardente coração, diferenciamo-nos apenas por uns terem um tipo de letra mais aprazível. 

De modo a concretizar a libertação de que o coração precisa, no final necessitámos da ajuda de um isqueiro,  de um pátio e  de um par de botas audazes. Assim, queimaram-se as estórias e iluminaram-se as possibilidades futuras de mais desaires que nos encham o consultório desamoroso das quartas!

"Foi assim, como foi e não como deveria ter sido"- Pensámos nós, ao recordar os nosso tropeços. 

Ainda assim, partimos hoje da cave com  a certeza de que, mais uma vez, estamos juntos no desamor como no amor. Caminhámos juntos no mesmo convés com um pinguim ao leme que é o coração da nossa partilha. Esse amor é o de todos, e é para sempre!


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