segunda-feira, 15 de julho de 2024

Debate leve, levemente (...) Fui ver. Eram os Pinguins.

Ah, o velho Clube dos Pinguins está de volta! A última sessão trouxe à memória a verdadeira tertúlia de debates acesos que houve em tempos idos nesta cave, mas desta feita, a discutir trivialidades, o que acabou por se transformar numa noite de risota.

Esta semana, a anfitriã foi a Márcia, que abriu a sessão de uma forma inovadora, saindo da sala e deixando-nos com uma gravação de nível profissional, a explicar o tema da sua paixão: os debates, e de forma pedagógica a etimologia da palavra "debate". Parece que vem do latim "de-" (remover) e "battuere" (bater), o que nos fez logo imaginar uma sessão de pancadaria verbal!

Mas, no fundo, descobrimos estar a integrar uma espécie de espectáculo voyeurista para a Márcia, que usou uma metáfora curiosa: cada pessoa é um museu. E pronto, ali estávamos duas facções de "debateurs" para serem devidamente observados, escrutinados e julgados pela dupla Márcia e João, este último voluntariado à força. Claro que nós, os restantes pantomineiros, não perdemos tempo e entrámos logo no espírito da coisa.


Para abrir as hostes, a mediadora lançou para a mesa uma questão fracturante e de extrema importância para a sociedade: molhar a escova de dentes antes ou depois de colocar a pasta dentífrica? Argumentos científicos, experiências pessoais e até tradições familiares foram trazidos à mesa, e no final o júri escolheu a equipa que trouxe a avó à colação.


Pelo meio, houve mais temas não menos importantes, como a melhor francesinha (Porto ou Braga), em que de um lado se defendia o toque especial da nouvelle cuisine minhota. 


Mas o ponto alto da noite estaria para chegar, com o debate musical: Um dos lados puxou do telemóvel e, com toda a pompa e circunstância, apresentou uma música dos Oasis, argumentando que era a melhor banda britânica. O outro lado dizia que não, que aquela, música não tinha qualidade nenhuma e que os Blur é que eram a melhor banda do mundo, comparada com os Rolling Stones e tudo. Só que mais tarde se vem a descobrir que a música era, na verdade, dos Blur! Foi gargalhada geral, e tivemos de admitir que, mesmo sem querer, se tinha dado um exemplo perfeito de como se deve estar bem preparado para um debate, para não se fazer figuras à Biden. Pronto, admito que esta piada foi um "tiro ao lado". 


Encerrada a sessão, a Márcia fez uma reflexão importante. No meio de tanta diversão, lembrou-nos que o debate é essencial. Vivemos num mundo onde se debate cada vez menos e precisamos de pessoas que saibam construir argumentos e defender os seus pontos de vista, elevando a discussão. E, assim, saímos do Clube dos Pinguins não só mais divertidos, mas também um pouco mais sábios.


Até à próxima sessão, caros Pinguins. E lembrem-se, debatam sempre, nem que seja sobre a escova de dentes!

quinta-feira, 4 de julho de 2024

Tira-Teimas Shakesperiano: O amor é o veneno e a cura

   Há cerca de uma hora e meia ainda se vivia o dia 3 de julho, onde a noite se estendeu para, uma vez mais, fazer da cave a casa de quem nela encontra abrigo. 

A Francisca trouxe a ideia, o Tiago usurpou-a e os dois materializaram-na num dueto a vozes que se pediam desafinadas. Havia, então, que desafiar a memória e recuperar uma estória em que a expectativa do amor feérico, não se tenha concretizado ao nosso desejado traço.

Tendo sido o desafio proposto, dois pacotes de lenços de papel da Renova patrocinaram-nos a tela para cada um dos relatos anónimos. Enquanto cada um  de nós descrevia, mais ou menos animado, sob um lenço de papel, o Tiago preparava o ambiente com músicas pseudo-românticas e instalava-se o confessionário possível. 

Após terminarmos, os papéis foram misturados e retirados um a um. De microfone e lanterna em riste, cada um leu um dos relatos anónimos e, no final de cada leitura, houve espaço para conselhos, exploração de hipóteses, confabulações e comentários, mais ou menos polêmicos. (Seria o Pedro cigano, e por isso estava prometido?/ Terão os homens um risco biológico perto de mulheres que nem um vírus?). Afinal, somos todos igualmente portadores de um ardente coração, diferenciamo-nos apenas por uns terem um tipo de letra mais aprazível. 

De modo a concretizar a libertação de que o coração precisa, no final necessitámos da ajuda de um isqueiro,  de um pátio e  de um par de botas audazes. Assim, queimaram-se as estórias e iluminaram-se as possibilidades futuras de mais desaires que nos encham o consultório desamoroso das quartas!

"Foi assim, como foi e não como deveria ter sido"- Pensámos nós, ao recordar os nosso tropeços. 

Ainda assim, partimos hoje da cave com  a certeza de que, mais uma vez, estamos juntos no desamor como no amor. Caminhámos juntos no mesmo convés com um pinguim ao leme que é o coração da nossa partilha. Esse amor é o de todos, e é para sempre!