domingo, 25 de fevereiro de 2024

A Casa


 Na passada quarta-feira, o Clube dos Pinguins abandonou a sua habitual casa na cave para se reunir num local singular e verdadeiramente especial. Sob os auspícios dos 25 anos do evento "Correntes D'escritas", aconteceu magia, na Casa Manuel Lopes, na Póvoa de Varzim. Na companhia de várias figuras etéreas, explorámos os recantos da casa e, possivelmente, alguns dos recônditos da alma do famoso bibliotecário da Póvoa, homem conhecido pelo seu temperamento irascível, mas especialmente pela profundidade da sua cultura e pelos milhares de livros que legou à cidade, assim como a sua própria casa, com o desejo de que aquele lugar servisse de pólo cultural. 

Os atores, verdadeiros virtuosos, desempenharam os seus papéis de forma excepcional e foram os nossos guias, elevando ainda mais a experiência. O Pinguim Rui Spranger, que não só atuou mas também dirigiu o espetáculo, merece os mais sinceros parabéns pela sua brilhante contribuição.

(E sabes, Rui, também nos sentimos um bocadinho "voyeurs", mas voltávamos já amanhã, ao "A Casa" .)


domingo, 18 de fevereiro de 2024

O Alquimista


Na reunião de 31 de janeiro, no Clube dos Pinguins, o André partilhou a sua paixão pelo gin de forma entusiasmada. Para surpresa e alegria de todos, trouxe consigo um pequeno alambique, transformando a sessão numa experiência sensorial única.

 Entre risos e provas mergulhámos nos segredos por trás da produção do gin, misturando com cuidado os ingredientes selecionados por todos: álcool agrícola, zimbro, semente de coentros, angélica, cássia/canela, café, cardamomo, alecrim e flor de laranjeira. Com paciência e alguns momentos de confusão pois os ingredientes à escolha eram muitos, destilámos uma deliciosa criação: um London Dry de quase 40 graus alcoólicos, que batizámos de "Gin dos Pinguins".

Durante o processo, aprendemos que a destilação é uma arte delicada, onde é crucial escolher os componentes corretamente para obter um produto de qualidade. Legalmente, descobrimos que o gin requer álcool agrícola e zimbro, e que a destilação é uma dança entre preservar os sabores e aumentar o teor alcoólico. Com o uso do densímetro, pudemos medir com precisão o grau da nossa criação, enquanto nos divertíamos a aprender  que é possível criar um "Bathtub gin" e termos técnicos como  cabeça, coração e cauda (heads, hearts and tails). 

A destilação é uma técnica fascinante que permite separar um sólido de um líquido ou dois líquidos com diferentes pontos de ebulição. No nosso caso, com uma mistura de 70% de álcool e 30% de água, a destilação começou quando atingimos os 78 °C, momento em que o vapor iniciou a sua subida. Ao entrar em contacto com água fria, o vapor condensa novamente em líquido. É importante notar que todos os destilados são inicialmente incolores; se houver cor, algo pode estar a correr mal no processo.

Enquanto o alambique fazia magia, provámos gin puro, gin com apenas gelo e gin com gelo e água tónica, o que nos permitiu apreciar diversos sabores num só gin. 

Gostaria de expressar um enorme  agradecimento ao alquimista André, por nos proporcionar esta experiência única e brindar ao GinT, que de algum modo patrocinou esta sessão, permitindo-nos explorar e apreciar as nuances deste destilado tão versátil. Que venham mais encontros repletos de descobertas e bons momentos!

Ah e o resultado final ficou mesmo espetacular! 

domingo, 4 de fevereiro de 2024

O "Passeur"

Na passada quarta-feira, dia 24 de Janeiro, fez-se juz ao objetivo do Clube dos Pinguins: partilhar! 

O Rui Spranger começou por partilhar connosco a saudade de Paris, da sua vivência nos bairros boémios da capital francesa, locais que mais tarde viu retratados nos livros de Daniel Pennac e que partilhou connosco, aliás como este escritor dizia na sua entrevista:  "o que nós sabemos não nos pertence [...] um dos nossos motivos de estar sobre a terra é ser passeur e partilhar o que sabemos". 



E foi com tal paixão que o Rui falou sobre os livros  de Daniel Pennac, que tive imediatamente de encomendar os três livros recomendados ("O Paraíso dos Papões", "A Fada Carabina", "O Senhor Malaussène") e que até já os comecei a ler. Depois quando acabar posso emprestá-los. 😅


Mas a sessão guardava para o final mais uma partilha fantástica, um filme sobre uma história verídica de que o Rui tomou conhecimento quando ainda morava em Paris, sobre um homem paralisado que escreveu um livro somente com o seu piscar de olhos (ou, neste caso, de olho). O filme "O Escafandro e a Borboleta" prendeu-nos nas cadeiras do princípio ao fim, sem intervalo, deixando-nos com uma lição de vida e exemplo, de que nada é impossível quando queremos muito alguma coisa.


É por estas e por outras que venho ao Clube... há sempre alguma coisa que se aprende e se leva destas sessões.


Obrigado ao Passeur!