terça-feira, 21 de março de 2006

Sophia

Não é por preguiça, mas para assinalar esta data tinha mesmo de trazer Sophia à nossa companhia.

Hora

Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta --- por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.

Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.

E dormem mil gestos nos meus dedos.
Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.

Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.

E de novo caminho para o mar.

Sophia de Mello Breyner Andresen

P.S. Uma das minhas paixões é a Sopa de Letras. Convido-os a passar lá agora que tem cara lavada.

1 comentário:

António Manuel Rodrigues disse...

E ainda Sofia e ainda o mar e ainda bem...
Obrigado Vieira

PS - visitem o Sopa de Letras!