O Clube dos Pinguins é especial por uma série de razões e mais uma vez isso ficou demonstrado na sessão de 28 de Abril, apresentada pelo Rui Spranger: possivelmente a mais intimista de que tenho memória. A paixão desta vez foi a música, materializada nos Eriti Kurva Muusika Ansambel e em Serge Gainsbourg. E nesta época que começa a privilegiar o single em detrimento do álbum, foi com especial prazer que vi terem sido trazidos três destes espécimes, que permitem a criação de obras muito mais complexas do que seria possível com músicas soltas (o todo é maior que a soma das partes). Adicionalmente o acto de ouvir a música como prato principal e não como acompanhamento também soube muito bem.
Numa sessão mais tardia que o habitual, foram-nos então dados a conhecer os EKMA, que surgiram em Talin, Estónia em 1990; o seu nome significa literalmente Orquestra de Música Especialmente Triste, têm presentes instrumentos como o violino, a flauta, o saxofone, o contrabaixo, o piano, a guitarra acústica, e o seu estilo oscila entre o burlesco, o folk e a música de câmara, tendo feito lembrar aos membros do clube artistas tão diversos como Emir Kusturica & The No Smoking Orchestra, Gogol Bordello, Michael Nyman Band ou Yann Tiersen. Após a morte do vocalista e fundador Sven Kunu em 2007, acabaram no ano seguinte. Para a posteridade deixam os álbuns “Haua plaadi lood 1991-1999” (gravestones stories 1991-1999) de 1999 e “ebafolklorism” (un-folk) de 2001, para além de “Ilus elu” (beautiful life) de 2009, em conjunto com Eesti Rahvusmeeskoor.
De Serge Gainsbourg ouvimos “Histoire de Melody Nelson” de 1971, por muitos considerado o melhor conseguido dos seus álbuns. Composto conjuntamente com Jean-Claude Vannier, ainda tão recentemente como em 2006 e 2008 foi interpretado por este em Londres e em Paris, contando com a colaboração dos Placebo, The Bad Seeds, BBC Concert Orchestra entre outros. Desafiando a compreensão da língua francesa por parte dos presentes, é contada a história do homem de meia-idade Gainsbourg que embate o seu Roll Royce na bicicleta da adolescente Melody Nelson, e do romance subsequente. Jimmy Hendrix e funk vieram à cabeça de vários membros do clube.
Foi uma sessão memorável, que trouxe o prazer, neste tempo tantas vezes negligenciado, de ouvir música apenas pela música, e não como acompanhamento da condução ou como banda sonora de um qualquer filme.
2 comentários:
Mais uma excelente noite do Clube dos Pinguins, acompanhada de um post à altura!! Parabéns aos dois!!
Tenho pena de não perceber patavina de francês, pois teria apreciado muito mais... mas percebi "quarente-quatre", "merde" e "melodie"... já não é mau. :D
Aproveito para pedir ao Rui que faça uma cópia (de segurança) dos CDs... ;)
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