Habituado à triste melancolia de outros Outonos, sempre ignorei a beleza do Verão. Mas não só. Desprezava o bronze, esse ócio natural, essa moleza e esse afastamento de uma realidade urbana que professava e entendia como única função do homem na terra. Seria um paulista a resmungar com um carioca...
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades! Hoje sou todo Verão! Respiro esse ar quente do descanso, esse cheiro constante e intenso do mar, essa textura da areia que se cola aos pés e que ignoramos sem preocupação. Hoje dispo-me de Nemésio e visto Vinicius. Coloco os calções e dou-me ao sol, entrego o meu corpo a esse ócio natural. Troco o whiskey pelo Porto tónico, troco a poesia pela prosa. Deixo o sal consumir a minha pele, troco o cabaret pela bossa. E o mar, esse mar português que deixa de ser, para mim, um motivo de reflexão triste e passa a ser o símbolo do vazio, do conforto, desse ócio tão natural!
Deixo o corpo vádio e a mente vazia! Assim é o Verão, um grande nada!
2 comentários:
Numa conversa cruzada dizia-te: "às vezes é preciso estupidificar"! E pelos vistos até te sabe bem...
Continuação de boas férias.
Eu tambem concordo mas no caso do Jorge é preciso desestupidificar (acho que acabo de inventar uma palavra nova - não é que me orgulhe da criação mas...). Eu tambem ando a bronzear este corpinho. É uma maravilha o aquecimento global...
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