Ontem (17 de Fevereiro) o Coliseu do Porto acolheu um dos mais consistentes projectos musicais da actualidade. David Jay, Kevin Haskins, Daniel Ash e Peter Murphy reencontraram-se em palco para mais uma manifestação de puro prazer.
A história dos Bauhaus começa nos finais dos anos 70 quando os os irmãos David Jay e Kevin Haskins têm a ideia de formar uma banda, convidando Daniel Ash para se juntar ao grupo. Uma primeira fase que a historia se encarregou de apagar da memória pela pouca expressão que teve, até ao momento em que Peter Murphy é convidado para dar voz ao projecto. Inicialmente intitulado como Bauhaus 1919, acaba mais tarde por se tornar simplesmente Bauhaus numa homenagem à Escola de Arquitectura e Desenho Industrial na Alemanha fechada em 1933 pelo regime nazi.
Em 1979, surge o 1º tema que iria marcar definitivamente o estilo Bauhaus e atrair um sem numero de fiéis da banda. “Bela Lugosi’s dead” é um tema conceptual de 10 minutos de duração consagrado ao actor que eternizou o Conde Drácula em filmes de série B.
Em 1980 são já uma banda “convencional” com contrato assinado com uma gravadora ( inicialmente assinam com a mítica 4AD) e fazem digressões pela Europa e Estados Unidos.
Conhecem no entanto um novo fulgor quando em 1982 o álbum “Press the eject and give me the tape” dá a conhecer uma interpretação ao vivo do tema de David Bowie, “Ziggy Stardust”.
Em 1983, após o lançamento do single “She´s in Parties” e uma agenda repleta de concertos por vários pontos do globo, decidem anunciar o seu fim.
Poderíamos pensar que tinha sido o fim de uma das melhores bandas do pós-punk, mas atrevo-me a achar que ainda bem que terminaram. Peter Murphy decide lançar-se numa carreira a solo e os restantes elementos sob a liderança de Daniel Ash (que também desenvolve alguns projectos a solo) fundam os Love and Rockets.
Ficam afastados até 1998, ano em que se juntam para a “Ressurection Tour. Aproveitam ainda para lançar “Crackle” e “Gotham” .
Foi com este percurso que este 3 em 1 (Bauhaus, Peter Murphy e Love and Rockets) se apresentaram no Coliseu do Porto.
Um palco minimalista, com um desenho de luzes simplificado apenas com uma grossa corda rasgando a estrutura de instrumentos musicais. Esta apresentação cénica teatral é reforçada logo na 1ª aparição de Peter Murphy em que demostra a potencialidade da sua voz, mas também o seu pendor dramático.
Cerca de 2500 pessoas são “iniciadas” neste concerto de culto pelo sacerdote P. Murphy coadjuvado pelo não menos brilhante Daniel Ash que brinca com a sua guitarra tão bem quanto brinca com o publico. Sublimes na gestão de emoções, os Bauhaus levam o publico ao rubro e acalmam-o à medida do seu alinhamento perfeitamente pré-desenhado. Ainda que houvesse espaços para a improvisação, os melhores momentos encontram-se na distribuição de pétalas de rosa sobre as cabeças das primeiras filas e na interrupção que fazem de “Ziggy Stardust” em que obrigam o público a esperar (e desesperar) largos minutos para escutar o ultimo verso do tema. “Bela Lugosi´s dead” fecha o concerto após 2 encores em que Peter Murphy abrindo uma larga capa se afasta em voo de morcego.
Quem lá esteve entrou em pânico pelo acender das luzes temendo pela vida do “vampiro” . Esperemos que tenha regressado à tumba e que nos seja possivel ver todos juntos uma vez mais.
Por motivos que me são estranhos não estou a conseguir adicionar fotos do concerto. Assim que for possivel, volto à carga.
1 comentário:
Rui
Gostei que tivesses partilhado este concerto connosco, principalmente porque gostava ter lá estado....No próximo espero estar presente...
Cumprimentos da capital do império...
Paula Freitas
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