Esta era já uma sessão anunciada, uma paixão antiga e que todos já sabíamos da sua existência. O apaixonado em causa, nunca a escondeu, muito pelo contrário, sempre a enalteceu. Mas teimosamente, nunca essa paixão tinha descido as escadas do Pinguim. Mas ontem, finalmente os holofotes foram acesos e finalmente o Clube teve direito, em privado, à partilha desta paixão, e deleitou-se com uma magnífica sessão de poesia. Por esta hora, já todos devem saber quem era o nosso apaixonado. Para os mais distraídos aqui fica: Rui Spranger. A paixão, já foi dito, a Poesia. O caminho escolhido, o desfolhar do livro que há quatro anos lhe faz companhia, junto à cama, pousado na mesinha de cabeceira. Rui Spranger leu-o como ninguém e mostrou-nos, mesmo aos mais cépticos (e acreditem que havia alguns na sala), o encanto da Poesia Portuguesa para além de tomarmos conhecimento de autores, que apesar de brilhantes, a sua obra nos era desconhecida. Foi mais uma noite de glória do nosso Clube, onde a paixão de um se tornou a paixão de todos. Saímos todos mais ricos, quer a nível intelectual quer a nível emocional. Como disse Rui Spranger,
“A Poesia tem a capacidade de em poucas palavras dizer tudo(…) e pôr-nos a pensar”
Quanto à obra lida na sessão, Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa, foi compilada por Eugénio de Andrade, e reúne inúmeros autores Portugueses (todos eles já falecidos) tão heterogéneos como sejam, Luís de Camões, Álvaro de Campos, Mário de Sá Carneiro, Alexandre O’neill, o nosso Rei Dom Diniz, Alberto Caeiro, Rui Belo; este último, uma paixão dentro da própria paixão. É uma obra brilhante pela sua amplitude e comporta inúmeros poemas de inegável qualidade. Eugénio de Andrade descreveu-a bem mais simples: “Esta é a poesia portuguesa que, após mais de sessenta anos de lê-la, a memória me traz à tona(…)”. Quem quiser saber mais, ou mesmo comprar a obra, pode consultar a página
Do Rui, pouco há a dizer, um talento nato para as artes de palco e um declamador exímio, que arcou às costas a difícil tarefa de pôr gente como eu, a ouvir e principalmente, a gostar de Poesia. Está de parabéns pelo serão que nos proporcionou e estou certo que também ele saiu bem mais bem disposto. É também de elevar o seu esforço, ao preparar uma sessão num prazo tão apertado. A sabedoria popular diz que “Depressa e bem há pouco quem”. Descobrimos ontem que o pouco dá pelo nome de Rui Spranger.
É uma sensação horrível e de uma impotência total esta que agora vivo – não conseguir traduzir por palavras o que se passou na cave do Pinguim nesta terça. Resta-me assim dizer que, e a exemplo de todas as que tive o privilégio de presenciar, foi uma sessão fantástica e endereçar-vos o convite para se juntarem a nós. A próxima sessão, será excepcionalmente na quinta. Na terça, a nossa “toca” vai ser palco de um concerto de música experimentalista.
A todos quantos estiveram presentes e me deram o privilégio (isto sou eu a delirar porque o presente vem carregado de veneno) de redigir este post e principalmente ao Rui, o meu muito obrigado.
A todos quantos estiveram presentes e me deram o privilégio (isto sou eu a delirar porque o presente vem carregado de veneno) de redigir este post e principalmente ao Rui, o meu muito obrigado.
5 comentários:
Passo por aqui como prometido por valor à palavra; à mesma palavra que os poetas usam como arte e como voz por serem os únicos,e sublinho, os únicos, que conseguem preencher o espaço entre o pensar e o escrever.Fico feliz por saber-vos capazes de apreciar uma antologia pessoal tão vasta e tão diversa como a de Eugénio de Andrade;um poeta que nela coloca aqueles que não são(decerto)os poetas da sua "familia" poética.
A quem conhece esta obra(bem melhor do que eu por certo)os meus sinceros parabéns por conseguir "ver tão alto".
Saudações. RJ
Espancar o meu cansaço vou pela imposição de não comparecer em tão lugar requintado e cheio de palavras vividas. Palavras que tocaram e com certeza (ao jeito do Jorge, pois emociona-se facilmente) verteram uma lágrima.
Ao Spranger:- teremos outra?
Ao Granel: - o blog ficou mais rico!
Certamente que o Clube dos Pinguins viveu um momento de extrema beleza, sentimento e delicadeza. Outra coisa não seria de se esperar quando o tema abordado foi Poesia. Lamento, mas não me foi possível assistir a essa sessão... tive trabalho nessa noite. No local, onde eu tive obrigatoriamente de marcar presença, estava muita gente e foi num café. Mas faço questão de salientar que os presentes, acreditem, não eram pessoas tão interessantes nem o local apresentou o encanto propício a uma boa conversa como a do clube. Tive de ir cobrir o lançamento do livro de Paulo Morais no Majestic... é a vida. Parabéns ao Rui pela secção que, por certo, foi fantástica! E em princípio, se não aparecer trabalho, até quinta-feira.
Fico contente pela sessão ter corrido bem. Lamento muito não ter ido, mas pronto, é assim uma vida de jovem burguês irresponsável!
Mas, já se sabe, é lamentável qualquer sessão que se perca.
Parabéns Rui, já se sabe do que és capaz nestas coisas!
Granel, o texto é fraquinho! Eu acho que ninguém lê os comentários, por isso...
Confesso que já estranhava o Rui ainda não ter partilhado no clube a sua paixão pela Poesia. É certo que ele é homem de muitas Paixões, mas quando se embrenha na poesia arrasta consigo todos quantos estão à sua volta.
E pelos vistos a sessão também teve uma função pedagógica, como se nota pela classe com que o Miguel redigiu o post (apreciei particularmente o jogo com o dito popular).
Abraços
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