quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Para acicatar, ou acalmar, o debate sobre o jornalismo

"The basis of our governments being the opinion of the people, the very first object should be to keep that right; and were it left to me to decide whether we should have a government without newspapers or newspapers without a government, I should not hesitate a moment to prefer the latter. But I should mean that every man should receive those papers and be capable of reading them."

Thomas Jefferson to Edward Carrington, 1787. ME 6:57.
A citação podia ter sido retirada da entrada da wikipédia sobre as origens do anarquismo, mas retirei-a da base de dados da Universidade da Virginia.

ADENDA:É a abertura de homens como este (a frase é de 1787) que me faz pensar, ao contrário do que é dito demasiadas vezes, que os Estados Unidos são um grande país e têm história sim, como o prova a frase.

sábado, 24 de fevereiro de 2007

20 anos depois

José Afonso (1929 - 1987)

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

em jeito de farpa

Sempre tentámos, e a meu ver bem, blindar o Clube a questões politicas. Fizémo-lo, não por sermos desprovidos de opinião ou consciência social mas para preservar o bom que o clube tem - a paixão pela paixão e a exultação das coisas boas da vida. Lamento ser eu a quebrar esta regra de ouro aqui no blog mas esta minha dúvida está atravessada há tempo de mais e afinal de contas, a garganta dá-me bem mais jeito desempedida. A minha pergunta é tão somente: Em que página do programa de governo estão previstos os 8,2% de desemprego?

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007


terça - 27 de fevereiro - 23:00 horas - clube dos pinguins
aceitam-se apostas

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

CONVITE

Estão todos convidados para o Serão de Poesia que se vai realizar no Pinguim, esta sexta-feira, dia 23 às 23h00. Maria Quatro está de volta, e ainda não sei se vamos ser 3 ou 4...
Apareçam...vai ser uma maneira de nos encontrarmos esta semana.

Vocês já sabem que gosto de dizer poesias,
venham agora conhecer as outras Marias...

(prometo que na sexta não vamos ter rimas rascas, como esta)

Beijocas...

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Não gosto nada

No final de semana fiz um - breve :D - enunciado de coisas, pessoas e atitudes de que gosto muito. Mas isso levou-me, fatalmente, a pensar em tantas outras de que não gosto nada. Aqui ficam.

De arrogantes e mal educados
de desconfiados
de carros a bloquear outros carros
de palavras equívocas
de gestos estudados
de conversas sobre ausentes
de polícias prepotentes (especialmente em noite de Carnaval)
da prepotência em geral
de livros e filmes mal traduzidos
de noites em branco
de ver sofrer
de eu própria ter dores
de me sentir impotente
de todos os tipos de presunção
e, em especial, da presunção da superioridade moral
de pessoas que julgam
de ouvir gritos
de picuinhas e chatos
de perfeccionismos
dos desmancha-prazeres
de desfazer malas
de tirar a loiça da máquina
dos que se levam demasiado a sério
das pessoas que não sabem ouvir
de todas as formas de indiferença
da falta de escrúpulos
da ausência de rigor
de ficar longe dos que gosto
de maus vizinhos
de algumas modas
de pessoas que se atrasam sempre
de chegar tarde ao cinema
da incapacidade de pedir desculpa
dos que não perdoam
dos que só pensam em si mesmos
de dinheiro mal gasto
da cobardia
de sapatos apertados
de roupa desconfortável ou muito séria
do cheiro a comida, quando fica no cabelo
dos que não sabem guardar segredos
de piadas de mau gosto (que é muito diferente do humor 'negro')
de trapalhadas e confusões entre amigos
de coisas que ficam por dizer
de todos os mal-entendidos
de drogas nenhumas
de dealers e de todos os abusadores
de gralhas nos textos (sendo certo que volta e meia acontece)
de escrita imperativa
de espíritos pouco livres
de cobras e osgas
de silêncios vazios
dos que vivem sempre à defesa
de perder pessoas queridas
da falta de sal
dos que não falam verdade
de jogar Su Doku
de tantas outras coisas
e de não poder ir à praia todas as quartas-feiras.

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Carnaval

Não podem ter um referendo que se viciam logo em eleições. Agora as intercalares. São assim os Portugueses.

Alberto João pode (vai) demitir-se na segunda.

O Carnaval pode durar só três dias, mas desta vez vale a pena.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Gosto muito

da lua cheia
do silêncio puro
da geometria da minha rua
dos dias compridos
de abraços demorados
de sorrisos no elevador
de pessoas autênticas
de conversas eternas
das janelas todas abertas sobre o rio e a cidade
de luzes baixas e amarelas dentro de casa
de quadros grandes
da cor do fogo
de todas as estrelas do céu
do sol da manhã e da luz do dia
do barulho do mar ao entardecer
do vento quando deixa marcas na areia lisa
de coincidências, surpresas e milagres
de ver pessoas felizes
de olhos que riem
de cidades grandes com rio
da voz dos que amo
de estar calada (por mais impossível que pareça)
da casa cheia de amigos
de jantares improvisados
de ouvir tocar piano e violino sempre
de ficar abstracta, às vezes
de livros e de poetas
de acordar tarde
de certas rotinas
de me esquecer das horas
da areia da praia ao meio dia, quando está a ferver
das vozes descombinadas no ar nas tardes de calor
dele muito mais do que ninguém
de saber que ele sabe isso
gosto da luz dourada do entardecer reflectida nos seus olhos
gosto da intimidade
da verdade e da cumplicidade
de templos e de lugares sagrados
de horizontes líquidos
do azul infinito
de riscos brancos no céu
da cor púrpura do entardecer
de histórias e de pessoas
de descobrir umas mãos fortes
de ir mais longe com alguém
da lua árabe só com uma estrela, no alto do céu
de ficar em casa, embalada nos barulhos da casa
de ter comigo (quase) todos os que mais amo
de adormecer e de sonhar acordada
de amar e ser amada
de alguém em especial
do amor dos amigos também
de estar com eles na praia até ser noite
de tantas coisas
e da vida, (quase) todos os dias.

Todos os Rapazes São Gatos


Como o Jorge vos deve ter dito na última sessão, eu estreio amanhã, dia 17, este espectáculo no Teatro da Vilarinha. Vou estar em cena até ao dia 10 de Março, sempre aos sábados às 16h e 21h45.
Amanhã consigo arranjar convites, apartir daí só arranjo bilhetes com desconto (as coisas não andam fáceis neste sector), assim se quiserem vir contactem-me.
Se eventualmente alguém quiser ver e não o puder fazer aos sábados, durante a semana nós fazemos imensos espectáculos para escolas. Possibilidades não faltam!

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Um post em estilo de apresentação da paixão chamada Vinicius



Foda-se, nunca pensei que fosse tão difícil escrever sobre uma paixão do Jorge. Pelo menos, não esta. Aquele caralho é tão expressivo, tão cheio de ideias e de palavras que até parecia fácil. Mas não é. Não é que eu não tenha gostado, pelo contrário, percebam, mas é que o gajo gosta tanto daquilo, ou finge tão bem gostar, como o poeta que se citou, que depois eu chego aqui e é uma tristeza. Quer dizer, não há uma mãe-de-santo que me alumie a escrever sobre o xangô ou sobre a celebração de Vinicius de Moraes? Chapéu, nada, não vem ninguém para me ajudar. Nem uma besta de um santo…

Vinicius abria as portas de sua casa. Certa vez até ouviu dizer, num boteco onde estava a emborcar com que em sua casa "corria uísque como água". O Jorge não gosta de portas abertas. Especialmente quando está a ler/declamar. Especialmente quando está a declamar “O haver” (seria? O gajo disse que estava no blog, mas não encontro já postado aqui). Não gosta de conversas paralelas quando está a trocar ideias sobre como é grande a música que nos transporta. Como é o egocentrismo, mal-disfarçado por uma confissão: “eu sou neurótico”. Não foi general e este não é um post normal. Mas houve até farpas no meio da paixão -- "Braga é uma merda." - "Braga?" -"Ele disse Braga?" -"Oh Jorge!" - "Olha que não!" -"E o caralho do Vinicius amava as cidades..." -- e declarações de amor -- "eu amo os Homens" (com maiúscula, entenda-se).

Desculpem, mas a sessão foi boa de mais para que apenas a vos relatasse. Tento com este disparatado aglomerado de frases percebam como chegamos à paixão do Jorge. E, como ele disse logo no início, “é muito difícil apresentar quando se gosta muito”, mais do que a música, prosseguiu, sobretudo o amor pela vida, pelas pessoas, ainda mais “naquele país sem ordem e sem progresso”… Saravá, consegui duas frases com sentido.
Vamos continuar a conversa lá em cima, que é como quem diz, na caixa dos comentários.

ACTUALIZAÇÂO: Músicas ficam antes aqui, em link
Berimbau, Carta ao Tom, A gajolas de Ipanema e Samba de 1 nota só

Ah, e o Jorge não quis levar vídeos, para não ser repetitivo em relação às sessões anteriores, apesar disso...

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

interregno

Na próxima terça-feira, e obviamente a titulo excepcional, não haverá sessão do Clube dos Pinguins. Podem assim começar a preparar a fatiota e gozar o Carnaval em pleno. A próxima sessão fica agendada portanto, para de ontem a duas semanas, vdia 27 de Fevereiro. Até lá temos sempre a blogosfera ou o nosso Pinguim para nos irmos encontrando.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Já alguém visitou a Assembleia da Republica?

Eu já, e isto aconteceu durante uma sessão parlamentar particularmente “quente” uma vez que se discutia o aumento da idade da reforma para os funcionários públicos (eu sou funcionário publico)!
Além de ter sido revistado e ter que passar por um detector de metais para lá entrar, tive que deixar o telemóvel numa qualquer recepção à guarda de umas caras-lindas quaisquer…

O debate era do mais sério que se pode imaginar. Esgrimiam-se argumentos de uma e outra bancada, os discursos inflamados iluminavam as galerias… Pasmei com tanta eloquência!

Comecei a apreciar, não os oradores, mas sim os deputados nos seus lugares. Lamentei o exíguo espaço de que dispunham para ler… o jornal! Pensei, coitados!

Como a época de férias se aproximava, umas senhoras deputadas folheavam e comentavam uma revista de uma agência de viagens; daquelas revistas com fotos e respectivos preços, consoante se trate de APA, MP, PC. Pensei, a escolha não deve ser nada fácil ao preço a que as viagens estão!

Como as galerias estão mesmo sobranceiras aos lugares dos deputados, apurei a vista para tentar perceber mais do que “lá em baixo” se fazia e dizia.

Como é evidente, o rodopio de entradas e saídas era imenso. Lembro-me do Dr. Mota Amaral chegar todo sorridente às 11h30 e cumprimentar os seus colegas de partido sentando-se ora numa cadeira ora numa outra, para uns dedinhos de conversa! Pensei, que rica hora para se chegar ao local de trabalho!

Ah, e lembro-me também de algo com o qual cheguei até a corar (e eu, que já sou um rapaz na casa dos quarenta). É que, depois de verem a tal revista da agência de viagem, as ditas senhoras sacam de uns sacos de uma boutique e sem mais, exibem lingerie acabadinha de comprar. Pensei, que bonito, que romântico, mas deve ter sido caro, afinal o IVA está a 21%!

Mas esperem, ainda tive tempo de ver o Ferro Rodrigues sentar-se junto do Manuel Alegre e estender-lhe o ultimo livro de poesia que este ultimo editara para que o autografasse. Pensei, que delicadeza. Julguei estar numa qualquer biblioteca pública!

O debate decorria e chegada a hora do almoço o Presidente da Assembleia da Republica interrompeu os trabalhos sem antes informar e pedir autorização ao hemiciclo para se deslocar a New York. Pensei, nunca estive em New York!

Então foi o caos. O pessoal que até então estava sentado calmamente nas Galerias não aguentou. Levantou-se, e a plenos pulmões começou a chamar “filhos-da-puta”, “cabrões”, chulos-da-merda”, “mentirosos”, enfim um pandemónio, como podem imaginar. Pensei, que vergonha!

Resultado: O Senhor Presidente manda evacuar as galerias e também eu acabei expulso sob um Sol abrasador. Pensei, que rico dia…!

À noite pude assistir pela televisão ao desfecho da votação. Dias depois o Telmo Correia propunha uma lei que penalizasse quem prejudicasse os trabalhos da Assembleia. Pensei, que trabalhos?

Por tudo isto, recomendo uma ida à Assembleia da Republica, vão ver que vale bem a pena, mas lembrem-se que podem ser presos se fizerem barulho. É que, convém não perturbar os trabalhos. A Lei, sempre é a Lei…!


Um abraço,
A. Magalhães
PS: lembrei-me deste episódio por mim vivido, depois de ler o Post sobre “Que tal referendar o regimento da Assembleia da República?”

Ichi... The Killer

Quando chega a altura do Fantasporto, a pergunta que muitas vezes o grupo de nerds faz é: «está algum filme do Takashi Miike?».
Não será por acaso que este realizador japonês é tão reconhecido. Esse reconhecimento faz-se não só pela excelente forma como filma, pela escolha dos personagens e pela forma como consegue passar correctamente uma mensagem subtil, seja uma criação sua, seja uma adaptação.
É este o caso de Ichi, The Killer , o filme que o Pedro nos veio apresentar na passada Terça-Feira!

O nosso apresentador de serviço, abriu meio a medo a sessão. Tinha uma tarefa difícil! Primeiro porque não era bem uma paixão, mas uma paixoneta recente (no bom sentido). Em segundo lugar, porque a dimensão ética do filme digamos que não é das mais bonitas!

Ichi é um «herói» de manga, que também passou pela animé. Takashi pega no herói e coloca-o na realidade que lhe é mais próxima - o cinema. Um filme violento, negro e podre. Entre jogos de poder, traumas psicológicos, e muito sangue a la Peter Jackson, Ichi trás com ele a transformação da psique e a subtileza do drama psicológico. Entre sado-masoquismo e delírio: «violence is sexy!».
Como diria Bonnie Prince Billy: Master and everyone, servent of all and servent to none!

Se quiserem saber mais vejam o filme que é para isso que eles servem! :P

Ichi, The Killer - Takashi Miike (Jap. 2001)

(Nota: não era eu o postador de serviço, mas como o post não saiu achei melhor fazê-lo para não ficar a sessão sem post)

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Próxima Sessão


«De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo»

(Como a Cláudia não pode apresentar serei eu a apresentar na próxima sessão. Assim ficam avisados e se quiserem já podem faltar)

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Que tal referendar a regimento da Assembleia da República?

O deputado do PPM Pignatelli Queiroz recordou quinta-feira o regicídio, sim o de há 99 anos, numa alusão emocionada em plena Assembleia da República:
«Hoje, neste salão magno da democracia, como português, como monárquico, como PPM independente, manifesto o meu profundo pesar e o meu repúdio pelo bárbaro acontecimento», declarou, recebendo palmas de deputados do PSD e do CDS-PP. link

Não sei, mas penso que se calhar deveríamos era refendar o regimento da Assembleia da República, para decidir com que assuntos os senhores deputados se devem preocupar ou divertir. Uma coisa é certa: eu faria campanha para que decidissem sobre coisas importantes como a Interrupção Voluntária da Gravidez e deixassem outras conversas mais recreativas - históricas - para os seus clubes privados.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Novo Blogger - actualizar até 27 de Fevereiro

Como alguns já devem ter reparado. está em curso uma actualização do Blogger que obriga todos os seus utilizadores a estarem registados no Google.
Sem querer aqui discutir a legitimidade de tal imposição, a verdade é que estamos forçados a fazer essa migração para continuar a usar o Blog.
Assim venho pedir a todos, que até dia 27 de Fevereiro, acedam a www.blogger.com e alterem a vossa conta para uma conta Google.
Finalizado esse período farei a migração do Blog, sendo que me podem contactar por e-mail, para fazer o registo daqueles que não tenham feito a actualização.
Para mais fácil controle, peço que escrevam o vosso username e a palavra actualizado, aqui nos comentários.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Esta noite... hehehehe

nippon cinema

"... a sadomasochist yakuza enforcer who enjoys giving and receiving pain in about equal measures..." ; "...leads him to brutally torture a member of a rival clan..." ; "...In an example of the film's extremely black humor, when asked what he is doing, Kakihara responds nonchalantly, "Just a little torture, nothing special."

sábado, 3 de fevereiro de 2007

Bloody Sunday

A semana passada passou quase despercebido um aniversario, no dia 30 de janeiro cumpriram-se 35 anos do “Domingo Sangrento”, imortalizado pela música dos U2.
Em 1972, durante uma manifestação pelos direitos civis em Derry, Irlanda do Norte, 13 civis desarmados foram assassinados por soldados britanicos.

Deixo-vos uma sugestão, o filme “Bloody Sunday, Domingo Sangrento” de Paul Greengrass. Premiado com o Urso de ouro do festival de Berlin e o prémio de público do festival de Sundance.

“ O filme conta a história do “Domingo snagrento”apenas um dia, desde o amanhecer ao anoitecer, desde a chegada de centenas de tropas às ruas da cidade, até à violenta colisão entre soldados do regimento civil, e a multidão de civis. O filme segue os organizadores da marcha, policias, soldados britânicos, bem como civis dos dois lados da divisão religiosa. Foca em particular a história de dois homens, Ivan Cooper, um líder idealista dos direitos humanos, um protestante, que partilha o sonho de Martin Luther King, para uma mudança pacífica, e Gerry Donaghy um rebelde católico de 17 anos, que anseia por assentar na vida e casar com a namorada protestante, que se vê envolvida em violentos confrontos com os soldados.”

Posto de Escuta

Para os apaixonados pela música, é dificil passar ao lado do fenómeno MySpace. Sempre que fazemos pesquisa por uma banda, invariavelmente descobrimos que ela tem o seu próprio espaço no My Space, e já é frequente que bandas de renome aproveitem esse canal para lançar os seus singles de avanço.
Durante muito tempo, estive por lá registado sem aproveitar as suas potencialidades. Mas como não consigo estar muito tempo afastado da música, decidi instalar o seu leitor de MP3 e colocar algumas das músicas que me tocam.
O alinhamento do leitor será regularmente alterado, embora ainda não saiba prever com que frequência.
O Posto de Escuta não irá comentar as músicas porque a ideia é disfrutá-las, por isso lanço o convite. Quando tiverem de trabalhar um pouco na internet cliquem no link Posto de Escuta , e deixem o leitor rodar.
Boas audições :)

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

knowing Charlie Chaplin

Apaixonou-se com a mesma intensidade e sensivelmente com a mesma idade. O fascínio pela caixa de madeira que fazia uns barulhos estranhos (pena não ter aqui a banda sonora do Tó) e captava imagens tocou-os de igual forma e arrastou-os para uma vida ligada ao cinema.

Um é fã, outro o ícone. O Valter apresentou a sessão, Charlie Chaplin foi-nos apresentado. Para o comum espectador, leia-se eu, Chaplin era o famoso vagabundo a fazer peripécias numa tela a preto e branco. Mas Chaplin foi muito mais, muito muito mais. Sabendo disso e querendo partilhar connosco tal riqueza de obra, o nosso cineasta particular decidiu dá-lo a conhecer sobre a forma de um documentário que retrata a sua vida e obra.

E o documentário começou… De menino pobre e débil a multimilionário dono de um império cinematográfico; de Ingalterra para a América e o regresso à Terra de Sua Majestade, acabando na calma e neutra Suiça; do cinema mudo ao “Grande Ditador” (o seu primeiro filme com som); das curtas-metragens do inicio de carreira às longas que o celebrizaram; do preto e branco à cor; da primeira à última paixão. Um caminho de sucessos, e glórias mas pejado de incertezas, angústia e claro, alguns fracassos.

Estas transformações fazem realmente o retrato da sua vida enquanto actor e enquanto homem. Mas houve uma que me prendeu mais a atenção. Do amado vagabundo “the Tramp” – o desleixado, mal vestido, sempre dois números acima, com um chapéu de coco e um bigode démodé chegou ao interventivo Adenoid Hynkel, uma sátira a Hitler que questiona os valores humanos e a sociedade sua contemporânea. “Modern Times” é também disso exemplo. Chaplin faz uma inflexão na carreira e a sua consciência desperta, qual relógio biológico e questiona, interioriza e age em favor da moralização e da consciencialização de uma sociedade que caía mais e mais. Esta crescente intervenção valeu-lhe o rótulo de comunista (no sentido perjurativo da palavra). O bem não está nem à direita nem à esquerda, e Chaplin era simplesmente um homem que soube usar o seu poder e influência criticando os podres que o rodeavam.

É bom saber que tais Homens não são ficção e aqui faço a minha vénia perante Charlot.