terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Esta noite!

Ouro. Uma cidade. Um garoto. Um tempo. Um circo. Um ditador. Um assassíno. Um palhaço em ruína. Um rei.

sábado, 27 de janeiro de 2007

Fábrica de sabonetes

Ingredientes:
1 individuo do sexo masculino;
Idade entre 41 a 45 anos;
Altura entre 1,75 e 1,80m;
Olhos e cabelo castanho com tez morena;
Situação familiar estável;
Carreira profissional de sucesso na área da gestão;
Partido politico de renome.


Modo de preparação:
Coloque-se o individuo numa redoma sem contacto com o público durante algum tempo. Tempere-se com perseverança, confiança, optimismo e bondade q.b. Junte-se jornalistas que lhe corrijam a espontaneidade, a dicção, a linguagem gestual e até o discurso. Largue-se numa pequena plateia e corrija-se o caminhar e a postura.
Após esta preparação leve-se a um congresso do partido a fim de ser aclamado entre os seus pares.


Esta pequena alegoria baseia-se nos elementos que a Marta nos apresentou na sua última sessão. A sua paixão desta vez, deu-nos a descobrir os meandros do Marketing político (MKT pol).
Iniciando por nos mostrar a imagem de um perfeito desconhecido, apresentou-nos o 1º ministro ideal, segundo uma sondagem levada a efeito em 2004 para o seu curso de MKT pol. Foram algumas dessas caracteristicas que utilizei nos ingredientes da alegoria e que nos indiciam que nada pode ser deixado ao acaso quando se pretende “fabricar” um 1º ministro.

Embora o MKT pol tenha dado os seus primeiros passos nos EUA na década de 50 com a eleição do General Eisenhower, só no final do século chega a Portugal com um trabalho verdadeiramente sistemático, a eleição de António Guterres.
Foram meses de preparação onde tudo foi revisto. A.Guterres perdeu 15 kg., tirou o bigode, aprendeu a falar sem fazer caretas ou esticar os braços. Deixou de usar calças compridas porque acentuavam a sua baixa estatura e passou a usar fato escuro, camisa com riscas e gravata rosa ou laranja de nó estreito. Passou ainda por 58h de simulação de debate televisivo, corrigiu a dicção para rádio, aprendeu a usar sound-bites (frases curtas, à maneira de propaganda) e reviu a sua postura junto dos jornalistas, começando a olhar para o jornalista em vez do microfone.
O resto nós já conhecemos, foi eleito à 1ª e serviu o país durante cerca de 6 anos, interrompendo o seu 2º mandato visivelmente desgastado. Diria a equipa de MKT pol que o preparou ter criado um “sabonete”, mas não um politico. Entre o politico e a sua equipa de MKT politico deve existir um casamento dificil de suportar, mas necessário em todos os momentos. Em Abril de 2002, pediu o divórcio e afastou-se da politica nacional.

Em 2004, a mesma equipa de MKT pol. volta a contrair matrimónio. O eleito foi José Sócrates e avizinha-se um casamento para durar. Tal como Tony Blair está para o Labour, Socrates está para o PS. Indiferente aos interesses particulares do partido que o escolheu, tem uma missão a cumprir e pretende representá-la da melhor forma possivel.
Os erros cometidos na era Guterres não seráo repetidos. Sócrates sabe quem é o seu eleitorado e trabalha-o a preceito. Com manobras de charme para os grandes centros urbanos, substitui a ideologia pela tecnocracia, e favorece a propaganda em detrimento do esclarecimento. São os sound-bites do MKT pol que ouvimos ressoar.
Sócrates é o melhor produto que o MKT pol podia encontrar. Pouco há para corrigir. A postura é irrepreensivel, pese embora o olhar que por vezes trai o discurso. O seu estilo “nouveau et interessant” insinua-se ao eleitorado masculino e feminino e agrada ao eleitorado.
Sócrates “vai bem com o minimalismo da arquitectura de Siza ou o pós-modernismo da Bica do Sapato”. Que mais há a dizer sobre um casamento de MKT pol em que o cônjuge é retratado de forma tão sofisticada?

Ainda sobre a sessão cumpre-me realçar a árdua tarefa que a Marta enfrentou. Num tema destes é dificil conter as opiniões e cada um dos presentes tinha algo a comentar, questionar ou acrescentar. A (in)disciplina reinou, mas a Marta lá ia saltando do seu plinto improvisado, quebrando o formalismo, para de novo retomar o discurso e levar a sessão ao seu termo. Faltou apenas a música no final para terminar em apoteose :)

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

(no comment)

Rui Rio e patrão do Politeama não comentam acordo

Rivoli vai dar 5,6 milhões a La Féria este ano
Alexandra Carita, in Expresso

A exploração do Rivoli entregue pela câmara do Porto à empresa Bastidores é um contrato milionário. Na proposta, La Féria nem incluiu um único espectáculo que já não tenha passado pelo Politeama.
Filipe La Féria prepara-se para transformar o Rivoli na delegação do Porto do Politeama, com a aprovação de Rui Rio
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O protocolo de Cedência e Concessão de Exploração do Teatro Rivoli vai pôr nos bolsos de Filipe La Féria 5,6 milhões de euros/ano. São os números da receita líquida que constam da proposta entregue à Câmara Municipal do Porto, recentemente aprovada por Rui Rio, à qual o Expresso teve acesso.

De acordo com o documento apresentado pelo produtor, o valor médio de um bilhete para um espectáculo infanto-juvenil, no pequeno auditório do teatro, ronda os 22 euros, quando a prática corrente para esse tipo de espectáculos não ultrapassa os três euros. Mas há mais: A autarquia responsabiliza-se por todas as despesas de manutenção estrutural do edifício, pela reposição de equipamentos técnicos e pelos gastos dos consumos de água, electricidade e combustíveis de climatização.

No contrato, autarquia e produtor obrigam-se a manter com carácter de confidencialidade todos os documentos, com ressalva para as revelações impostas por obrigação legal. Também em matéria de não renovação do protocolo La Féria sai a ganhar. Por exemplo, se estiver em palco um espectáculo estreado há menos de 180 dias, o município vê-se obrigado a indemnizar o encenador por todos os prejuízos da não renovação, "que desde já se fixam no valor correspondente aos três maiores meses de receita média, dos seis meses imediatamente antecedentes da comunicação da intenção de não renovação".

Vira o palco e toca o mesmo

Em contrapartida, o patrão do Politeama propõe como serviço público para o Rivoli uma programação baseada na projecção mediática e nos espectáculos de sucesso já apresentados em Lisboa. A começar pelo musical acabado de estrear na Capital, "Miss Daisy", La Féria chega ao ponto de programar musicais encenados por si há mais de uma década ("Jesus Christ Superstar", por exemplo), retoma "A Canção de Lisboa" ou "Wanda Stuart" e por aí fora.

A transparência de todo o processo, desde que as candidaturas foram entregues a 30 de Setembro, também tem sido posta em causa. Aceites cinco candidaturas – Portoeventos, Bastidores (a empresa de La Féria), Miltemas, Plateia e Inatel –, Rui Rio é obrigado a criar por despacho uma Comissão de Acompanhamento para analisar as propostas. Tudo porque a Fundação Gomes Teixeira da Universidade do Porto recusou-se a analisar a sustentabilidade económico-financeira das propostas. Razão evocada pela instituição: Os elementos facultados pela autarquia eram "insuficientemente sólidos de acordo com os padrões normais a que deve obedecer um business plan".

A 17 de Outubro, a comissão recém-nomeada por Rio avalia as candidaturas segundo os requisitos impostos pelo concurso (prova de capacidade económica, oferta de espectáculos, grandes produções, peças infanto-juvenis, obras de cariz experimental, autores e artistas da zona norte, ensino e formação, manutenção dos espaços e equipamentos, resumo de guiões, entre outros aspectos). É já a 18 de Dezembro que Rui Rio delibera celebrar o contrato de gestão do Rivoli com La Féria, depois de todos os candidatos terem sido recebidos em audição por uma "comissão restrita", criada sem qualquer despacho e presidida por Álvaro Castello-Branco, vice-presidente da autarquia, Raul Matos Fernandes, director municipal da cultura, e Manuel Pinto Teixeira, chefe de gabinete da presidência, terem dado o seu parecer final. Em bom rigor, o único existente.

Por responder fica as perguntas que o Expresso tentou insistentemente fazer tanto ao presidente da Câmara do Porto, Rui Rui, como ao produtor Filipe La Féria. É que nem num caso, nem no outro, se passou das secretárias, a quem o assunto foi explicado.

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

???

Tava eu calmamente a saborear uma belissima caldeirada de Raia (prato bem português por sinal), quando me daparo com o seguinte rodapé de telejornal: - "Serra da Estrela e Rafeiro Alentejano na lista dos cães mais perigosos". ??? Vim a saber depois que a dita lista foi publicada pelo Governo Italiano. É certamente obra de algum energúmeno que não tem mais nada que fazer. Numa palavra - RIDICULO.

Ainda que (completamente) parcial e com um sentido patriótico de fazer inveja aos Espanhois deixo-vos esta foto e uma pergunta. Podem estes cães fazer mal a alguem?


Bon apetit!

O Mundo é um palco!
A vida é uma encenação onde todos nós actuamos (ou figuramos), para um autor que não conhecemos, nem sabemos se existe…

Have mercy upon me
Blot out my transgressions
Purge me with hyssop
And I shall be clean
Wash me
And I shall be whiter than snow

Fora de cena apenas resta o prazer obtido das pequenas coisas da vida, como exemplo (ou único) o prazer da boa mesa, na comida e no amor…
Para alguns resta não saber o que comem. Ou serpentear pelo palco (qual camaleão) adaptando a sua cor ao cenário.
Outros há que, para além de manter a aparência, mantêm o silêncio enquanto as palavras não são necessárias...
Mas da higiene da nossa consciência não podemos livrar-nos…

Deliver me
From blood-guiltiness
O God
My tong shall sing aloud
Of my righteousness
Have mercy upon me
Blot out my transgressions
O Lord, open Thou my lips
And my mouth
Shall forth Thy praise


Qualquer um pode ser branco ou verde ou vermelho ou amarelo ou castanho, mas poucos podem ser um ginecologista judeu, da Etiópia, preto como o carvão, de mãe católica presa na Africa do Sul…
Não é necessário ter todas as cores…
“Não é necessário que um bibliotecário leia todos os livros”
Mas um bibliotecário pode, ainda hoje, morrer pela Revolução Francesa!

Wash me thoroughly
From my iniquity
And cleanse me from my sins
Have mercy upon me
Blot out my transgressions
Purge me with hyssop
And I shall be
Clean
Wash me
And I shall be whiter than snow
Make me to hear
Thy joy and gladness
That the bones
That Thou hast broken may rejoice

Em palco há prazeres caros, quem quer comer a vaidade ou a morte, pagará muito por isso…
No fim… Cada um come aquilo que cozinha…
Bon Apetit!...

Le Hollandaist, onde circulam o cozinheiro, o ladrão, a sua mulher e o amante dela é quase…
É quase tragédia, é quase ópera, é quase teatro, é quase cinema!

E isto é quase um post…

Sessão de logo

Como estou em falta para com o Clube, uma vez que falhei a apresentação de uma sessão prometida e já que esta semana estou cá e não há apresentador, a sessão de hoje à noite fica por minha conta, ok?

Aviso que só conseguirei chegar por volta das 23h e que não tive tempo para preparar convenientemente o seu conteúdo devido à falta de tempo. Mas obviamente que conto com a vossa compreensão :)

Beijinhos.
Até logo.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Crime: Amar!

Há já alguns dias que esta história me vem incomodando...
Hoje não resisti e cá fica a opinião de uma outra pessoa:

Leie justiça
de Manuel António Pina, in JN

O facto de certas decisões judiciais confrontarem sentimentos elementares de justiça da sociedade é uma das causas da perda de autoridade da lei e do descrédito dos juízes. A condenação a 6 anos de prisão, por um tribunal de Torres Novas, de um homem cujo "crime", à luz da consciência moral comum, foi amar uma criança abandonada pela mãe e esquecida pelo pai, que ele criou como filha desde os três meses de idade, a ponto de preferir a cadeia a entregá-la a um desconhecido (o pai biológico, que só apareceu a reclamá-la anos após ela ter sido entregue para adopção), põe em crise não só o consenso entre o cidadão e a lei como a sua confiança na própria "Justiça". "Deve o cidadão - pergunta Thoreau - desistir da sua consciência, mesmo só por um instante e em última instância, e dobrar-se ao legislador? Por que é então o homem dotado de consciência?" Quando a lei é injusta, o lugar dos justos é na prisão, mas, mais do que com a lei (que, aliás, previa meios para que tivesse sido feita justiça), Luís, o pai adoptivo, está, como Sócrates, em desavença com os juízes, e também ele se ofereceu à cicuta. Decerto nunca terá lido Thoreau (nem Rawls), mas o seu gesto de desobediência civil situa-se no eixo central do próprio fundamento moral da democracia.

Isto depois de um agente de autoridade, na sequência da morte acidental de um cidadão, ser condenado a uma multa de 720 euros (até do valor me lembro...).
Este post (enquanto esperam pelo outro) é a catarse de uma pergunta: Por que é que isto me incomoda?
E a vocês?

Próxima Terça

Tenho enorme pena de vos anunciar que na próxima Terça-Feira, não vou puder apresentar a sessão como me tinha disposto a fazê-lo, (Tenho pena que isto seja a segunda vez consecutiva que acontece no clube...) mas tenho nessa noite um ensaio para as Quintas de Leitura do Campo Alegre, que me impossibilita até quase à uma da manhã.
Eu já devia ter suspeitado, mas verdade é que nunca mais me lembrei que a Quinta de Leitura era já para a próxima semana e hoje tiva a confirmação fatídica da minha impossibilidade na Terça-Feira.

Por isso candidatos precisam-se.
Alistem-se na árdua tarefa de me substituirem.
Façam-se homens e partam para a luta.
O mundo precisa de voçês.
O Futuro está nas vosas mãos.
Sieg Heil!
Sieg Heil!
(Acho que exagerei um pouco...) :-(

Mais uma vez as minhas desculpas...

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

inverno


O Inverno está aí e o frio veio mesmo para ficar. A cidade já palpita e o trânsito é mais que muito. Felizmente, a janela do meu quarto defende-me de tudo. Estou quentinho e posso dormir mais um bocado. Afinal é Inverno e sabe bem o aconchego dos lençóis.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Porque a vida é assim...

Na última sessão do Clube dos Pinguins prontifiquei-me a apresentar a próxima sessão. Desculpem mas porque a vida é verdadeiramente apoteótica tal não será possível. Sei que já é um bocado em cima da hora, e por isso peço, de novo, desculpa, mas a vida é assim...

E porque a vida é assim...não poderei também, durante os próximos tempos, ir ao Clube. Continuem a partilhar paixões, de preferência de forma serena e tolerante, porque para confusa já chega a vida :)

Até um dia destes.
Beijinhos.

SAMO

Há vidas que nos fazem lembrar uma estrela cadente. São fascinantes, fugazes e não nos deixam indiferentes. O que dizer de um rapaz que deixou a sua marca por toda uma cidade em forma de grafites? Podíamos falar de um conto de fadas, em que o vagabundo se transforma num rei, o rei que está preso numa torre e que com a sua coroa a bater nas grades, faz um som tão belo que toca em toda a gente. Ninguém o vê, mas toda a gente o ouve. Ninguém o salva, porque a sua música é tão bela que necessitam dela para viver, e por isso tem que continuar preso.

Foi um vagabundo -rei que Rui Vieira nos apresentou na sessão de terça-feira. Samo© ou Same Old Shit, um nome que partilhava com um amigo, deu-se a conhecer por toda Nova York com os seus grafites, no final da década de 70, ele tinha cerca de 17 anos. Jean Michel Basquiat o seu verdadeiro nome.

Rui Vieira começou a sessão a falar da vida e obra deste artista, nascido em Nova York em 1960, pai Haitiano, e mãe descendente de Puerto Riquenhos. O Rui contou-nos a história de Basquiat, de um modo apaixonante e intenso. A sua vontade de partilhar tudo connosco era muito grande, de modo que pudéssemos entender o que o motivava, de modo a contagiar-nos, e conseguiu, através das suas palavras, através do diaporama que fez e que colocou no You Tube com imagens de fotografias e pinturas de Basquiat, acompanhadas de uma excelente música de Brian Kelly, “She is dancing”. O diaporama deu-nos a conhecer um pouco do trabalho de Basquiat, uma arte de fúria e de rebelião, marcada não só pelas suas pinturas, mas também pelas suas palavras escritas em forma de grafite. Frases que aparentemente não tinham nexo, mas que faziam pensar, como por exemplo:

"Esta cidade está pejada de emproados pseudos da classe média que tentam parecer como o dinheiro que não têm; símbolos de status. Dá cabo de mim. É como se passassem etiquetas dos preços coladas à cabeça. As pessoas deviam viver a vida de forma mais espiritual, pá."

"Every single line means something."

"Since I was seventeen I thought I might be a star. I'd think about all my heroes, Charlie Parker, Jimi Hendrix... I had a romantic feeling about how these people became famous."

"I don't think about art when I'm working. I try to think about life."

"I don't listen to what art critics say. I don't know anybody who needs a critic to find out what art is."


A paixão de Rui Vieira, o que o inspirou para a sessão, foi sem dúvida o filme Basquiat, com realização de Julian Schnabel, e estreia em 1996. O Rui viu o filme na televisão, por acaso, por volta de 1999. O que o fez apaixonar-se inicialmente foi a banda sonora, mas aos poucos foi ficando preso à história e principalmente a SAMO, a personagem que o encantou e o intrigou.
SAMO, “The radiant Child” como lhe chamou um dia Rene Ricard (poeta, critico de arte), num artigo que o lançou para as luzes da ribalta na Artforum Magazine.
SAMO no seu deambular pelas ruas de Nova York, quase sempre drogado, parando por vezes para escrever em alguma parede, é uma figura que perturba, porque parece sempre que está perdido, e que não quer ser encontrado.

A banda sonora dá um outro encanto às imagens, e assim somos embalados por Tom Traubert`s blue (Tom Waits), Hallelujah (John Cale), Is That All There Is? (PJ Harvey), entre outros, como por exemplo David Bowie. Mas Bowie não dá só a sua voz a uma das canções do filme, faz uma interpretação magnífica de Andy Warhol, com todos os seus trejeitos, e aparente fragilidade. Andy Warhol uma das figuras que marcou e influenciou a Arte a nível mundial, trabalhou com Basquiat, mas acima de tudo foi seu amigo.

O filme não nos conta tudo sobre Basquiat, algumas personagens são fictícias, mas dá-nos a conhecer a realidade no mundo das Artes nos anos 80, em que os donos das galerias são pessoas com poucos escrúpulos que querem aproveitar-se ao máximo das debilidades dos seus artistas.
Outra imagem que o filme nos mostra e que atormentou e influenciou o trabalho de Basquiat é o modo como algumas pessoas olhavam e falavam dele, porque ele era negro e pintava. A pintura era uma arte só para os brancos, e Jean Michel Basquiat quebrou essa barreira.

Poeta, músico, pintor, um homem perseguido pela droga e que morreu aos 27 anos, em 1988, com uma overdose. Um dia alguém disse que: “morrem cedo aqueles que os Deuses mais amam”. O artista partiu mas ficaram as suas pinturas que nos tocam, comovem e perturbam.

Vieira, obrigada pela partilha desta paixão, sei que querias mostrar este filme há muito tempo e que foi finalmente possível, graças ao incansável Hugo Valter Moutinho.

Não posso deixar passar em branco a ceia deliciosa que o Granel nos proporcionou no fim do filme, umas chouriças caseiras fabulosas, acompanhadas de um excelente vinho. Obrigada também a ti Granel.

Podem ver algumas fotos da sessão no blog do Pedro Ribeiro.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

bom senso

Esta é sem dúvida, uma das expressões que me é mais cara no vocabulário Português. Expressão essa, que me parece, tem andado um pouco arredada do nosso clube.

Isto tem sido notório em algumas discussões que temos tido, sobre os assuntos mais variados. Somos efectivamente um grupo extremamente heterogéneo e de quadrantes completamente diversos. E é esta diferença que temos de entender… Também não gostariam que pessoas sem formação na vossa área pusessem em causa o vosso trabalho. Quero com isto dizer que o recurso à crítica fácil e maldizer é um péssimo caminho para quem visa um clube que seja um local de discussão e debate por excelência. É até desonesto intelectualmente.

O recente caso da STCP é disso exemplo. O bom senso diz-nos que devemos dar o benefício da dúvida quando não dominamos a matéria. Mas não… saímos a matar e a reprovar o trabalho de pessoas que se especializaram e estudaram para fazer o melhor possível nas suas áreas. Seria muito bom que cada um tivesse uma paragem de autocarro à porta, à hora que mais lhe conviesse e que parasse a um metro do nosso destino. Vamos também manifestar-nos por não o termos? Não. E não porque não é razoável. O nosso bom senso diz-nos que tal não seria possível. O mesmo se passa em relação à recente remodelação das linhas. Somos por norma reticentes no que toca à mudança e ao progresso. Mas devemos fazer o esforço de esperar pelos resultados e compreender que os responsáveis da STCP tentaram certamente fazer a melhor remodelação possível. Isto sim, seria ter bom senso.

Quanto às manifestações, só digo que este plano já tinha sido anunciado e estava disponível para discussão (ao exemplo de quase todos os que vão provocar alterações na vida dos cidadãos). Mas esse era um caminho chato e não tinha cobertura televisiva. Venham as manifs então…

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Ticket to ride

Como não vou conseguir ir à sessão do Vieira, com muita pena minha, deixo aqui a minha farpa da semana.

Quando eu ainda não circulava na minha super viatura pela cidade era um dos utentes habituais da STCP. Infelizmente, demorava cerca de 1h30 todos os dias (e num dia razoável) para fazer um perurso que hoje demoro 10 minutos a fazer de carro.
Ora, tal facto dava-se não pela distância mas por ter de apanhar dois autocarros de S.Mamede para a Foz. Quando eu pensava que não podia ser pior os senhores resolvem fazer uma remodelação das linhas em toda a àrea metropolitana.

Sem me querer alongar muito, digo desde já que há crianças que levam quilos de livros às costas todos os dias para a escola, que moram bastante longe, que têm de ir de pé porque 50% do autocarro são idosos que vão passear, com todo o direito, mas que para isso escolhem as horas de ponta. Digo também que há pessoas que moram na periferia, que têm de se levantar todos os dias às 6 da manhã para apanhar transportes públicos para chegarem a horas aos seus empregos, que é para depois sairem ao final da tarde, voltarem de transportes públicos, fazer o jantar e tratar da casa que muitas vezes inclui família que é para no dia seguinte voltarem à carga. Digo, também, que se não circularem autocarros na baixa do Porto eu exijo que no Dia Europeu sem carros os senhores da STCP se moviemntem no Porto e tentem ir trabalhar de transportes públicos. Mais, como é que é possível não se poder comprar bilhetes dentro do autocarro? E se eu ficar sem carro, precisar de me deslocar num dia à noite e não ter dinheiro para ir de taxi que é um serviço caro? Vão pôr postos de compra de ingressos em todas as paragens? No meio do nada? Mas os senhores pensam com o Intestino Grosso?

Se tudo isto é por causa do Metro, então acrescento ainda que não, nós não temos uma linha de metro como a cidade de Lisboa, a nossa não serve toda a gente. Por exemplo não me serve a mim porque nem há metro em S.Mamede nem na Foz e além do mais fiquei com as linhas de STCP completamente reduzidas nesse sentido, ainda mais.

Entre as coisas que Bolonha vai trazer é isto, yuppies que fazem testes nos papéis, que na prática não vêem o que se passa e brincam com as rotinas de milhares e milhares de pessoas como se fossem legos. Se isto não for alterado eu sugiro uma manifestação! É a nossa cidade que está em causa! Agora sim, a nossa Cidade!

domingo, 7 de janeiro de 2007


Como sabem, eu sou um aldeão que descobriu a cidade. E sou-o com muito orgulho. Porque viver na aldeia tem destas vantagens. A que vos levo terça-feira, é um punhado de chouriças feitas de uma porca que criámos em casa neste Inverno. Estão todos convidados. Espero que não faltem...

sábado, 6 de janeiro de 2007

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

O último dia de um condenado, de Victor Hugo

Na forma de diário ou apenas resenha de pensamentos, este livro conta-nos o último dia de vida de um condenado à guilhotina. Na 1ª pessoa, atravessamos a mente de um criminoso prestes a ser executado.
Na mestria de Victor Hugo chega-nos um texto humano e extremamente íntimo. Em tempos, duvidou-se da sua autoria, pondo-se a hipótese de ser um relato verídico.
Em ponto algum desta obra somos confrontados com o crime em causa, em ponto algum isso se torna importante. Esta é uma história de ansiedade, de balanço, de sede de viver e de abandono.
Em “O último dia de um condenado” é-nos dado a conhecer um Homem, apenas isso.

Já muito se tem falado da execução de Saddam. Toda a gente sabia que a pena de morte o iria transformar num mártir. Toda a gente dizia “os contras” de uma pena capital. O que se sabia, mas não se dizia, era que Saddam, antes de um ditador, criminoso ou assassino, era um Homem, como Hitler, Estaline ou Salazar.

Saddam morreu! E o mundo dividiu-se entre “ainda bem” e “não devia ter sido assim”. Mas bastou um telemóvel e o mundo chocou-se, as palavras fizeram-se imagens!
Agora a noticia é maior que a própria morte. Não morreu em silêncio, manteve-se “honrado” e à humilhação e aos insultos respondeu rezando.
Agora é um americano que nos fala dele dando pão aos pássaros, regando as ervas do pátio e nos lembra que também ele foi pai.
Agora, se dúvidas havia, garanto-vos que também foi filho!

Teria sido tão mais pacífico, para a consciência do mundo, “saber” que Saddam morreu em silêncio e que “nos seus olhos se via medo”...

Afinal... São sempre criminosos que executam os criminosos!

Afinal... Somos confrontados connosco próprios e com a nossa humanidade!

Afinal... É nos Homens que a maldade se encontra!

Afinal... Não executaram um monstro, mataram um Homem!

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

"Um desafio para os que partem. Um sonho para os que ficam."

Rally Paris-Dakar. Este era o tema anunciado para uma outra paixão do António que combina motores, areia e resistência física.
Todos nós já ouvimos falar um pouco da mítica prova, mas saber que seria o António a conduzir-nos neste rally aumentou o desejo de acompanhar a prova de principio a fim.
Com um itinerário previamente definido, iniciamos a prova pela história.

Numa época que a Republica Francesa mantinha um vasto império Africano, a necessidade de cartografar as suas colónias levou Jean-Claude Bertrand a promover o Rally Bandaman. Este grande entusiasta das areias do deserto africano, viu nesta prova potencial para cativar novos adeptos e criou o Rally Abidjan-Nice ligando a capital da Costa de Marfim à Côte d’Azur. Estava garantido o sucesso deste tipo de prova e ainda que as areias queiram apagar o seu nome da história, Jean-Claude Bertrand seria o precursor do mítico Paris-Dakar.
Thierry Sabine, foi dado como desaparecido em 1977 durante a sua participação no Rally Abidjan-Nice, e con(s)ta-se que teve uma revelação. Após ser resgatado, regressou a França e, deu inicio à maior prova de resistência sobre rodas. Em 26 de Dezembro de 1978, a Torre Eiffel viu partir os destemidos aventureiros que se propunham percorrer 10 000 km até chegar à capital do Senegal. A Yamaha XT500 foi a 1ª a cortar a meta em Dakar sagrando Cyril Neveu campeão da 1ª edição do Rally Paris-Dakar.

Finalizado este prólogo e com os participantes da sessão já imbuídos do espírito da prova, deu-se ínicio ao visionamento de 2 filmes, um 1º versando as provas organizadas por Jean-Claude Bertrand, e um 2º fazendo uma retrospectiva dos 25 anos de Paris-Dakar entre 1979 e 2003.
(Convém abrir um parênteses e destacar que o tema retratava uma prova feita de imprevistos, como tal, o 1º filme decidiu ser caprichoso e teve de ser visionado na micro-tela de um computador portátil).
Vimos então as “máquinas” da época (Peugeot 504, Renault 12, motas Side-car, e o potente Citroên-Maseratti) com um atrevimento para além dos seus limites galgar as areias do deserto.
Percorrida a 1ª etapa, passamos à retrospectiva da prova. Ao longo de 25 anos ficamos a conhecer os nomes que marcaram a sua história, as provas de solidariedade entre os participantes, a dor dos que abandonam prematuramente a prova, as deslumbrantes paisagens Africanas, a alegria dos que cruzam a meta, os espectaculares capotamentos, a evolução cada vez mais perfeita das viaturas e das equipas concorrentes. Houve ainda tempo para escutar o poema de Akeem, um épico que infelizmente não consigo aqui reproduzir.

Assim chegamos ao fim do principio. Termina a sessão do António e inicia Lisboa-Dakar 2007. Dia 6 as máquinas arrancam e a nossa atenção prende-se a elas, com a admiração e o respeito de quem compreende o que vão enfrentar.

Como nota de rodapé, deixo alguns números revelados pelo António e outros que recolhi:
766 participantes;
525 equipas;
231 motas;
174 carros;
69 camiões;
42 nacionalidades em prova;
760 funcionarios (entre os quais 50 médicos),109 carros, 129 camiões e 10 helicopteros de assistência;
550 jornalistas acreditados;
1,5 toneladas de alimentos;
12 000 garrafas de agua 1/2L. por dia;
1 500 000 l. de combustivel para aviões e helicopteros.

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

O que é que se passa?



O que é que se passará na cabeça desta gente?
Será que ninguém entende o sentido da palavra evolução?
Pensava que estaríamos mais maduros depois de tanto erro cometido. Mas parece que não aprendemos nada e voltámos ao séc. XVII.

Devo dizer que sou contra a pena de morte na sua essência, e nestas condições então... nem comento.
Não tenho pena de Saddam, mas todos os homens devem ser julgados e sentenciados dignamente e não com uma corda ao pescoço.

Contudo não tenho muitas palavras, esperando assim pelos vossos comentários.
Já agora reparem nas semelhanças entre Saddam e Charles Manson!